terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Manchetes do Edu

LIVRO »    Histórias em trânsito
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Em Amor de BR, Joaquim São Pedro fala sobre histórias em estradas
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Viajar sozinho é um prazer para muitas pessoas. Por companhia, apenas a estrada, o vento no rosto e as horas que passam arrastadas no relógio. A solidão da viagem estimula algumas sensações que se perdem no caos dos centros urbanos. Com os sentidos aguçados, as paisagens e a sinalização ditam o ritmo, início meio e fim de uma jornada que se mistura ao fluxo do pensamento e transita entre passado, presente e futuro. É o que acontece no livro de contos Amor de BR, do escritor e jornalista Joaquim São Pedro. Os protagonistas fazem da BR-040 o cenário perfeito para viver fantasias e realidades na imensidão da estrada, que se mostra cheia de possibilidades e se confunde com a própria vida dos personagens.

Para o autor, as surpresas aparecem de todas as formas diante de todas as chances de recomeço que uma viagem pode representar. O livro apresenta também um conjunto de narrativas de autoconhecimento em 11 contos, que tratam de fetiches, espera, amizade, obsessão, desvario e lembranças. O conto Autoestima, por exemplo, relata a situação de um homem que chegou à meia-idade sem incomodar ou ser incomodado. O cenário, construído na zona sul do Rio de Janeiro, transforma-se quando uma ex-namorada desperta no protagonista questões sobre a existência.

Encontros e desencontros comuns à vida estão presentes na história do próprio autor. Embora não haja traços autobiográficos, Joaquim assume o olhar por trás das observações dos personagens. “São experiências minhas também. Amor de BR tem a ver com as histórias de viagens que eu fazia com meus filhos. Isso é um olhar que a gente vai captando e formando a história. Tem inspiração no amor frustrado, na própria estrada, no trajeto. Mostrar a história ao longo da estrada e misturar isso com ficção e reflexão. O personagem encarna muito essa coisa da pessoa que faz grandes trajetos. Uma viagem solitária pode ser cansativa, mas é muito reflexiva”, descreve.

        

Amor de BR
De Joaquim São Pedro. Thesaurus, 160 páginas. R$ 30.


Lançamento
Restaurante Feitiço Mineiro — 306 Norte. Hoje, dia 25,  a partir das 18h30


Trechos

Amor de BR
“Vou buscar Esmeralda, a minha mulher. Ela me deixou há sete meses, porque se aborreceu comigo e voltou para a sua cidade natal, Giudoval, que fica na Zona da Mata de Minas gerais. Foi e nunca mais deu notícias.(…) Carro ligado, coração acelerado e esperança desenfreada. Não posso mais perder tempo. Por isso rezo para que o meu velho e bom Fiat me leve ao meu destino e nos traga de volta são e salvos.”

Desvario
“Élcio e Marisa desembarcaram em Ribeirão Preto às dez horas da manhã de uma sexta-feira. O casal, que morava em Brasília, viajou a noite toda para passar o fim de semana prolongado na cidade que é conhecida como a Califórnia brasileira. Convite de um amigo deles, Jorge Fernanda”


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Manchetes do Edu

Origens da Língua Portuguesa

Por BRÁULIO ANTÔNIO CALVOSO SILVA, www.dm.com.br 03.11.2013
A Língua Portuguesa originou-se no reino da Galiza, sendo falada neste reino e no Norte de Portugal. Quando a parte Sul da Galiza tornou-se independente, veio a ser chamada decondado portucalense, no ano de mil e noventa e cinco (1095). Tornou-se reino a partir de 1139. Enquanto a Galiza diminuiu, o reino portucalense se expandiu, notadamente com as conquistas marítimas, e com isso também o idioma, que conquistou uma parcela das novas terras que os portugueses visitaram ou colonizaram.

Os governantes locais também usavam a Língua Portuguesa para se comunicar com outros governantes de outros locais, e assim a língua portucalense tomou vulto mundial, tendo influenciado também outras línguas.

A Língua Portuguesa é a 5ª mais falada do mundo, a 3ª mais falada do hemisfério ocidental e a mais falada do Hemisfério Sul do planeta.

Além de tudo isso, o idioma é também largamente utilizado como língua franca nas antigas colônias portuguesas de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe, todas na África. Ainda por razões históricas, falantes do Português são encontrados também em Macau, no Timor-Leste e em Goa.

A Língua Portuguesa teve origem no que é hoje a Galiza e o Norte de Portugal, derivada do latim vulgar que foi introduzido no Oeste da península Ibérica há cerca de dois mil anos.

Sempre ouvimos falar em países lusófonos, ou seja, que são falantes da língua de lusitana. Mas afinald e contas, de onde vem essa definição?

Nossa língua tem um substratocéltico-lusitano, resultante da língua nativa dos povos ibéricos (povos da península ibérica) pré-romanos, que habitavam a parte ocidental da península (Galaicos, Lusitanos, Célticos e Cónios).

Lusitanos eram um dos povos que habitavam a península onde hoje é Portugal, e por isso o nome desse povo ficou associado ao nome do seu idioma que, por sua vez, misturou-se com o latim vulgar para formar a Língua Portuguesa, que agora falamos.

Da mesma forma que os brasileiros são conhecidos como “Povo Tupiniquim”, por terem os portugueses no século XVI se relacionado intensamente com os povos que tinham o mesmo nome, na costa brasileira, a língua de Portugal também é conhecida por fazer referência ao povo lusitano, um dos que habitavam a península ibérica, antes da padronização do idioma e a associação de seu nome com o reino portucalense, que deu origem ao nome “Portugal”.

A língua conhecida como “portuguesa” surgiu no Noroeste da península Ibérica e desenvolveu-se na sua faixa ocidental, incluindo parte da antiga Lusitânia e da Bética romana. O romance galaico-português nasce do Latim falado, trazido pelos soldados romanos, colonos e magistrados. O contato com o Latim vulgar fez com que, após um período de bilinguismo, as línguas locais desaparecessem, levando ao aparecimento de novos dialetos.

Dialetos são formas diferentes que um idioma ou uma mistura de idiomas adquire. Por exemplo, o dialeto caipira é uma forma de falar português que sofreu influência de línguas indígenas e africanas em seu vocabulário, além de uma forma peculiar de sotaque, na sua formação. Ele é perfeitamente inteligível, mas conserva ainda algumas palavras que não se veem usadas em meios onde a fala é mais monitorada por regras da gramática, como nos centros com alta concentração de urbanização.

O dialeto caipira é a soma de influências da Língua Portuguesa, línguas indígenas e também africanas que,juntas, deram ao Brasil mais uma riqueza ao seu patrimônio imaterial.O dialeto caipira guarda em seu léxico um conjunto de palavras que era utilizado inclusive em cartas dirigidas ao Rei de portugal, no século XVI. A língua acompanha o caminhar dos seus falantes e se dirige ao local onde este falante exerce influência.

Historicamente, a língua portuguesa teve sua origem no norte de Portugal, onde hoje é a Galiza e no Oeste da península Ibérica, há cerca de dois mil anos.

A língua iniciou o seu processo de diferenciação das outras línguas ibéricas através do contacto das diferentes línguas nativas locais com o Latim vulgar, o que levou ao possível desenvolvimento de diversos traços individuais ainda no período romano. O segundo momento de diferenciação das outras línguas românicas, ocorre depois da queda do Império Romano, durante a época das invasões bárbaras no século V quando surgiram as primeiras alterações fonéticas documentadas que se refletiram no léxico. A língua portuguesa começou a ser usada em documentos escritos no século IX, e no século XV torna-se língua amadurecida, com uma literatura de alta qualidade e rica.

Quando chegaram à Península Ibérica, em 218 antes de Cristo, os romanos trouxeram consigo o latim vulgar, do qual derivam todas as línguas latinas, também conhecidas como “novilatinas” ou “neolatinas”.

Somente em 1297 é que o Rei Diniz adota a lingua portuguesa como oficial em Portugal. Até então falava-se uma mistura de línguas, como no caso do Brasil, onde se falavam uma mistura de línguas conhecida por nheengatu, ou língua boa,  até o Marquês de Pombal proibir o uso das línguas indígenas, notadamente nas escolas, o que significou uma grande perda de conhecimentos sobre o patrimônio natural, acumulados, e vinculados a palavras do léxico indígena.

A Língua Portuguesa se espalhou pelo mundo a partir do século XV, com a expansão marítima e fixou-se em vários países da África, bem como da Ásia, como Macau. O idioma permaneceu como língua franca no Sri Lanka, por quase 350 anos.

Muitas línguas crioulas baseadas no Português apareceram pelo mundo, notadamente na África, Ásia e Caribe.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (sigla CPLP) consiste em nove países independentes que têm o português como língua oficial: Angola; Brasil; Cabo Verde;Timor-Leste; Guiné-Bissau; Guiné Equatorial; Moçambique; Portugal; São Tomé e Príncipe.

O Português é também uma das línguas oficiais da região administrativa especial chinesa de Macau (ao lado da língua oficial, Mandarim), de várias organizações internacionais, como o Mercosul, Organização dos Estados Íbero-Americanos, a União de Nações Sul-Americanas, a Organização dos Estados Americanos, a União Africana e da União Europeia.

Embora no início do século XXI (depois de Macau ter sido definitivamente incorporada à China) o uso de Português estivesse em declínio na Ásia, está novamente se tornando uma língua relativamente popular por lá, principalmente por causa do aumento dos laços diplomáticos e financeiros chineses com os países de Língua Portuguesa.

Português é a única língua ocidental que foi falada por mais de cem milhões de pessoas, com duas ortografias oficiais, que são a do Brasil e a de Portugal. No caso da língua inglesa, existem diferenças pontuais na ortografia de EUA e Inglaterra, mas não são duas ortografias oficialmente reconhecidas.

A maior parte do léxico do Português é derivado do Latim, já que o português é uma língua românica. No entanto, por causa da ocupação moura da Península Ibérica durante a Idade Média e a participação de Portugal na Era dos Descobrimentos, a língua portuguesa adotou palavras de todo o mundo. No século XIII, por exemplo, o léxico (conjunto de palavras) do português tinha cerca de 80% de suas palavras com origem latina e 20% com origem pré-romana, germânica e árabe.

Atualmente, a Língua Portuguesa ostenta em seu vocabulário termos provenientes de diferentes idiomas como o provençal, o holandês, o hebraico, o persa, o quíchua, o chinês, o turco, o japonês, o alemão e o russo, além de idiomas bem mais próximos, como o inglês, o francês, o espanhol e o italiano. Também houve influência de algumas línguas africanas.

No Brasil, temos um dicionário de palavras de origem Tupi-Guarani, incorporadas ao idioma nacional, tamanha é a influência das línguas indígenas em nosso léxico.

Com todas essas influências, nosso idioma so poderia ser rico e com variedade notável de sons. Note-se que nem todas as linguas românicas têm a riqueza de possibilidades que o nosso idioma oferece.

Enquanto os falantes do idioma português têm um nível notável de compreensão do castelhano, os falantes castelhanos têm, em geral, maior dificuldade de entendimento da Língua Portuguesa. Isto acontece porque o Português, apesar de ter sons em comum com o castelhano, também tem sons particulares, ou seja, nós temos mais sons do que os da língua castelhana, falada na América do Sul em larga escala.

No Português, por exemplo, há vogais e ditongos nasais (provavelmente herança das línguas célticas). Além disso, no Português europeu há uma profunda redução de intensidade das sílabas finais e as vogais átonas finais tendem a ser ensurdecidas ou mesmo suprimidas. Esta particularidade da variedade europeia resulta do chamado ‘processo de redução do vocalismo átono’.

Há muitas línguas de contato derivadas do ou influenciadas pelo Português, como por exemplo, o patuá macaense de Macau. No Brasil, destacam-se o lanc-patuá derivado do francês e vários quilombolas, como o cupópia do Quilombo Cafundó, de Salto de Pirapora, no Estadobrasileiro de São Paulo.

Com essa riqueza dialetal, fica quase impossível exigir que falemos, todos nós, da mesma forma, assim como fica impossível não perceber a magnitude da nossa língua, que encanta pela prodigiosa história, recheada de aventuras, como o são, as façanhas relatadas por Camões, o poeta lusitano descrevendo em língua lusófona, a aventura dos Lusíadas.

• Silva Bráulio A. Calvoso. Cerrado: 11 mil anos em histórias – uma perspectiva socioambiental da ocupação do Cerrado (ainda sem publicação);


(Bráulio Antônio Calvoso Silva, licenciado – Letras/Universidade de Brasília; jornalista; pesquisador; escritor; e-mail: brauliocalvoso@hotmail.com)

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Notícias do Edu

A cientista da comunidade
Brasileira cria projeto para jovens carentes se aproximarem da ciência e é convidada para falar em evento de inovação na Califórnia

GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL A CAMPINAS - FOLHA SP 08.02
A porta do laboratório se abre e um grupo de crianças corre para ocupar o lugar. Logo começam as observações no microscópio, a captura de fotos e a anotação dos resultados no computador. Depois de ver a estrutura de vários corpos --de sementes de maçã a gosma de lesma--, os pequenos discutem os achados entre si e com a professora.

A cena ocorreu na semana passada na periferia de Campinas (SP). Mas a pesquisadora Ana Carolina Zeri, 42, responsável pelo laboratório, esforça-se para que seja mais comum em todo o país.

Coordenadora do programa de ensino e difusão do LNBio (Laboratório Nacional de Biociências), importante polo de produção científica, em Campinas, Ana foi parar na ciência por acaso. Estudou em escola pública e escolheu física no vestibular porque acreditava que seria mais fácil ser aprovada no curso em uma universidade pública.

Acabou se apaixonando pela área e ganhou bolsas para estudar no exterior.

Para dar a mesma oportunidade a crianças e jovens da periferia, criou um projeto para ensinar biologia, química, física e outras disciplinas de um jeito mais atraente. O objetivo é despertar a criatividade dos jovens de áreas carentes para a ciência.

Ana mantém o projeto paralelamente a seu trabalho de pesquisa em ressonância magnética.

"Tiro algumas horas por semana com o maior prazer. É muito gratificante quando vejo o progresso que essas crianças já fizeram", diz.

Graças a doações, a pesquisadora conseguiu montar um laboratório com câmeras, computadores e outros materiais na ONG Associação Anhumas Quero-Quero.

Devido ao espaço pequeno, os jovens fazem um rodízio de atividades no laboratório. Enquanto um grupo "caça" potenciais amostras para serem observadas, outros operam o microscópio e há ainda alguns que ficam com a missão de escrever e relatar as descobertas.

A estudante Thais Miguel, 14, participa das atividades desde o início do projeto na ONG e diz que isso a ajudou na escola. "Acho que agora está mais fácil entender as aulas normais'", diz.

GOOGLE

O grupo já tem certa visibilidade no Brasil e no exterior. Parte das doações foi feita pela fundação americana Science House Foundation, que financia programas educativos em várias partes do mundo.

O caráter inclusivo da iniciativa chamou a atenção do Google, e a brasileira foi uma das selecionadas para falar no evento Solve for X, que reúne, nesta semana, na Califórnia, pessoas com projetos inovadores na área de educação e tecnologia para debater inovações e soluções para problemas globais.

Ana quer aumentar o projeto para outros lugares do país e, quem sabe, do mundo, engajando cientistas dispostos a doar algumas horas de seu tempo para mudar a realidade de crianças carentes.


No futuro, a ideia é dar atenção especial às meninas. "É importante que elas tenham um referencial porque a educação vem com o exemplo. Antes, elas achavam que cientistas eram todos homens. Agora, já sabem que também é possível seguir essa carreira", diz Ana.