quinta-feira, 30 de junho de 2011

Benefício

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Presos poderão abater dia de pena com 12 horas de estudo Fonte: opopular.com.br 30/06

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A cada 12 horas de frequência escolar será abatido um dia de pena. Serão consideradas frequências no ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, além de cursos de requalificação profissional. No caso do trabalho, será descontado um dia da pena a cada três dias de atividade.

As atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem.

O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. O benefício faz parte de uma das emendas acrescidas pela Câmara dos Deputados e acatadas pelo Senado.

O tempo a abater em função das horas de estudo será acrescido de um terço no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.

Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até um terço do tempo reduzido, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. O tempo abatido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.

O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar.

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CONGRESSO

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Três mudanças eleitorais

CCJ do Senado aprova fim das coligações proporcionais, perda de mandato em troca de partido e referendo popular Fonte: correioweb.com.br 30/06

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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem três pontos da reforma política que podem mexer diretamente com a vida dos partidos e dos eleitores. São praticamente as primeiras mudanças concretas desde a instalação da comissão da reforma política, que não conseguiu, por exemplo, acabar com a reeleição de prefeitos, governadores e presidente.

Na sessão de ontem, os senadores aprovaram o fim das coligações proporcionais entre partidos, a realização de referendo popular para validar ou refutar as mudanças relacionadas à reforma política e a perda de mandato para quem trocar de partido sem justa causa. As duas primeiras medidas serão apreciadas no plenário do Senado e, depois, remetidas à Câmara. A decisão sobre perda de mandato é terminativa, segue direto para a Câmara.

As coligações entre partidos serão permitidas somente em eleições majoritárias, aquelas em que os vencedores das urnas são os que obtêm o maior número de votos. É o caso da disputa para presidente, governador, senador e prefeito. Por 14 votos a 6, a CCJ decidiu pelo fim das coligações proporcionais. Neste sistema, o total de votos válidos é dividido pelo número de vagas disputadas, o quociente eleitoral. É esse cálculo que decide quem foi eleito deputado, por exemplo, e não o número absoluto de votos.

As coligações proporcionais permitem surgir o chamado “puxador de votos”. “O eleitor vota num artista porque gosta do humor dele e acaba elegendo um delegado que caça corruptos”, disse ontem o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), referindo-se aos deputados Tiririca (PR-SP) e Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Foi a votação expressiva de Tiririca que garantiu a eleição de Protógenes. Os partidos faziam parte da mesma coligação.

A perda de mandato, em caso de mudança de partido, já é estabelecida por resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida, se for validada pela Câmara a tempo, atingirá o novo partido em criação: o PSD, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A saída do DEM para criar o PSD não é considerada como justa causa pelo projeto aprovado ontem na CCJ.

A troca por um partido novo fazia parte das motivações para deixar uma legenda, mas um destaque do senador Demostenes Torres (DEM-GO) — aprovado por sete votos a seis — derrubou a possibilidade. Demostenes pertence ao partido mais prejudicado com a criação do PSD. A votação na CCJ sobre listas fechadas nas eleições e financiamento público de campanha ficou para a próxima semana.

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CONGRESSO

Governo, o mais novo desaparecido

Apesar de o Planalto dizer que a Comissão da Verdade é prioritária, nenhum ministro foi à audiência na Câmara para discutir o tema com familiares de vítimas do regime militar Fonte: correioweb.com.br 30/06

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Sem a presença de nenhum representante do Executivo, familiares de vítimas do regime militar e alguns parlamentares rejeitaram, ontem, na Câmara, a proposta do governo de votar em regime de urgência o projeto de lei que cria a Comissão da Verdade. Representantes do Palácio do Planalto têm dito que a matéria é prioritária para a presidente Dilma Rousseff e que o interesse do Executivo é aprovar a proposta até 15 de julho. No entanto, nenhum dos três ministros convidados — Nelson Jobim, da Defesa; José Eduardo Cardozo, da Justiça; e Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos — participou da audiência pública na comissão de Direitos Humanos para discutir o tema. Tampouco enviou representantes.

“Me causa estranhamento a ausência do governo, autor da iniciativa”, criticou a representante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Maria Amélia Telles. “Estou frustrada e indignada. Viemos para conversar com o governo e vejo as cadeiras deles vazia”, ecoou Rosalina Santa Cruz, que foi presa política, destacando a presença de militantes de vários estados brasileiros.

De acordo com a presidente da comissão, deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), os três ministros apresentaram justificativa para a ausência e demonstraram estar dispostos a participar de uma nova reunião. Cardozo está se recuperando de problemas de saúde, Maria do Rosário já tinha agendado outros compromissos, assim como Nelson Jobim.

Composição

Na audiência, a Procuradoria da República criticou o período — sugerido no texto do governo — para as investigações da Comissão da Verdade, que é de 1946 a 1988. “É extremamente longo para os dois anos de funcionamento da comissão. Isso inviabilizaria o trabalho. O foco precisa ser o regime de exceção”, destacou Marlon Weichert, procurador da República e coordenador do grupo técnico Memória e Verdade. A sugestão do Ministério Público Federal (MPF) é limitar o período entre 1961 e 1985.

O grupo também cobra alterações na formação da equipe da comissão. Pelo texto, a presidente Dilma terá que indicar sete pessoas. Segundo o procurador, todas as experiências internacionais nesse sentido tiveram em média 100 integrantes. Familiares de vítimas criticaram ainda a brecha no texto que permitiria a presença de militares na comissão.

Marlon Weichert questionou ainda a ausência de regulamentação na proposta sobre a divulgação dos relatórios produzidos pela comissão. O MPF sugere a publicidade de todo o material, incluindo a distribuição dos relatórios nas escolas, e o envio dos documentos para o Arquivo Nacional.

Bate-boca

Mesmo que por poucos minutos, a presença do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) provocou a ira de alguns familiares, que chegaram a gritar com o parlamentar. Ele foi chamado de “canalha” e “torturador” por conta da posição contrária ao projeto. Bolsonaro defendeu a participação de integrantes das Forças Armadas na comissão.

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DE GRAÇA

Dia de Xangai

Ao lado de Clayton e Bruno Aguiar, o cantor apresenta seus sucessos no tradicional T-Bone Fonte: correioweb.com.br 30/06

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Com público cativo entre os brasilienses, Xangai costuma apresentar-se no Distrito Federal com alguma frequência. Em maio ele fez shows na Casa do Cantador, em Ceilândia, e também no Teatro dos Bancários. Hoje, de volta à cidade, o violeiro e cantador solta a voz no T-Bone (312 Norte), tendo em sua companhia os cantores e compositores Clayton e Bruno Aguiar, e os músicos Flávio Silva (piano) e Guilherme Vilar (percussão). Haverá participação de Miquéias Paz, como mestre de cerimônia.

No momento, além dos shows, Xangai está envolvido com a finalização de um novo CD. Trata-se de projeto acústico, no qual registrou só com voz e violão canções inéditas e músicas que se tornaram consagradas na interpretação dele. “Em meus discos, sempre tive grandes músicos a me acompanhar. Desta vez, incentivado pelo grande violonista e concertista costarriquenho Mário Ulhoa, que mora há muito tempo na Bahia, resolvi gravar só com voz e violão”

Feliz com o resultado, mas ainda sem previsão de lançamento, Xangai afirma que este álbum é a sua prioridade atualmente. Entre as músicas inéditas estão Jundiá, só dele; Eu, “versos da poeta portuguesa Florbela Spanca, que musiquei”; Hino no cangaço, “que fiz em cima de versos do repentista pernambucano Ivanildo Vilanova. E há uma outra, chamada Paletó”, anuncia.

História

Sobre Paletó ele narra uma história. “Há 16 anos, depois de show no Teatro Arthur Azevedo, em São Paulo, recebi no camarim o Manduca, filho do poeta Thiago de Mello. Ele me entregou um poema com esse título para que eu musicasse, mas confesso que não consegui de imediato”, relata. “Guardei o poema entre meus escritos e me esqueci dele. No ano passado, o reencontrei-o e bastou por os olhos em cima para que a música viesse na hora”, acrescenta.

Do CD farão parte, também, as releituras de Água (parceria com Jatobá), Diopenar, “que gravei com Juraildes da Cruz, no CD Nois é Jeca, mas é joia, de 2005; e o clássico Estampas eucalol, com a qual reverencia Hélio Contreiras. “Quis regravá-la, para manter esse malungo (companheiro), que partiu no mês passado, na memória afetiva de quem acompanha minha trajetória”, explica.

Xangai adianta que no T-Bone fará um show de voz e violão, no qual revisitará algumas das canções que gravou em 12 discos. “Gosto de ser acompanhado por bons músicos, mas aprecio também esse formato de show, que me permite entremear com as canções, histórias vividas ao longo da minha carreira. O contato mais direto com o público é algo, igualmente, que me agrada.” O cantador vai fechar a programação, às 21h.

Clayton Aguiar e Bruno Aguiar, pai e filho, abrem os trabalhos. O primeiro a se apresentar, às 19h30, é Clayton. “Preparei cinco músicas, extraídas do meu repertório: Tempos atrás e Rock capira, de minha autoria; Uai, sô! e Eu não sou mais de lá, que fiz com Pedro José e Expedito Dantas, respectivamente; e Uai, do poeta Goiá, que faz parte do meu primeiro LP, de 1984.

Bruno, acompanhado por Flávio Silva (piano) e Guilherme Vilar (percussão), cantará A mão, Conversa fora, Décimo andar e Sete vidas , músicas do Dias normais, CD — o terceiro da carreira — que lançou em 2008. “Com Xangai dividirei a interpretação de Estampas eucalol, o que vai ser uma honra para mim”, comemora antecipadamente. No encerramento, os três artistas juntam as vozes em Ai que sodade d’ocê, do paraibano Vital Farias.

Agenda cheia

» Em tempo de festejos juninos, Xangai, manteve agenda recheada de compromissos. Ele fez show no Terreiro de Jesus (Pelourinho), em Salvador, com repertório adequado ao período, interpretando músicas de Jackson do Pandeiro, Zé Dantas (parceiro de Luiz Gonzaga), Gordurinha e Jacinto Silva. Antes, a convite do governo de Pernambuco, havia participado em Recife do São João do Nordeste, ao lado de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Marina Elali, João da Passarada, Ana Torres, Chagas Vale e Pinto do Acordeon.

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Vitamina sul-americana

Sob a batuta de Paulinho Moska, Fernanda Takai se encontra com o grupo colombiano Aterciopelados no projeto Soy loco por ti America Fonte: correioweb.com.br 30/06

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Roqueiro no início da carreira, Paulinho Moska teve passagem pelo pop, antes de se bandear para a MPB. Nos últimos cinco anos, ao levar seu trabalho para países da América do Sul, passou a ter contato direto com um universo musical que conhecia superficialmente, e se apaixonou pelo que viu e ouviu. O encantamento foi tão grande que decidiu promover um intercâmbio entre artistas do continente.

A primeira iniciativa dele neste sentido foi com o Mercosul musical, projeto que reuniu no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em setembro de 2007, o uruguaios Jorge Drexler e Luciano Supervielle, os argentinos Pedro Aznar e Kevin Johansen para um bate bola musical com os brasileiros Arnaldo Antunes, Paula Toller, Celso Fonseca, Vitor Ramil e Marcos Suzano. O resultado foi auspicioso.

Moska está de volta ao tema. De hoje ao dia 24, no teatro do CCBB, o brasiliense vai assistir a novos encontros inéditos em Soy loco por ti America, série de quatro shows, sempre de sexta-feira a domingo, às 21h. A cada apresentação um artista nacional e outro estrangeiro irão dividir o palco. “A interação se dará por meio do diálogo entre o contemporâneo e o regional, com sotaque de modernidade”, prevê.

Quando a Tema Eventos Culturais levou a ideia do Soy loco por ti America a Moska, o multiartista já tinha na cabeça o nome dos músicos a serem convidados, facilitando o trabalho de Amanda Menezes, diretora de produção do evento. “Ao reunir no mesmo espaço músicos de diferentes nacionalidades e escolas, não estaremos apenas visitando a cultura sul-americana, mas escrevendo-a”, acredita ela.

Interpretação

O show de abertura do Soy loco por ti America, de amanhã a domingo, colocará lado a lado o grupo de rock colombiano Aterciopelados e a cantora Fernanda Takai (vocalista do Pato Fu) — veja toda a programação abaixo. “Na verdade, a Fernanda será convidada do Aterciopelados, com quem dividirá a interpretação de cinco músicas. Depois Andrea Echeverri (vocal) e Hector Buitrago (baixo) mostrarão canções extraídas do repertório de seus 11discos”, antecipa Moska que, além de mestre de cerimônias, participará do show.

Segundo Fernanda, a Aterciopelados é a sua banda latino-americana favorita. “Fiquei feliz quando soube que eles viriam tomar parte do projeto. Há uma empatia e afinidade entre as duas bandas que não se explica muito. Já gravamos juntos. Andrea, numa canção do Pato Fu e eu no disco solo do Hector. Mas esta será a primeira vez que tocaremos ao vivo”, comemora a cantora.

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ARTES VISUAIS

A paixão de Carlos Bracher Fonte: correioweb.com.br 30/06

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Carlos Bracher interpretou Oscar Niemeyer e transformou em formas e cores o sonho do arquiteto. Eterno apaixonado por Brasília, o artista mineiro lembrou que um dia ouviu do arquiteto um relato de infância muito poético. Quando menino, Niemeyer gostava de observar as nuvens e imaginar formas conhecidas para cada pedacinho branco. Pois Bracher pegou as nuvens e conferiu a elas formas da arquitetura da capital no enorme painel inaugurado ontem e aberto a visitação pública a partir de hoje no novo prédio da Fundação Universa, na L2 Norte.

Há uma semana o pintor se debruça sobre os cinco metros de comprimento da parede destinada ao painel intitulado Inscrito nas nuvens. Gastou toneladas de “tinta da alma” para conceber uma homenagem a duas figuras que considera ícones de sua juventude. Em primeiro plano ele coloca Juscelino Kubitschek. “Nasci nos anos 1940 e essa cidade corresponde ao momento central da minha existência. Juscelino sempre me encantou muito como um grande firmamento humano. Era um homem do conceber e do fazer”, resume. “E o Niemeyer é uma parada fantástica. Não fosse JK, não existiria Niemeyer. Foi JK quem bancou essa extensão do talento de Niemeyer.”

Tintas e telas

O painel da Fundação Universa é síntese de uma obra que Bracher desenvolve há anos. Pintar Brasília é quase uma rotina necessária na vida do artista. Em 2008, ele desembarcou na capital com a mulher, Fani, e uma boa reserva de tintas e telas em branco. Fincou o cavalete na frente do Congresso e fez dançar o pincel durante semanas para produzir 66 telas inspiradas nos cartões postais da cidade.

Com o painel inaugurado ontem, o artista voltou ao tema dos monumentos. Em primeiro plano colocou um anjo de Alfredo Ceschiatti, o mesmo que pende do teto da Catedral, anunciando segredos para Niemeyer. Das nuvens surgem as formas do Congresso, do Itamaraty e dos arcos do Palácio da Alvorada, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Memorial JK. Os Candangos e os Evangelistas acompanham tudo atentamente.

Além do painel, Bracher expõe aquarelas feitas para Ouro Preto, cidade onde mora e pela qual é fascinado. Os trabalhos são os originais do livro Ouro Preto — Olhar poético, um ensaio sobre a história e a cultura da terra da inconfidência. “É fruto de meu amor por Ouro Preto e trata da questão histórica, das profundezas dos grandes personagens da cidade, dos poetas”, avisa o artista. “É uma visão muito pessoal daquele momento que foi tão importante.” Com Bracher, a Fundação Universa inaugura também o Espaço Cultural, galeria destinada a exposições de artistas da cidade.

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Senado cria punição para político que criar novo partido

Regra pode atrapalhar Gilberto Kassab e Marina Silva, que tentam convencer aliados a deixar o DEM e o PV

Mudança prevê fim de brecha nas regras da fidelidade partidária; texto ainda precisa ser aprovado pela Câmara Fonte: folha.uol.com.br 30/06

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O Senado aprovou ontem uma proposta que ameaça com perda de mandato os políticos que deixarem seus partidos para participar da fundação de outra sigla.

Batizada de "emenda Kassab", a mudança elimina a principal brecha nas regras de fidelidade partidária instituídas pela Justiça Eleitoral.

A proposta ainda precisa ser aprovada na Câmara para virar lei. Se isso acontecer, a desfiliação para criar uma nova legenda passará a ser considerada "justa causa" para a perda de mandato.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e a ex-senadora Marina Silva devem ser os maiores prejudicados.

Eles tentam convencer aliados a abandonar o DEM e o PV, respectivamente, para acompanhá-los na criação de novos partidos.

O texto também ameaça os mandatos de políticos que deixarem suas legendas durante processo de fusão, que afrontem o programa partidário ou que cometam "grave discriminação pessoal".

A mudança foi sugerida pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO), cujo partido tenta estancar a debandada promovida por Kassab.

REFERENDO

Ontem, a Comissão de Constituição de Justiça do Senado também aprovou o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais. A mudança ainda precisa ser votada em plenário.

A comissão ainda aprovou a realização de um referendo sobre a reforma política, no qual os eleitores seriam convocados a escolher entre votar diretamente nos candidatos ou em listas formuladas pelas direções dos partidos.

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CONTARDO CALLIGARIS

Passeatas diferentes

Por que alguém desfila para pedir não liberdade para si mesmo, mas repressão para os outros? Fonte: folha.uol.com.br 30/06

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DOMINGO PASSADO, em São Paulo, foi o dia da Parada Gay.

Alguns criticam o caráter carnavalesco e caricatural do evento. Alexandre Vidal Porto, em artigo na Folha do próprio domingo, escreveu que, na luta pela aceitação pública, "é mais estratégico exibir a semelhança" do que as diferenças, pois a conduta e a aparência "ultrajantes" podem ter "efeito negativo" sobre o processo político que leva à igualdade dos homossexuais. Conclusão: "O papel da Parada é mostrar que os homossexuais são seres humanos comuns, que têm direito a proteção e respeito, como qualquer outro cidadão".

Entendo e discordo. Para ter proteção e respeito, nenhum cidadão deveria ser forçado a mostrar conformidade aos ideais estéticos, sexuais e religiosos dominantes. Se você precisa parecer "comum" para que seus direitos sejam respeitados, é que você está sendo discriminado: você não será estigmatizado, mas só à condição que você camufle sua diferença.

Importa, portanto, proteger os direitos dos que não são e não topam ser "comuns", aqueles cujos comportamentos "caricaturais" testam os limites da aceitação social.

Nos últimos anos, mundo afora, as Paradas Gays ganharam a adesão de milhões de heterossexuais porque elas são o protótipo da manifestação libertária: pessoas desfilando por sua própria liberdade, sem concessões estratégicas. É essa visão que atrai, suponho, as famílias que adotam a Parada Gay como programa de domingo. A "complicação" de ter que explicar às crianças a razão de homens se esfregarem meio pelados ou de mulheres se beijarem na boca é largamente compensada pela lição cívica: com o direito deles à diferença, o que está sendo reafirmado é o direito à diferença de cada um de nós.

O mesmo vale para a Marcha para Jesus, que foi na última quinta (23), também em São Paulo. Para muitos que desfilaram, imagino que a passeata por Jesus tenha sido um momento de afirmação positiva de seus valores e de seu estilo de vida -ou seja, um desfile para dizer a vontade de amar e seguir Cristo, inclusive de maneira caricatural, se assim alguém quiser.

Ora, segundo alguns líderes evangélicos, os manifestantes de quinta-feira não saíram à rua para celebrar sua própria liberdade, mas para criticar as recentes decisões pelas quais o STF reconheceu a união estável de casais homossexuais e autorizou as marchas pela liberação da maconha. Ou seja, segundo os líderes, a marcha não foi por Jesus, mas contra homossexuais e libertários.

Pois é, existem três categorias de manifestações: 1) as mais generosas, que pedem liberdade para todos e sobretudo para os que, mesmo distantes e diferentes de nós, estão sendo oprimidos; 2) aquelas em que as pessoas pedem liberdade para si mesmas; 3) aquelas em que as pessoas pedem repressão para os outros.

O que faz que alguém desfile pelas ruas para pedir não liberdade para si mesmo, mas repressão para os outros?

O entendimento trivial desse comportamento é o seguinte: em regra, para combater um desejo meu e para não admitir que ele é meu, eu passo a reprimi-lo nos outros.

Seria simplório concluir que os que pedem repressão da homossexualidade sejam todos homossexuais enrustidos. A regra indica sobretudo a existência desta dinâmica geral: quanto menos eu me autorizo a desejar, tanto mais fico a fim de reprimir o desejo dos outros. Explico.

Digamos que eu seja namorado, corintiano, filho, pai, paulista, marxista e cristão; cada uma dessas identidades pode enriquecer minha vida, abrindo portas e janelas novas para o mundo, permitindo e autorizando sonhos e atos impensáveis sem ela. Mas é igualmente possível, embora menos alegre, abraçar qualquer identidade não pelo que ela permite, mas por tudo o que ela impede.

Exemplo: sou marido para melhor amar a mulher que escolhi ou sou marido para me impedir de olhar para outras? Não é apenas uma opção retórica: quem vai pelo segundo caminho se define e se realiza na repressão -de seu próprio desejo e, por consequência, do desejo dos outros. Para se forçar a ser monogâmico, ele pedirá apedrejamento para os adúlteros: reprimirá os outros, para ele mesmo se reprimir. No contexto social certo, ele será soldado de um dos vários exércitos de pequenos funcionários da repressão, que, para entristecer sua própria vida, precisam entristecer a nossa.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O homem que lê o mundo

Escritor lança hoje livro de crônicas e ensaios publicados nos principais jornais do país entre 1992 e 2008. Textos se revelam cada vez mais atuais Fonte: correioweb.com.br 29/06

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Affonso Romano de Sant’Anna é daqueles que não querem ver o Titanic afundar. Ao contrário dos que ficam sentados no convés, o escritor prefere mandar mensagens desesperadas para o comandante e avisar sobre o iceberg, mesmo que seja inútil. O mineiro de 74 anos gosta da metáfora do Titanic para explicar por que é um ser otimista. Vale também como justificativa para Ler o mundo, reunião de crônicas e ensaios sobre as práticas da escrita e da leitura publicadas em jornais brasileiros, inclusive no Correio Braziliense, entre 1992 e 2008. O autor desembarca hoje em Brasília para lançar o livro na Biblioteca Demonstrativa.

Muitos dos textos têm quase 20 anos, mas parecem tão atuais que o próprio autor se surpreende. Curiosamente, Romano discute problemas que persistem e, como em uma premonição, avisa das possíveis consequências. Do Mercosul, por exemplo, ele repara o vazio cultural da proposta e alfineta as dificuldades econômicas do plano. Na época, 1995, ele repara na imobilidade nos pátios das exportadoras argentinas e brasileiras. O texto poderia valer para desentendimentos recentes entre Brasil e Argentina no que diz respeito a regras comerciais. “O Mercosul foi praticamente abandonado. Nunca aconteceu culturalmente. Na economia aconteceu alguma coisa, pouca, mas aconteceu. Mas do ponto de vista cultural é pífio. Isso teria que ser agilizado.”

Alguns textos mais antigos também revelam certa ingenuidade de um Sant’Anna sonhador. Depois de conhecer um canal franco-alemão durante uma viagem à Europa, ele propõe a Roberto Marinho fazer uma televisão bilíngue em português e espanhol. O mesmo Sant’Anna sonhador é também um otimista e propõe a poesia como instrumento de desenvolvimento de um país que cresce. “De nada adiantará termos algum dia a inflação zero se não tivermos poesia”, escreve, em 1992.

O tema que permeia todos os textos é a leitura, mas com ela os escritos conseguem alcançar todos os assuntos relativos ao desenvolvimento social. “Olhando as coisas que eu tinha escrito, notei que a questão do livro e da leitura era uma obsessão. E ainda é”, avisa. Sant’Anna presidiu a Biblioteca Nacional (BN) entre 1990 e 1996 e trouxe de lá a tal obsessão. É tão persistente que há duas décadas apresenta um mesmo projeto aos governos que entram e saem do Palácio do Planalto: quer transformar em sete o número de exemplares que as editoras brasileiras doam à BN. A ideia é distribuir os livros pelos outros seis estados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e criar um imaginário brasileiro para defender a identidade nacional. “O projeto está lá, nas mesas da Dilma e da ministra da Cultura”, esclarece. Abaixo, o autor fala sobre bibliotecas, livro e leitura no século 21.

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LITERATURA

Vizinhos desconhecidos

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De passagem por Brasília, escritores de língua espanhola comentam a produção hispano-americana, suas diferenças e semelhanças.

No Brasil, é comum encontrar traduções de modernos clássicos da literatura hispano-americana, de Gabriel García Márquez e Mario Fonte: correioweb.com.br 29/06

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Vargas Llosa, ambos vencedores do Prêmio Nobel de Literatura (em 1982 e 2010, respectivamente). O que não é fácil achar nas prateleiras são as produções mais recentes de escritores em língua espanhola. “Se considerarmos figuras como Jorge Luis Borges, Julio Cortázar e Carlos Fuentes, a literatura hispano-americana é uma das mais importantes e influentes dos últimos 50 anos”, destaca o professor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília (UnB) Enrique Huelva. Segundo ele, poucas obras de hoje são traduzidas para o português, o que representa “um bloqueio para a troca de experiências culturais”.

O 1º Encontro Brasiliense de Escritores Hispano-Americanos, realizado este mês na Embaixada do México, como parte das atividades da Semana do Espanhol em Brasília, reuniu escritores de países como Chile, México, Espanha, Venezuela, Colômbia e República Dominicana. “Nós trouxemos elementos para as pessoas interessadas em enriquecer o conhecimento do idioma”, diz Alejandra Latapi, conselheira de assuntos culturais da Embaixada do México. Quarta língua mais falada no mundo (por 450 milhões de pessoas, segundo o livro The Ethnologue: languages of the world), o espanhol perde apenas para o mandarim (1,051 bilhão), o hindi (565 milhões) e o inglês (545 milhões).

Uma das participantes do evento foi a mexicana Cristina Rascón. Nascida em Obregón, em 1976, ela é mestre em política pública comparada pela Universidade de Osaka, no Japão. Publicou quatro livros, entre contos, metaficção e ensaios sobre economia, mas nunca teve uma obra lançada no Brasil. “Quando escrevo economia, tenho que ser racional. Quando escrevo literatura, tenho que ser passional. Uma coisa enriquece a outra. Minha formação em economia me ajuda a construir personagens mais verossímeis”, comenta a autora.

Em 2010, Cristina lançou Puede que un sahuaro seas tú, com lendas criadas por ela. No conto que dá nome ao livro, uma menina segue com a mãe pela estrada e observa os cactos altos. Ela lembra que a avó lhe dizia que cada cacto (sahuaro) tem um espírito, uma alma humana. Para encontrar o próprio sahuaro, basta saber a verdade sobre si mesmo. A menina então parte para buscar esse cacto no meio do deserto.

Diversidade

De acordo com o catalão Fernando Martínez Laínez, designar um conjunto de obras como literatura em língua espanhola é generalizar. “Cada país tem suas características, que diferem bastante”, comenta o autor de 70 anos, que em 2007 lançou Lobos hambrientos, sobre o fenômeno guerrilheiro para a expulsão das tropas napoleônicas durante a Guerra da Independência Espanhola. O anterior, Escritores espías (2004), é um livro de não ficção sobre grandes escritores que decidiram ser agentes secretos.

Já o venezuelano Juan Carlos Chirinos critica o “complexo patriótico, antiquado” que separa a criação da península espanhola dos outros países que falam espanhol. “Isso não faz sentido. Literatura são livros, e não orgulho”, afirma o escritor nascido em 1967, em Valera, cidade dos Andes venezuelanos, hoje morador da Espanha. “Não acredito nessa separação porque ela não existe. É um conceito imposto de fora a um conglomerado de países que tem uma parte da história em comum, mas não toda.”

Para Chirinos, o termo hispano-americano pode ser prejudicial à medida que simplifica a diversidade de culturas. “Todos os que escrevem em espanhol são escritores da minha terra, porque nessa literatura não existem mais fronteiras. E todos me influenciam, até quando não quero escrever como eles”, conta o autor, fundador da revista eletrônica La Mancha, que reúne publicações de escritores espanhóis e venezuelanos.

Juan Carlos Chirinos é autor de Alejandro Magno, el vivo anhelo de conocer (2004); Albert Einstein, cartas probables para Hann (2004); La reina de los cuatro nombres. Olimpia, madre de Alejandro Magno ( 2005); Miranda, el nómada sentimental (2006). Nenhum de seus livros foi publicado no Brasil.

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INSTRUMENTAL

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Doce improviso

Desfalcado do pianista Kiko Continentino, Sambajazz Trio se une a Marcos Ariel para temporada no Clube do Choro. Fonte: correioweb.com.br 29/06

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A temporada desta semana do Clube do Choro seria aberta pelo Sambajazz Trio. Mas, como o pianista Kiko Continentino, não voltou dos Estados Unidos, onde está acompanhando Milton Nascimento numa turnê, Luiz Alves (contrabaixo) e Clauton Sales (bateria e trompete), seus companheiro de grupo, vão dividir o palco com Marcos Ariel, de hoje a sexta-feira, às 21h. “No show, vamos juntar músicas do repertório do trio e do trabalho solo do Ariel, um excelente pianista com quem, tanto eu quanto Neguinho (como Clauton Sales é mais conhecido pelos amigos) já tocamos algumas vezes. Estamos ensaiando para fazer bonito no Clube do Choro”, anuncia Luiz Alves.

Com três anos de carreira, o Sambajazz Trio tem feito muitos shows, participando de festivais no Brasil e no exterior. Lançou dois discos: Agora sim (2007) o Alegria de viver (2010). Temas desses álbuns vão ser mostrados no show, entre as quais Trenzinho do caipira (Heitor Villa-Lobos), Canção do sal (Milton Nascimento), Deus brasileiro (Marcos e Paulo Sérgio Valle), Maracangalha (Dorival Caymmi), Sabor antigo (Kiko Continentino), Sergipe (Luiz Alves), Chovendo na roseira (Tom Jobim), Eu vim da Bahia (Gilberto Gil), Certa vez (Mário Albanese e Ciro Pereira) e Sergipe (Luiz Alves).

Um dos integrantes do lendário Som Imaginário, grupo instrumental que fez parte do Clube da Esquina, Luiz Alves tocou com nomes de destaque da MPB, como Luiz Eça, Egberto Gismonti, Edu Lobo, Dori Caymmi e Milton Nascimento. A Brasília, tem vindo com alguma frequência, na companhia de João Donato e Robertinho Silva, com os quais gravou o CD Sambolero, lançado no ano passado, concorrente ao Prêmio da Música Brasileira de 2011.

Marcos Ariel, com 35 anos de carreira, atuou inicialmente como músico acompanhante e foi da banda Black Rio. Desde 1986, porém, depois de tomar parte no Free Jazz Festival, passou a realizar trabalhos solos. “Em 1990, lancei o Piano brasileiro, meu primeiro disco. Depois, vieram Piano, de 1992; Piano com Tom Jobim (2000) e Alone with Jobim (2008). “Vou escolher temas desses trabalhos para mostrar no show do Clube do Choro, onde já estive em vezes anteriores, participando dos projetos em que foram homenageados Ary Barroso, Dorival Caymmi e Chiquinha Gonzaga”, adianta Ariel, autor de Choro voador, gravado pelo grupo Choro Livre. Ele ainda vai homenagear Hermeto Pascoal, que completou recentemente 75 anos, com dois temas do “Bruxo do Som” — um deles é o clássico Bebê.

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CONGRESSO

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Fifa sem superpoderes

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MP que flexibiliza licitações para a Copa é aprovada. Governo reforça acesso imediato dos órgãos de controle aos gastos e suprime trecho que permitia à Federação Internacional de Futebol alterar valores e especificações de obras Fonte: correioweb.com.br 29/06

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O governo conseguiu manter o texto principal do projeto que cria o Regime Diferenciado de Contratações para as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Depois de derrotar oito destaques da oposição, que tentava enterrar a proposta, partiu do próprio Executivo a ideia de modificar a redação de dois dos artigos mais polêmicos da matéria e propor a supressão total do item que tratava da prerrogativa da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e do Comitê Olímpico Internacional (COI) de alterar as especificações das obras, abrindo brechas para o aumento dos gastos. O texto segue, agora, para apreciação do Senado.

Ontem, durante a reunião de líderes que antecedeu as votações, o relator da proposta, José Guimarães (PT-CE), surpreendeu ao informar que o governo abriria mão do próprio texto sobre os poderes concedidos à Fifa e ao COI e que, por acordo, os parlamentares poderiam driblar o Regimento Interno e suprimir o trecho que já tinha sido aprovado no dia 15. “Todos levamos um susto. Foi um bom sinal porque isso seria uma sangria de aditivos nessas obras. Seja lá por qual motivo foi o recuo, foi melhor assim”, comentou o líder do PSol, Chico Alencar (RJ).

De acordo com o relator, a mudança de ideia sobre a possibilidade de as instituições esportivas inteferirem nos orçamentos das obras foi resultado de “um amadurecimento” conseguido depois de ouvir todas as críticas sobre o item. Segundo a oposição, a forma como o Executivo apresentou o texto dava “superpoderes” às instituições e abria grandes brechas para a corrupção.

O recuo pegou a oposição de surpresa. Depois de duas reuniões, os líderes demoraram a anunciar que aceitariam a supressão do texto. “É estranho que de uma hora para outra eles queiram mudar a própria proposta só porque mostramos ilegalidades”, comentava o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP).

A ideia dos oposicionistas era de que aceitar a mudança de última hora poderia esvaziar o discurso deles no Senado. Mesmo assim, toparam o acordo e consentiram o drible no Regimento Interno para permitir que o governo modificasse o projeto. “Não tem nada de recuo como estão falando. Apenas abrimos mão de um item que não era fundamental para o governo para facilitar a votação”, ponderou o líder governista, Cândido Vacarezza (PT-SP).

As mudanças de última hora também incluíram duas palavras aos trechos do projeto que tratam sobre a fiscalização e custos das obras. Segundo o relator, deputado José Guimarães (PT-CE), foram ajustes de redação que vão servir para esclarecer a intenção do governo de disponibilizar as informações para os órgãos de controle. O novo texto vai prever que o orçamento previamente estimado para as contratações seja divulgado “imediatamente” depois da licitação, e que os órgãos tenham acesso a essas informações “permanentemente”. “A intenção é incluir essas duas palavras para esclarecer essa onda de dúvidas que se abateu sobre o texto. Foi uma forma de fazer com que nenhum parlamentar votasse a favor do projeto com dúvidas sobre a intenção do governo”.

Rejeitados

A derrota da oposição mudou os ânimos da tropa de choque do Planalto. “Viram só o placar?”, perguntava o líder governista, Cândido Vacarezza (PT-SP) aos jornalistas. Ele fazia referência ao massacre de 310 votos a 96 na votação que rejeitou o destaque do PSDB que pretendia excluir do texto a obrigatoriedade de a administração pública usar os preços das tabelas do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil e do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias para encontrar o custo global de serviços de engenharia. Foram rejeitadas também propostas do DEM que queria excluir do texto da MP o capítulo que criava novas regras para as licitações e que suprimia o trecho que permite contratações sem projetos básicos.

O choro de Rose

A discussão da MP da Copa teve um instante de tensão. A vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES), chegou a chorar em plenário e dizer que não mais assumiria a Presidência da Casa enquanto continuasse, segundo ela, a ser “desrespeitada”. Ela tentava colocar em votação um dos destaques à MP. Deputados de oposição protestavam aos gritos, sob o argumento de que o destaque estava em discussão. O debate ficou acalorado. Um dos mais enfáticos era ACM Neto (BA), líder da bancada do DEM. Rose não conseguiu controlar o tumulto, desceu ao plenário e reclamou em público. “Só volto à Presidência quando entenderem que tomo decisões com base no regimento”.

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COMISSÃO DA VERDADE

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Planalto intensifica pressão

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Ministra de Direitos Humanos cobra do Congresso a votação do projeto de lei que cria o colegiado responsável por apurar os crimes cometidos durante a ditadura militar Fonte: correioweb.com.br 29/06

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A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, cobrou a aprovação do projeto de lei da Comissão da Verdade, em tramitação na Câmara dos Deputados, afirmando que o Legislativo ainda não fez sua parte no resgate da memória dos crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985).

O Palácio do Planalto tenta acelerar a apreciação do texto como forma de resposta às recentes polêmicas envolvendo a posição da presidente Dilma Rousseff sobre dois temas polêmicos: o sigilo eterno de documentos públicos e a revisão da Lei da Anistia. Hoje ocorre a primeira audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados sobre o projeto de lei.

Enquanto o governo tem pressa na votação da matéria, alguns parlamentares afirmam que o projeto não pode ser votado sem antes passar pela análise de uma comissão especial, o que travaria o encaminhamento da proposta. “Não acreditamos em uma comissão sobre a comissão”, criticou a ministra, ressaltando a urgência do tema. “Nossa pressa é a de 50 anos de trevas. Nossa pressa é para não sermos coniventes a cada dia com o que ocorreu no país. Cada dia que demoramos é um dia que não temos respostas”, afirmou Maria do Rosário, que ontem participou do lançamento do Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do Distrito Federal.

Ressonância

O evento foi realizado na Universidade de Brasília (UnB). Esse é o 17º grupo criado com o apoio da secretaria. As unidades, ligadas à sociedade civil, têm o objetivo de reforçar a necessidade da aprovação da matéria no Congresso e pressionar os parlamentares.

“Como capital da República, com os Três Poderes aqui, o comitê vai funcionar como uma caixa de ressonância e a UnB é um local simbólico, que desde o início do regime militar, em 1964, foi alvo de perseguição pela sua concepção arrojada, moderna e progressista”, destacou Iara Xavier Pereira, integrante do comitê. Ela teve dois irmãos e o primeiro marido assassinados durante o regime militar. “O governo deixou em banho-maria esse assunto e agora há uma intenção da presidente Dilma em acelerar a questão, para que essa comissão possa ser implantada no ano que vem. Há a necessidade de vontade política para que isso seja aprovado até o fim de 2011”, destacou Iara.

A Comissão da Verdade não terá poder de polícia. A atuação do colegiado se limitará à investigação das circunstâncias dos crimes cometidos durante o regime de exceção. Segundo a ministra Maria do Rosário, a Câmara e o Senado não podem se fechar ao debate institucional e precisam acelerar a criação do colegiado para que o governo possa ouvir e convocar os torturadores. O país, segundo ela, já está atrasado na criação de uma Comissão da Verdade, fruto das contradições do processo de transição brasileiro.

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GOVERNO

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Ministérios defasados

Pastas que deveriam aumentar a segurança contra ataques virtuais pouco investiram no setor Fonte: correioweb.com.br 29/06

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Cinco ministérios responsáveis por aperfeiçoar dispositivos de segurança contra ataques cibernéticos estão defasados há três anos, período em que investiram valores baixos no fortalecimento do sistema de informação virtual. Como resultado, houve apenas ações pontuais e nenhum projeto saiu do papel. Incumbidos de implementar iniciativas para reduzir a vulnerabilidade da rede — segundo determinação do plano de defesa nacional, elaborado em 2008 —, o próprio Ministério da Defesa, além do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e as pastas das Comunicações, da Casa Civil e da Ciência e Tecnologia, pouco fizeram nesse sentido.

O Instituto Nacional da Tecnologia da Informação (ITI), por exemplo — órgão ligado à Casa Civil —, gastou, desde 2008, R$ 44,3 milhões. Desse total, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), menos de 1% foi destinado à compra de equipamentos de processamento de dados. A maioria dos gastos serviu para custeio de pessoal. O ITI atua na emissão de certificações digitais, como as usadas em programas de nota fiscal eletrônica e no Comprasnet (portal de compras do governo federal).

Outro problema detectado é que o centro crítico das informações virtuais está sob responsabilidade do GSI, cuja tarefa é difundir diretrizes de Segurança da Informação e Comunicações (SIC). No entanto, a implementação dessas diretrizes ocorre de maneira descentralizada em cada órgão federal. Segundo a assessoria do gabinete, a norma foi editada em 2008 e tratou das áreas de gestão e política da segurança da informação, administração de riscos, criação de equipes para combater incidentes de rede, controle de acesso, uso de recursos criptográficos e normalização. Mas desde então não houve atualização nesses procedimentos.

Embora os gastos estejam mal direcionados e as diretrizes sejam aplicadas de maneira difusa, os ministérios prometem organizar e implementar as ações voltadas ao fortalecimento do sistema de informação virtual. A paste de Ciência e Tecnologia — cujo ministro, Aloizio Mercadante, voltou a afirmar ontem que quer a colaboração de hackers com o governo —, trabalha com o Ministério da Defesa no Plano de Ação em Ciência e Tecnologia. Uma das propostas prevê a inclusão de um mecanismo de financiamento de pesquisa a fim de desenvolver ferramentas de contra-ataque a investidas cibernéticas. Essa iniciativa está em discussão desde maio de 2010 e deverá ser lançada ainda este ano. A Defesa, conforme mostrou o Correio no domingo, também implementará no semestre que vem o Centro de Defesa Cibernética.

Já o Ministério das Comunicações aprimora o Sistema de Proteção da Infraestrutura Crítica de Telecomunicações (SPICT), que está sob a responsabilidade da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) desde 2008. Esse sistema é atualizado com informações das principais operadoras do país para garantir a rede de telecomunicações em eventos de grande porte. O teste foram os Jogos Pan-Americanos realizados em 2007, no Rio de Janeiro, e a consolidação é prevista para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Investigação

Com os ataques de hackers contra 20 sites do governo federal iniciados na quarta-feira da semana passada, o GSI abriu investigação no âmbito da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações, enquanto a proteção da infovia na Esplanada dos Ministérios ficou sob responsabilidade do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Ontem, o diretor-presidente do Serpro, Marcos Mazoni, assegurou que “nenhum dado saiu de nossas bases. Não houve invasão na base segura”.

Atualização

O Serpro, que investe cerca de R$ 130 milhões anuais em atualização de sistemas, está com o seu sistema atualizado, inclusive com ferramentas que identificam e bloqueiam ataques de máquinas com endereços clonados. Segundo o diretor-presidente do órgão, Marcos Mazoni, até o fim deste ano, sites mais críticos do governo federal, como o da Receita Federal, estarão atualizados com a última tecnologia de protocolo de internet. A previsão é que todo o sistema esteja migrado até 2013.

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JOSÉ SIMÃO

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Ueba! Juiz Pinto casa dois pintos!

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Igreja evangélica só tem ex: ex-gay, ex-drogado e ex-bebum. Vou abrir uma para ex-evangélicos! Fonte: folha.uol.com.br 29/06

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Festival de Predestinados! "Juiz de Jacareí autoriza o primeiro casamento gay." Como é o nome do juiz? Luiz Henrique PINTO. Palmas pro juiz Pinto. Que casou dois pintos. O antibolsonaro! E sabe como se chama o vice-presidente da Venezuela? Temir PORRA! Ou seja, se o Chávez bater las buetas vai dar porra na Venezuela. Rarará! Isso que é porra: no Brasil, Temer, na Venezuela, Temir! Rarará!

E os efeitos da Marcha da Maconha: "Pinguim se perde no caminho pra Antártida e vai parar na Nova Zelândia". E sabe o nome da veterinária que tirou areia da barriga do pinguim? Lisa Argilla! Rarará!

E um amigo são-paulino me disse que um corintiano foi chamá-lo na casa dele e tocou cinco vezes a campainha. Rarará! Filho duma quenga! Pior, tão dizendo que o Rogério Senil bambiou na defesa. Deu aquela bambiada! Rarará! E sabe o que o Rogério Chicken gritou quando estava no chão após o quinto? "Alguém anotou a placa?" Rarará!

E o frio? Vou me enfiar numa garrafa térmica. Não consigo nem digitar a minha coluna. O dedo fica duro e o pingolim, encolhido. Não devia ser o contrário? E a minha diarista falou que pobre no frio se veste como palhaço. Vai botando o que tem: collant de bolas, suéter laranja, casaco rosa e gorro azul. Aí um estilista vê, copia, e no próximo Fashion Week aparece uma modelo na passarela de collant de bolas, suéter laranja, casaco rosa e gorro azul.

Falando em frio, olha esta: "Cidade gaúcha suspende aulas por causa do frio". São José dos Ausentes. Nem o santo tá indo! E um amigo meu aproveita o frio pra praticar seu esporte preferido: soltar pum embaixo do cobertor. Rarará! E reparou que igreja evangélica só tem ex? Ex-gay, ex-drogado e ex-bebum. Eu vou abrir uma igreja evangélica para ex-evangélicos! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasileiro é Cordial! Mais uma placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu descobrir quem foi o flibusteiro daqui que sumiu com o CD do meu amado Roberto Carlos, vou pegar esse cleptomaníaco de novela e amarrar um arame farpado no pingolim. Conto com todos. Assinado: Gervásio". Amado Roberto Carlos? Tô achando que o Gervásio é são-paulino. Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza.

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

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Dez filmes ganham verba para serem lançados no exterior

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Programa distribui US$ 250 mil por ano para promover produções brasileiras; dinheiro não vai para produtores

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Investimento é visto como única forma de concorrer num mercado de cinema dominado por "blockbusters" Fonte: folha.uol.com.br 29/06

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"Os Famosos e os Duendes da Morte" (2009), longa-metragem de estreia de Esmir Filho, foi lançado, no ano passado, em dez salas de cinema do país. Foi visto, de acordo com dados da Ancine (Agência Nacional de Cinema), por 7.800 espectadores.

Elogiado pela crítica e premiado em festivais, "Os Famosos e os Duendes da Morte" faz parte daquele grupo de filmes que, a despeito de suas qualidades, sofre para conseguir cavar espaço no mercado de exibição, que é formatado para produções de outro feitio -leia-se aqueles "comerciais".

Pois, ainda assim, essa fábula passada numa pequena cidade do Rio Grande do Sul conseguiu ser lançada na França, em Portugal e no Japão. Nos três países, chegou com relativa estatura.

"Os Famosos e os Duendes da Morte" é um dos 20 filmes brasileiros que, nos últimos dois anos, receberam apoio institucional para viajar.

Criado em 2009, pelo programa Cinema do Brasil, que tem o objetivo de promover internacionalmente o cinema nacional, o projeto distribui US$ 250 mil por ano para dez filmes.

Parte do dinheiro sai do programa Cinema do Brasil; parte vem da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações) e do Ministério das Relações Exteriores.

Neste ano, o programa vai apoiar o lançamento de "Tropa de Elite 2" na Polônia, de "Nosso Lar" na África do Sul, de "Trabalhar Cansa" na França, de "As Mães de Chico Xavier" no Chile, de "Diário de Uma Busca" na França e de "A Marcha da Vida" nos Estados Unidos.

CONTRAPARTIDA

O que chama a atenção é que quem recebe a verba não é o produtor nacional, e sim os distribuidores internacionais. "O que o cinema do Brasil faz é amortizar o risco dos distribuidores", diz André Sturm, um dos idealizadores do programa.

Detalhe: para ter acesso aos US$ 25 mil dados pelo Brasil, o distribuidor compromete-se a colocar US$ 15 mil próprios.

O português Luís Apolinário é um dos que, impulsionado pelo apoio, comprou dois filmes brasileiros, "Duendes" e "Estômago".

Apolinário diz que, no caso de "Estômago", a decisão de lançamento não passou diretamente pelo programa.

Mas pondera: "O que foi completamente diferente foi a capacidade de marketing que o apoio nos possibilitou. Sem o apoio, seria um lançamento tímido. Porém, com esses meios, foi uma estreia com enorme repercussão midiática".

BARULHÃO

Sara Silveira, produtora de "Duendes" e de "Trabalhar Cansa", que acaba de ser beneficiado pelo apoio, diz que, não fosse essa verba, os filmes, mesmo que lançados, ficariam à sombra. "Com esse dinheiro, eles convidam diretores, atores, fazem um barulhão", afirma.

Diversas cinematografias, como a francesa, a alemã e a dos países nórdicos, têm programas semelhantes.

Trata-se, segundo esses governos, da única maneira de suas produções se fortalecerem um pouquinho num mercado em que os blockbusters dão as cartas.

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Festival SWU traz Black Eyed Peas e Peter Gabriel

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Novembro terá também shows de Ringo Starr em três cidades brasileiras

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Neil Young será um dos palestrantes no fórum de sustentabilidade e mais atrações serão anunciadas em breve Fonte: folha.uol.com.br 29/06

O Festival SWU lançou oficialmente ontem sua segunda edição, que ocorre entre 12 e 14 de novembro.

Além da troca de cidade -Itu, do ano passado, dá lugar a Paulínia-, poucas atrações já foram confirmadas.

Neil Young estará no evento, mas como palestrante do 2º Fórum Global de Sustentabilidade, menina dos olhos dos organizadores.

Os shows, em quatro palcos numa área de 1,7 milhão de metros quadrados, devem reunir quase 70 atrações.

O público esperado é de 210 mil pessoas nos três dias. Foram ampliadas as áreas de estacionamento e camping. Entre as novidades, uma praça de alimentação só para vegetarianos.

Ontem foram anunciadas as participações de Megadeth, Snoop Dogg, Damian Marley, The Black Eyed Peas e Peter Gabriel.

O site www.swu.com.br oferece balanço das ações de sustentabilidade do projeto SWU (sigla de "Starts With You", "começa com você") e informações sobre ingressos.

EX-BEATLE

Também em novembro, o cantor Ringo Starr, ex-baterista dos Beatles, se apresenta no Brasil.

Ele fará shows em Porto Alegre (dia 10, no Ginásio Gigantinho), São Paulo (12 e 13, Credicard Hall) e no Rio de Janeiro (15, Citibank Hall).

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Viagem ao fim de Céline

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Escritor, que morreu há 50 anos, é excluído das comemorações oficiais na França, mas permanece cercado de releituras Fonte: folha.uol.com.br 29/06

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Na próxima sexta, completam-se 50 anos da morte de Louis-Férdinand Céline (1894-1961). Mas o que poderia ser uma efeméride como outra qualquer tornou-se um inflamado debate na França.

Dono de uma obra monumental para a língua francesa, que tem em "Viagem ao Fim da Noite" (ed. Companhia das Letras) seu maior expoente, Céline ficou igualmente famoso pelos panfletos antissemitas e pela simpatia ostentada à ocupação alemã na Segunda Guerra.

Em janeiro, quando o cinquentenário foi anunciado, entidades judaicas exigiram que o governo francês retirasse a data da "lista de celebrações nacionais", pedido acatado pelo ministro da Cultura, Frédéric Mitterrand.

Mas a decisão de passar "em branco" surtiu efeito contrário. Agora que a data chegou, Céline está estampado na capa de revistas e jornais. Numa pesquisa promovida pelo "Le Figaro", 65% dos 11 mil entrevistados disseram que o autor merece, sim, uma celebração.

Sua figura inspira uma nova peça de teatro na França e um leilão que reuniu 250 peças, entre edições originais, objetos, ilustrações e cartas.

A correspondência de Céline com o jornalista Paul Bonny, entre 1944 e 1949, por exemplo, foi vendida por U$ 51 mil (R$ 83 mil).

E há, nas livrarias do país (e na Amazon), novidades em torno de seu nome.

O lançamento central é a biografia ensaística "Céline", de Henri Godard. Estudioso do escritor e organizador de suas obras completas, Godard procura explicar -sem que isso sirva de perdão- o antissemitismo do autor a partir de seu meio familiar, do ambiente da época e de seu caráter "colérico".

"Procurei examinar o lugar de cada obra na vida do autor e entender a relação entre elas", disse à Folha.

"Céline consegue nos deixar até hoje divididos entre o entusiasmo e o desgosto."

"D'un Céline à l'Autre" (de um Céline a outro), volume com cerca de 200 testemunhos sobre o autor, "Une Enfance Chez Louis-Ferdinand Céline" (uma infância na casa de Céline) e uma edição revista da biografia de Phillipe Almerás, "Céline entre Haines et Passion" (Céline, entre ódios e paixão), compõem a lista de lançamentos.

O MÉDICO E O MONSTRO

Céline era o pseudônimo de Auguste Destouches, médico da periferia de Paris que só começou a escrever aos 38 anos, sem envolvimento nos círculos literários que inundavam a Rive Gauche .

A partir de 1937, porém, seus escritos ganharam tons de intransigência. Em "Les Beaux Draps", panfleto publicado meses depois da chegada dos alemães, Céline alertava: ainda se viam judeus por toda parte. Acusava seu país de complacência.

O crítico francês Maxime Rovere escreveu: "Houve um tempo para julga-lo moralmente, mas esse tempo passou. Céline é hoje um testemunho precioso do lado sombrio da França".

Mas o alarde revive questões ainda hoje incômodas.

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ANÁLISE

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Médico benevolente e escritor maldito é cadáver incômodo da cultura francesa Fonte: folha.uol.com.br 29/06

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Jean Genet? Esqueça. O comediante, mártir, ladrão, paradigma dos malditos do século 20, que Jean-Paul Sartre celebrou em livro, é quase um bom rapaz perto de Céline, a quem não interessavam essas pequenas baixezas.

O antissemitismo, o racismo, a adesão ao inimigo durante a Segunda Guerra: essas coisas foram o território de Céline, as que lhe valeram a perseguição por anos (desde que a Resistência francesa o condenara à morte) e, finalmente, a condenação à "indignidade nacional".

Mas ele é também o renovador do romance francês, o único comparável a Proust, nesse domínio. Cinquenta anos após sua morte, a verdade é que a França não sabe muito bem o que fazer de Céline, seu cadáver incômodo.

Suas ideias não espantam quem conhece um pouco da vida intelectual francesa na primeira metade do século 20, quando o pensamento de extrema-direita era vigoroso e contava com intelectuais de primeira linha.

Alguns se suicidaram, outros foram presos ou executados após a Liberação. Céline fugiu: ficou preso na Dinamarca, mas não o entregaram ao governo francês. Ao voltar a seu país, a poeira já havia baixado um pouco.

Ainda assim, era um destino surpreendente para o escritor que teve o romance de estreia, "Viagem ao Fim da Noite", elogiado por Trótski.

Mais: teve seu livro traduzido na URSS e andou por lá a convite de Elsa Triolet, mulher do poeta Louis Aragon e stalinista de carteirinha.

Foi dessa viagem que Céline voltou renegando o comunismo. Sinal de que podia ser qualquer coisa, menos bobo.

"Viagem" já dava uma ideia de sua maneira de estar entre as coisas, trazendo para a literatura a língua falada, a gíria e a sem-cerimônia que tanto influenciariam a prosa do século. Mas trazia também rancor, uma evidente atração pelo mal, de onde extraía seu poder de observação agudíssimo.

O antissemitismo talvez não fosse coisa tão profunda, em princípio. Acusava os críticos (judeus, naturalmente) de responsáveis pelo fracasso de seu segundo livro, "Morte a Crédito".

Daí resultaram os panfletos antissemitas que ainda sujam sua memória mais que tudo e cuja publicação até hoje é proibida por sua viúva.

DUPLA PERSONALIDADE

Panfletos à parte, a escandalosa proximidade com os colaboracionistas e com os alemães durante a Ocupação, as demonstrações de antissemitismo e a fuga para a Dinamarca se prestam bem à existência de um autor que não via perspectiva na cultura ocidental, suas matanças, colonialismo e atrocidades.

Havia, no entanto, uma espécie de personalidade dupla nesse homem.

De um lado, o médico de formação, disposto a atender os clientes sem cobrar. E, de outro, o escritor, as ideias. Dali é que vinha todo o mal, ele mesmo disse: o terreno perigoso do pessimismo, do desgosto, certa atração pelo crime e, mais que tudo, o medo tenebroso da pobreza.

Hoje, manter a condenação às atitudes de Céline não é tão simples assim: quanto mais o tempo passa, mais tenebrosa e vasta se torna a história da Colaboração, mais gente parece envolvida.

Como diz Phillipe Sollers, importante escritor francês contemporâneo, sorte que Céline não tenha sido executado: o melhor de sua obra, para ele, é dos anos 1950.

A morte chegou em 1961. Acabava de escrever uma carta a seu editor, Gaston Gallimard, anunciando que "Rigodon" estava pronto. Céline, que namorou a morte por anos, podia tornar-se, enfim, apenas sua escrita. A isso aspirava, talvez, quando dizia que o homem não importa, apenas a obra. A ela.

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Após escândalo sexual, FMI escolhe mulher

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Francesa Christine Lagarde vence mexicano e dirigirá órgão após afastamento de Strauss-Kahn, acusado de estupro

Brasil apoia na última hora a candidatura e pede reformas no órgão; mudança vem em momento-chave Fonte: folha.uol.com.br 29/06

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O FMI (Fundo Monetário Internacional) terá pela primeira vez uma mulher no comando, depois de seu último diretor-gerente ter sido acusado de estupro.

A francesa Christine Lagarde assumirá na próxima terça-feira seu mandato de cinco anos em um momento-chave da instituição.

No posto, terá de lidar com a resiliente crise na Europa, reformar o sistema de cotas do órgão multilateral de empréstimos e polir a imagem do fundo após um escândalo e a miopia ante o colapso econômico global.

Ela sucede a seu compatriota Dominique Strauss-Kahn, que renunciou depois de ser preso por suspeita de estupro e de atrair para o fundo a sombra do sexismo.

Os dois, porém, estão de lados opostos na política. Enquanto Strauss-Kahn era um peso-pesado do Partido Socialista, Lagarde é uma conservadora fiscal que se projetou no governo Sarkozy.

"Queridos amigos, é uma honra e uma alegria anunciar-lhes que o conselho administrativo do FMI me designou como diretora-gerente!", postou ela no Facebook.

VOTO EMERGENTE

Lagarde fez uma campanha intensa na mídia e rodou o mundo por apoio. O semanário francês "Le Canard Enchaîné" estima que a ex-ministra das Finanças tenha despendido desse modo ? 150 mil do governo.

O alvo maior foram os países emergentes -Brasil, China e Índia são críticos ao acordo tácito que divide os comandos do FMI e do Banco Mundial entre a Europa e os Estados Unidos.

Só a horas do anúncio o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, chancelou Lagarde, condicionando o voto ao compromisso assumido por ela de ampliar o peso dos emergentes no fundo, não condizente com o porte econômico deles hoje.

Em nota, o ministério cobrou que o próximo diretor-gerente não seja "obrigatoriamente europeu".

Pouco antes, havia vindo o apoio de outros emergentes, como China e Rússia, e o protelado endosso dos EUA, por meio do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que enfatizou o aval emergente.

O diretor-gerente do FMI é escolhido pelo voto dos 24 membros do conselho administrativo, que falam pelos 187 países-membros, após entrevistas com candidatos indicados pelo primeiro escalão do fundo.

Para o brasileiro Paulo Nogueira Batista Jr., que vota pelo Brasil e por outros oito países, o tempo da seleção -cinco semanas- foi apertado.

"A decisão de voto só veio ontem [anteontem] à noite, após muita discussão", disse à Folha. "A consulta foi prejudicada pelo processo curto. Faltaram considerações."

Lagarde venceu o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens.

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Justiça ordena que Senado e União cortem supersalários

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Teto de R$ 26,7 mil não pode ser ultrapassado em razão de gratificações

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Magistrado estabeleceu regras para impedir o acúmulo irregular de cargos no setor público; cabe recurso da decisão Fonte: folha.uol.com.br 29/06

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A Justiça Federal determinou que a União e o Senado cortem os supersalários pagos a servidores públicos.

O juiz Alaôr Piacini, do Distrito Federal, aceitou os argumentos do Ministério Público, que considera inconstitucional a exclusão de algumas verbas do cálculo do teto de R$ 26,7 mil do funcionalismo (valor do salário de um ministro do STF).

Na decisão, que tem caráter liminar, o magistrado determina que os valores recebidos pela participação em comissão, horas extras e gratificações sejam desde já incluídos na conta.

Como a Folha revelou em 11 de maio, o Ministério Público moveu ação na Justiça contra os supersalários com base em dados do TCU (Tribunal de Contas da União).

O tribunal mostrou que, em 2008, mais de R$ 150 milhões foram gastos com pagamentos acima do teto.

Na época, o TCU estimou que ao menos 1.061 servidores da União (administração federal direta) recebiam além do permitido, mas esse número pode ser maior porque o tribunal não teve acesso a dados do Legislativo, Judiciário e Ministério Público.

Em agosto de 2004, 464 servidores do Senado receberam acima do teto, de acordo com o TCU. O Ministério Público diz que esse número deve ser bem maior atualmente, já que houve reajuste dos salários em julho de 2010.

REGRAS

Na decisão, o magistrado também estabeleceu algumas regras para coibir a acumulação ilícita de cargos.

A União deverá exigir dos servidores que assinem um documento dizendo se exercem outro cargo público.

Eles deverão apresentar uma declaração de bens, assim como os ocupantes de cargos comissionados -que deverão apresentá-la no final de cada exercício financeiro e na saída do cargo.

"É preciso estancar, imediatamente, essa sangria de dinheiro público em benefício de servidores (...) que percebem remuneração acima do teto constitucional em razão de cumulação de cargos", diz o juiz na decisão.

Ele também manda que a União abra processo disciplinar contra os servidores que estejam acumulando cargos ilicitamente, descumprindo requisitos como compatibilidade de horários entre os postos e a jornada semanal máxima de 60 horas.

A decisão do magistrado passa a valer a partir da notificação dos órgãos públicos, mas cabe recurso.

A Advocacia-Geral da União diz que já foi intimada da decisão, mas só se manifestará após analisá-la.

Na decisão, o juiz Alaôr Piacini reconheceu que existe "grave lesão à ordem pública" no entendimento atual da União e do Senado quanto ao teto salarial.

Ele sugeriu ao Senado que aplique as mesmas regras do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). A recomendação não tem caráter mandatório.

Ele determinou uma auditoria nas contas da União entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, pelo TCU e representantes da União e do Ministério Público Federal.

O Senado, por sua vez, tem o prazo de 30 dias para informar os rendimentos de seus funcionários de janeiro de 2010 até maio deste ano.

Em caso de descumprimento da decisão, a Casa deve pagar multa diária de R$ 5.000. Não houve previsão de multa para a União em caso de descumprimento.

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De que adianta ter empresas campeãs se os derrotados são os brasileiros? Fonte: folha.uol.com.br 29/06

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Apoiar a fusão Carrefour-Pão de Açúcar pode vir a ser a mais nova missão do BNDES.

Enquanto burocratas e empresários discutem os detalhes de como proceder com a criação do "Carreçúcar", uma questão relacionada deveria preocupar analistas políticos e econômicos: por que o dinheiro público, coletado dos impostos, deve ser utilizado para financiar fusões de interesse privado?

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, justifica as práticas do banco no modelo desenvolvimentista de planejamento econômico.

Em entrevista de 2009, Coutinho disse que "o Brasil precisa ter campeãs mundiais". A obsessão por "campeãs mundiais" pode fazer com que se perca a noção de que campeonato estamos disputando. De fato, o "Carreçúcar" pode se tornar uma empresa campeã.

Mas, quando pensamos no que é mais desejável para a sociedade, o título de campeão vale menos que a campanha. Em um regime de livre concorrência, ensina a velha teoria econômica, venceria a empresa que melhor atendesse as demandas dos consumidores.

Mas, no modelo brasileiro de capitalismo, a vitória de uma empresa não necessariamente corresponde a sua capacidade de satisfazer a sociedade. A justificativa é que o BNDES investe nos setores em que o país demonstra competitividade. Mas a competitividade de um país não se planeja -se descobre.

Há alguns anos, não se imaginava que a Índia se tornaria a grande exportadora de especialistas na tecnologia da informação. Também não se sabia que as Filipinas viriam a dominar o mercado mundial de circuitos integrados. Nem que o Chile se tornaria um grande exportador de salmão.

Só podemos saber de fato em que setores o Brasil é mais competitivo quando todos forem tratados igualmente e sem privilégios.

Há ainda um problema de incentivos. Diferentemente de um investidor privado, o BNDES não irá à falência se suas decisões se mostrem equivocadas. Quando uma empresa subsidiada pelo BNDES quebra, quem fica com a conta são os consumidores. É o socialismo invertido: o lucro é privatizado e os prejuízos são socializados.

A visão econômica por trás da fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar não é nova. É apenas uma nova manifestação da velha ideologia desenvolvimentista. E a história do século 20 atesta o seu fracasso. De que adianta o Brasil ter empresas campeãs, quando os derrotados são os próprios brasileiros?