terça-feira, 20 de setembro de 2011

21/09 Dia Nacional de Mobilização. “O otimismo na economia brasileira não se aplica à nossa justiça.”

Oscar Vilhena Vieira, professor de Direito Constitucional O popular GO 20/09

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As associações goianas do MP e da magistratura estão se mobilizando para levarem amanhã- 21 , a Brasília (DF), o maior número possível de promotores, procuradores de Justiça e juízes para o Dia Nacional de Valorização das carreiras. Da AGMP, sairá transporte da sede da entidade, às 6 horas. A caravana da Asmego sairá às 5 horas. Além da mobilização, ontem, o presidente da AGMP, Lauro Nogueira, que também é vice-presidente da Associação Nacional do MP, participou de comitiva recebida pelo vice-presidente da República, Michel Temer, a quem foi entregue manifesto pugnando por maior segurança dos membros do MP e magistrados. O documento será levado amanhã ao congresso.

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21/09 Artistas e intelectuais lançam manifesto em apoio à Comissão da Verdade

A criação da Comissão da Verdade, que deve ser votada esta semana na Câmara dos Deputados, enfrenta forte resistência de setores simpáticos e saudosistas da ditadura. Para ajudar a contrapor essa resistência, um grupo de intelectuais encabeçado por Leonardo Boff, Emir Sader, Marilena Chauí e Fernando Morais está lançando um manifesto de artistas e intelectuais em apoio à criação da comissão. A Câmara dos Deputados deve votar no dia 21 de setembro o projeto que cria a Comissão da Verdade, encarregada de trazer à público as violações de direitos humanos cometidas durante o período da ditadura militar. Cartamaior 20/09

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Orquestra de graça. A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro recebe hoje o maestro Guilherme Mannis para reger um concerto com quatro peças de três ícones da música erudita. As obras escolhidas são Jazz trio suite, de Claude Bolling; Candide e Danças sinfônicas de west side story, de Leonard Bernstein, e Abertura cubana, de George Gershwin. Mannis é diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) desde 2006, e já tocou com artistas como Maria João Pires, Michel Legrand e Nelson Freire. Bacharel e mestre em música pela Unesp, ele foi aluno do maestro John Neschling e tem se dedicado a promover a popularização da música de concerto, especialmente no interior de Sergipe. A apresentação começa às 20h, na Sala Villa-Lobos (Teatro Nacional, Setor Cultural Norte; 3325-6256), e tem entrada franca (por ordem de chegada). Classificação indicativa livre. correioweb 20/09

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Homenagem. Dilma recebe em Nova York prêmio internacional na categoria Serviço Público. Agência Brasil 20/09

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A presidenta Dilma Rousseff será homenageada hoje (20) em Nova York. Ela receberá o prêmio na categoria Serviço Público, concedido pelo Instituto Woodrow Wilson International Center for Scholars. O órgão premia as personalidades que colaboram para os avanços intelectuais e científicos no mundo.

O prêmio – nas categorias Serviço Público e Cidadania Corporativa – é concedido a políticos, empresários, líderes de organizações cívicas, artistas e pesquisadores que atuam para melhorar o mundo. A inspiração para a homenagem são as orientações pregadas pelo ex-presidente norte-americano Woodrow Wilson (1913 -1921), que recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

Desde anteontem (18) Dilma está em Nova York, onde abrirá amanhã (21) a 66ª Assembleira Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, ao longo do dia, ela se reúne com os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e do México, Felipe Calderón. Em pauta os impactos da crise econômica mundial.

Ontem (19), Dilma participou de dois grandes eventos – um destinado à discussão sobre doenças crônicas não transmissíveis e outro sobre a presença das mulheres em discussões políticas. Bem-humorada, a presidenta confessou que “dá um frio na barriga” fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU.

“Sempre dá um frio na barriga. Qualquer um que vai falar para um público de pouco mais de algumas pessoas fica emocionado. Esse é o momento em que você tem de representar o que está fazendo. Tenho de representar o Brasil. Então, é uma emoção muito grande”, disse ela.

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Literatura. Autor em tempo integral

Ator e publicitário Hugo Brockes lança hoje seu primeiro livro, um volume de contos, e diz que a literatura, agora, é sua prioridade. O Popular 20.09

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O rosto de Hugo Brockes é bem conhecido daqueles que acompanharam sua carreira de ator, quando conseguiu projeção, no final dos anos 1960, fazendo filmes de Cecil Thiré e João Bênio. Já nos anos 1980, voltou a ficar em evidência como personagem popular de várias peças publicitárias. Foi então que ganhou o apelido de Ferrugem, nome com o qual muita gente o chama ainda hoje. Atualmente, Hugo, que também tem extensa carreira de publicitário, realiza um sonho que marca uma opção de vida que fez alguns anos atrás. “Eu decidi que ia me dedicar apenas à literatura”, afirma. O resultado é o livro Penas Confusas, Contos Desconcertantes, seu livro de estreia que autografa hoje, na Livraria Saraiva do Shopping Flamboyant, a partir das 19 horas. O título foi publicado pela Editora Esfera, selo de São Paulo.

Brockes conta que trabalhou sobre o livro durante um ano. Um de seus pontos de partida foi a reescritura de um conto que ele havia publicado em um jornal estudantil da UFG, o Quarto Poder, em 1962. “Peguei a ideia central dele e o recriei”, relata. Ele não vê nos 18 contos que compõem o volume nenhuma linha mestra no que se refere à linguagem empregada. “Eu mantenho uma filosofia única, por assim dizer.” Segundo ele, houve a preocupação de deixar as narrativas densas e bem humoradas. “Os temas são muito variados e não há nada que possa ser associado a algum episódio real. São ficções mesmo.”

Nelas, o autor imprime, claro, suas vivências e suas convicções. Brockes se define como um anarquista e cita autores dessa linha de pensamento, como o russo Mikhail Bakunin e o francês Pierre-Joseph Proudhon.

Ditadura e clássicos

A história deste homem carismático inclui momentos dramáticos. “Durante a ditadura militar, fui preso e torturado. Tive minha vida totalmente modificada naquele momento. Cheguei a dar apoio a integrantes do grupo Val Palmares.” Desde então, Brockes nunca mais deixou de lado seu tom crítico sobre diversos aspectos da sociedade, algo que ele vai mesclando e complementando com a leitura de clássicos. “Estou sempre voltando a eles”, assegura.

Outros autores que lhe agradam são os norte-americanos Edgar Allan Poe, William Faulkner e Ernest Hemingway e o brasileiro Raduan Nassar. Alguma inspiração especial? “Não acredito muito nesta história de inspiração. Acho que escrever um livro requer muito mais transpiração. Não gosto da ideia de você ficar esperando até que o momento oportuno ou iluminado para escrever apareça.”

Segundo ele, quando está indisposto para escrever, não insiste. “Aí é meu momento de leitura. Vou ler romances, obras de história e política. Gosto muito, por exemplo, dos livros de Noam Chomsky”, cita, aludindo ao autor de viés mais esquerdista que se tornou um dos principais críticos de doutrinas políticas implementadas nos últimos anos nos países ricos. Brockes se considera um autodidata. “Eu já escrevi vários roteiros de cinema e peças de teatro, mas fiquei 33 anos sem escrever. Eu fui para a publicidade para sobreviver. Isso me fez abandonar o sonho de escrever um livro naquela época e também a pintura”, revela. Agora ele quer dedicar mais tempo e energia à literatura. Brockes não quer parar em Penas Confusas, Contos Desconcertantes. Seus planos incluem publicar mais obras. “Tenho um projeto mais antigo de um romance.”

Na veia

Nascido em Pirenópolis há 74 anos, este neto de alemães tem escritores na família. Seu avô, Fritz Müller, um destacado médico e naturalista, veio para o Brasil em meados do século 19. Chegando aqui, sua inquietude só aumentou com as belezas do País. Ele veio para cá a convite de um velho amigo, o alemão Hermann Blumenau, que fundou a cidade com seu sobrenome em Santa Catarina.

Müller manteve, durante muitos anos, uma profícua correspondência com o naturalista inglês Charles Darwin, o pai da Teoria da Evolução, e chegou a publicar um livro defendendo as conclusões do amigo. Um dos filhos de Müller se formou em geologia e veio para Goiás estudar as minas e formações geológicas da região. Aqui conheceu uma goiana e formaram a família de Brockes, uma prole de dez filhos.

Lançamento do livro: Penas Confusas, Contos Desconcertantes

Hutor: Hugo Brockes

Data: Hoje, às 19h

Local: Livraria Saraiva (3º piso do Shopping Flamboyant)

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Na ONU, Dilma ameaça quebrar patentes. Dilma defende quebra de patente. O Globo - 20/09/2011

Presidente prega flexibilização de direitos sobre remédios contra hipertensão, câncer e diabetes

A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem, em discurso nas Nações Unidas, a possibilidade de quebra (flexibilização) de patentes de alguns medicamentos para combater as chamadas doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, câncer, diabetes e doenças respiratórias. Dilma frisou que o Brasil respeita os compromissos de propriedade intelectual, mas propôs que as flexibilidades previstas em acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC), o chamado acordo Trips, e na declaração de Doha sobre Saúde Pública, sejam adotadas para garantir o direito das pessoas a tratamento de saúde. Esses dois acordos criam a possibilidade de se produzir medicamentos para combater a Aids, gripe H1N1 e outras doenças.

No rápido discurso na reunião sobre Doenças Não Transmissíveis (DNT), promovido no plenário principal da ONU, Dilma ainda destacou os programas de sucesso do Brasil na Saúde, como o Saúde Não tem Preço, que distribui medicamentos gratuitos contra hipertensão e diabetes.

De tailleur azul marinho, a presidente começou seu primeiro discurso numa plenária da ONU com a voz trêmula, indicando nervosismo:

- A defesa pelo acesso a medicamentos e a promoção à prevenção à Saúde devem caminhar juntas. O Brasil respeita seus compromissos em matéria de propriedade intelectual, mas estamos convencidos de que as flexibilidades previstas no acordo Trips da OMC, na Declaração de Doha, sobre Trips e Saúde Pública, e na Estratégia Global sobre Saúde Pública são indispensáveis para políticas que garantam o direito à Saúde - disse Dilma.

A presidente destacou que todos os programas do governo procuram melhorar os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

- O Brasil defende o acesso aos medicamentos como parte do direito humano à Saúde. Sabemos que é elemento estratégico para a inclusão social, para a busca da equidade e para o fortalecimento dos sistemas públicos de Saúde.

Doenças atingem mais de 50 milhões

Dilma, sempre referindo-se ao Brasil como "meu país", disse que 72% das causas não violentas de óbito entre brasileiros com menos de 70 anos são por essas doenças:

- Neste momento, nossa pauta se estrutura em função das pessoas que sofrem de doenças como hipertensão, diabetes, câncer e doenças respiratórias.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que também estava em Nova York, disse que o governo não está defendendo a quebra generalizada de patentes, mas só quando necessário para o tratamento das doenças crônicas não transmissíveis. Ele afirmou ainda que está ultrapassada a visão de que a flexibilidade se aplica apenas para medicamentos contra a Aids:

- Não é quebra de patentes, neste momento, generalizada. Mas usar essa visão de que a flexibilização é só para doenças infecto-contagiosas é uma visão absolutamente ultrapassada. Que os países possam lançar mão quando for necessário.

Padilha argumentou que a realização do debate pela ONU justamente sobre as doenças não transmissíveis mostra que há uma desejo dos países de se mudar a atual prática. Ele lembrou que os EUA já fizeram isso na produção do Tamiflu contra a Influenza.

Para o ministro, a simples discussão da flexibilização das regras levará à redução de preços dos medicamentos. Ele disse que essa é a política que o governo brasileiro continuará adotando. Padilha disse que mais de 50 milhões de pessoas têm problemas de DNTs e que não é possível que interesses privados se sobreponham à questão de Saúde.

Em sua exposição, Dilma citou as ações de combate ao câncer na mulher, em especial ao de mama e colo do útero, sem citar o câncer que enfrentou:

- Estamos facilitando o acesso aos exames preventivos, melhorando a qualidade das mamografias e ampliando o tratamento para as vítimas do câncer.

Em seu segundo discurso na ONU ontem, Dilma disse que as mulheres são as mais afetadas pela pobreza e pela crise internacional. Ao falar de sua eleição, disse que a participação de mulheres é pequena na política brasileira, mas ressaltou que, em seu governo, dez mulheres são ministras e integram o núcleo de governo.

- São as próprias mulheres, que tanto sofrem com a pobreza, as principais aliadas das políticas voltadas para sua superação. A crise econômica e as respostas equivocadas a ela podem agravar esse cenário, intensificando a feminização da pobreza - disse Dilma, acrescentando: - Em meu país, ainda resta muito a ser feito para ampliar a participação política das mulheres. Mas fui eleita a primeira mulher presidenta do Brasil, 121 anos depois da proclamação da República e 78 anos depois da conquista do voto feminino. Somos 52% dos eleitores, mas apenas 10% do Congresso Nacional.

Brasil é contra uso da força em conflito

Dilma disse ainda que as mulheres são contra o uso da força para a resolução dos conflitos. Na diplomacia, o Brasil, tradicionalmente, é contra o uso da força:

- Quem gera a vida não aceita a violência como meio de solução de conflitos. Por isso, devemos engajar-nos na reforma da governança global.

O encontro foi promovido pela ex-presidente chilena Michele Bachelet. Dilma foi muito aplaudida e recebeu um comentário carinhoso da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que perdeu para Barack Obama a vaga no Partido Democrata para concorrer à Presidência dos EUA:

- Estou feliz porque alguém se tornou presidente - brincou Hillary, provocando risos.

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Real perde a realeza em vários bolsões mais pobres. Valor Econômico - 20/09/2011

Depois da escola e nos fins de semana, Carlos Leandro Peixoto de Abril vende sorvete feito por sua avó na varanda ao lado da casa da família.

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Mas em vez de reais, o garoto de 11 anos prefere que seus clientes paguem em capivaris - uma moeda local estampada com a imagem de um roedor, o maior do planeta. Com o dinheiro em mãos, Carlos vai a um supermercado local e compra, com um desconto especial, os ingredientes para o próximo lote dos sorvetes feitos pela avó.

O Capivari circula apenas neste pequeno município agrícola a 104 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro. A moeda é uma iniciativa do município, um dos mais pobres da região Sudeste, para incentivar seus 23.000 residentes a gastar localmente.

Dez meses após o lançamento do Capivari - cujo nome é inspirado no Rio Capivari, onde, claro, há muitas capivaras -, a moeda está dando novo ânimo aos comerciantes do município e costurando buracos nos bolsos dos consumidores. Os capivaris podem ser usados para pagar tudo, desde cortes de cabelo às contas de restaurante e os dízimos das igrejas. O prefeito ainda tem planos para abrir uma "Capivari Megastore", onde artesãos e produtores locais poderão exibir seus produtos.

O Capivari é uma das 63 moedas locais - incluindo notas batizadas com nomes inspirados no sol, em cactos e na castanha do Pará - que hoje circulam em regiões pobres da maior economia da América Latina. A idéia tem ganhado força à medida que mais municípios procuram obter uma parcela do crescimento econômico atual do País. Este mês, uma nova moeda local começou a circular nas ruas da Cidade de Deus, a favela carioca que foi tema de um filme de sucesso mundial e uma parada durante a visita do presidente Barack Obama pela América do Sul este ano.

Embora tenham o mesmo valor que o real, as moedas locais ganharam tração porque os comerciantes podem oferecer descontos quando são usadas. Ninguém é forçado a abandonar o real, mas os comerciantes dizem que os volumes maiores das vendas fazem os descontos valerem a pena.

"Eles levam o cliente a entrar na loja", diz Roseanne Augusto, gerente de uma loja de ferragens de Silva Jardim, onde um construtor em uma tarde recente reservou 2.700 reais em materiais, dizendo que voltaria em breve para efetuar a compra. Ele foi trocar reais e quando voltou, pagou a conta com capivaris, economizando 5% do preço final.

Os capivaris são geridos por um novo banco, o Banco Capivari, que é administrado pela comunidade. Em sua única agência, um espaço pequeno pintado de verde, amarelo, azul e branco, trabalham as três funcionárias do banco, jovens com cerca de 20 anos.

Para cada um dos 50.000 capivaris que circularam pela primeira vez, o Banco Capivari mantém um número igual de reais em depósito em um banco tradicional. Tatiana da Costa Pereira, gerente do banco, diz que atende a cerca de 60 clientes por dia. Uma patrulha da polícia local cuida da segurança e um policial militar visita o escritório regularmente.

A moeda tem sido tão bem-sucedida que o município encomendou um segundo lote das notas, que têm números de série, marca d"água, e um holograma ao lado da ilustração da capivara.

Celma de Almeida, vendedora de confecções, diz que no princípio não gostava do Capivari. "Achava horrível", diz ela. "Mas acabei gostando. Agora é o real que parece feio."

A primeira dessas moedas regionais foi a palma, que contribuiu para fomentar a economia local no Conjunto Palmeiras, na região de Fortaleza.

A idéia foi concebida por Joaquim Melo, um ex-seminarista que trabalhava como ativista social no conjunto na década de 1990. Ele viu na moeda uma alternativa lógica a um experimento falido com cartões de crédito de bairro, que se mostrou demasiado burocrático para os comerciantes locais.

"Eles gostaram da idéia do dinheiro, mesmo que fosse um tipo diferente de dinheiro", diz Melo. Um grupo de quatro pequenos varejistas que aceitou a palma rapidamente se expandiu para mais de 200.

No início, as autoridades brasileiras rejeitaram a idéia.

Em 1998, quando o Banco Palmas estava nascendo, policiais com metralhadoras invadiram seu pequeno escritório, com base em uma denúncia do Banco Central. As notas de palmas ainda não haviam sido impressas, mas a polícia apreendeu um livro de registros escrito à mão e R$ 100.

Melo convenceu o governo de que o dinheiro não representava uma ameaça ao real. Como a palma estava atrelada à moeda soberana, argumentou, era tão legítima como qualquer cupom ou dinheiro de curso legal.

O projeto atraiu o interesse de outras comunidades pobres. Em 2005, o governo federal aderiu à causa, convocando Melo para ajudar no lançamento de bancos comunitários em todo o Brasil.

O prefeito de Silva Jardim, Marcello Zelão, queria que moradores gastassem mais em sua própria comunidade. Porque muitos residentes trabalham em cidades maiores e mais ricas, o prefeito diz que os varejistas locais muitas vezes perdiam clientes para concorrentes dessas cidades.

"Era como se até nossas bancas de jornal fossem inferiores", diz ele. "Como se os mesmos jornais tivessem melhores notícias se fossem comprados em outro lugar."

Com a ajuda de Melo, o prefeito organizou reuniões com a comunidade e lançou a proposta. Os residentes votaram na escolha do nome da moeda e contrataram um designer local para elaborar as notas.

Em novembro, com uma injeção inicial de recursos dos cofres municipais, os capivaris foram impressos. "Grandes notas são acumuladas", diz Zelão. "As pequenas circulam."

Os residentes de Silva Jardim usam o capivari para tudo.

Rogério Simplício Costa, padre da Igreja Católica da cidade, diz que os paroquianos colocaram cerca de 30 capivaris na caixa de coleta em uma missa recente. Nelcimar Fonseca, gerente de um supermercado, diz que cerca de 12% das vendas têm sido feitas em capivaris. Margareth Vieira Xavier, dona de uma loja de lajes, paga parte dos salários em capivaris.

"No começo, eles não gostavam ", diz Fonseca, "mas depois perceberam que poupam dinheiro no supermercado."

Na Cidade de Deus, onde a nova moeda local é chamada de CDD, os moradores começam a se acostumar com a idéia. "Já vi um monte de dinheiro ir e vir", diz Benta Neves do Nascimento, de 78 anos, que se lembra dos vários precursores do real.

Mas sua resistência ao CDD tem pouco a ver com a economia.

"Não gosto da aparência da ilustração", diz ela. Isso é surpreendente: A imagem da nota de 5 CDDs é uma homenagem a ela, por seu papel como ativista comunitária de longa data e curandeira espiritual. "Se o dinheiro durar mais que eu, as pessoas vão pensar que eu era feia."

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CARTA MAIOR. Combate à miséria inclui mais 1,2 mi de crianças no Bolsa Família

Programa de combate à pobreza extrema amplia oficialmente pagamento de transferência de renda a famílias com filhos de até 15 anos. São mais 1,2 milhão de crianças cujos pais serão beneficiados. Aumento de jovens no Bolsa Família também resulta da incorporação de 180 mil famílias ao programa, efeito da "busca ativa" do governo por miseráveis excluídos do pagamento. Cartamaior.com.br 20.09

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Os coletores de cores. Artistas da cidade extraem do cerrado a matéria-prima para criar suas obras: dos pigmentos às madeiras, é possível montar um ateliê com o resultado da busca correioweb 20/09

O cerrado contém uma paleta de mais de 100 cores. Está tudo no chão. As tonalidades de terra são tão variadas que rendem pigmentos para artistas. Os galhos retorcidos são ótimos para virar matriz de xilogravura. Madeiras, folhas e poeira tem de sobra. Às vezes, até uma carcaça de animal pode render, digamos, um lampejo de criatividade. Para alguns, o cerrado é espaço mais interessante que qualquer loja de materiais de arte muito bem abastecida. Da terra seca e da natureza, eles extraem o necessário para criar. Para muitos, o processo é afetivo. Para outros, é questão prática: algumas cores, por exemplo, não podem ser encontradas em potes e tubos de tintas industrializadas.

A pintora Dulce Schunk sabe disso. Ela já subiu morros difíceis em Pirenópolis (GO), embrenhou-se em depósitos de areia nos quais caminhões de construção recolhem o material e se orgulha de ter herdado barras de areia verde da pintora Goiandira do Couto, artista que pintava com pigmentos do cerrado. A herança é coisa rara, já que as pedras são verdes, cor difícil de encontrar na areia. Dulce gosta especialmente das tonalidades coletadas em Pirenópolis. “São bem bonitas porque tem mica, que dá um brilho ao pigmento”, explica. “Quando descobri o potencial da terra, parece que se abriu um grande portal.” Dulce é gaúcha. Chegou a Brasília em 1987 e se encantou pela região. Conseguiu encontrar mais de 100 tonalidades de cores no solo seco do Planalto Central. “Meus pigmentos estão sempre estabelecendo um diálogo com a terra, mas não faço disso uma bandeira”, avisa.

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Para Arlindo de Castro, a relação com o chão do cerrado é visceral. Morador de uma chácara em Sobradinho, o artista sente enorme necessidade de incorporar a paisagem no trabalho. Quando não coleta materiais, pinta a região. Algumas obras só nasceram porque a química da natureza ajudou. Castro descobriu que os formigueiros das cortadeiras guardavam uma terra ideal para fazer cerâmicas. A mistura das folhas levadas para o interior do formigueiro com a terra do local rendeu uma pasta trabalhada em painéis de cerâmica com figuras em alto relevo. “Minha vivência na chácara é muito rústica e eu não tinha outra coisa a fazer a não ser trabalhar com esses materiais.”

Poeira

Uma chácara também serve de fonte a Elyeser Szturm. Artista e professor do curso de artes visuais da Universidade de Brasília (UnB), Szturm cultua a própria origem goiana na produção artística. “O cerrado é minha relação existencial e emocional com a paisagem. É uma condição indispensável para que eu me conheça, me repense. É o lugar onde nasci, meu chão, meu ponto de partida e talvez de chegada.” Pedras, cupinzeiros e madeiras são alvos de coletas constantes. No último fim de semana, Szturm visitou os kalungas em busca de silões para construir uma escultura em homenagem ao artista romeno Constantin Brancusi. Em uma série de objetos, ele usa mantas de silicone para captar marcas da natureza e há anos produz desenhos com a poeira característica dos períodos de seca. “Crio composições, ritmos que acontecem pela deposição da poeira e isso só pode ser feito na seca, quando tem muita fuligem no ar. Acho a poeira linda”, conta.

Geometrias

Terra é a base dos pigmentos utilizados por Fernando Madeira em pinturas e colagens há muito tempo. Mas o artista não ficou só nas cores. Encontrou também um jeito de aproveitar os restos de madeira do cerrado. Quando encontra uma peça de tamanho e textura adequados, guarda. Um dia, elas viram matrizes de xilogravuras.

“Em geral, pego raízes ou troncos e eles são retorcidos, nunca eretos. Isso dá uma forma interessante e um efeito meio barroco”, conta. O desenho da gravura costuma ser fruto da forma do material. “Algumas têm formas geométricas mais definidas, outras são mais fractais.” A coleta se estende a folhas, especialmente aquelas em estado avançado de decomposição. São tantas texturas que Madeira fez uma série de fotografias. “Tenho pena de jogar fora. Olho aquilo e acho tão bonito e penso que um caminhão vai passar em cima.”

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As caixinhas de Luís Gallina funcionam como pequenas assemblages construídas com um misto de materiais do cerrado e outros objetos. O artista mora no meio do mato e costuma integrar a paisagem às obras, especialmente às xilogravuras. A coleta mesmo, quando acontece, ele reúne nas caixas. Dissecação contém desenhos do avô no leito de morte e o crânio de uma coruja.

“São vivências do cerrado mescladas com experiências pessoais”, repara. “Quando vim morar no cerrado, passei a trabalhar mais essas vivências.” A série Cascas e carcaças tem como base os restos de árvore encontrados em beira de rios e o pau-ferro típico da região funciona bem como matriz de xilogravura.

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ESPAçO CHATô » A arte da pureza. A arte naïf é caracterizada pela espontaneidade de temas e sentimentos do artista. Sob este pilar está construída a obra do pintor Rocha Maia correioweb 20/09

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(...) , que inaugura a exposição Ingenuidade Consciente — A arte popular de Rocha Maia, hoje (20), no Espaço Chatô(SIG, Q. 2, Lt. 340, sede do Correio Braziliense; 3214-1350). As obras retratam, principalmente, situações do cotidiano e assuntos que sensibilizam o olhar desse artista, por meio de composições coloridas.

Os pintores naifs são conhecidos pela preservação da simplicidade e pela despreocupação com escolas e cânones, uma vez que esta palavra, originária do francês, significa: primeiro ou primitivo, no sentido de pureza e naturalidade. Assim como o estilo, a iniciação de Rocha Maia à arte surgiu de uma maneira despretensiosa. Aos 18 anos, ele foi passar um carnaval com o avô, pintor amadorístico, que introduziu a arte na vida dele. Desde então, tintas, pincéis e cavaletes passaram a fazer parte do cotidiano de Rocha.

O ofício aflorou, durante o período em que o artista morou região rural de Teresópolis (RJ), e ganhou maturidade, quando ele veio, em 1979, trabalhar como funcionário público em Brasília, mas sem abandonar a pintura. “A ingenuidade do campo me influenciou muito, por causa das festas de igreja e da natureza. Mas, só em Brasília, tive a oportunidade de amadurecimento. Foi aqui que comecei a participar de salões, divulgar a minha obra nacional e internacionalmente e conhecer novas experimentações”, conta o artista. O reconhecimento profissional lhe rendeu três prêmios na Bienal Naifs do Brasil e mostras em Cuba, na França e em Portugal. “Hoje tenho a consciência da importância da arte naif na minha vida. Para mim, ela é libertadora. Gostei quando alguém disse que os artistas naifs são os poetas anarquistas do pincel, porque não temos regras, somos um estilo e não uma escola”.

A característica libertadora está presente nos temas, escolhidos com paixão. Para o artista “se aquilo me tocar, intimamente, eu vou ficar querendo retratar isso”. Dessa premissa, surgiram as séries sobre as favelas cariocas, sobre os costumes das vilas portuguesas, idealizadas depois de uma viagem a Portugal, e a ilustração do livro Rumo Reverso, de Francisco Siqueira, com representações da vida nordestina. Todas as obras nascem no atelier Luz Dourada, onde acontece o processo de inspiração com muita música e presença ativa da família.

Barreiras

Rocha Lima diz que sua arte ainda é vista com preconceito, por parecer algo “menor”, o que causa rejeição em algumas galerias. Mas, acredita na vertente naif como uma arte educativa e democrática, pois ela não possui fronteiras de interpretação e é uma esfera em que todos os seres humanos podem expressar a sensibilidade.

Segundo ele, a pureza total está presente em alguns artistas, mas ele considera-se um “naif contaminado”, pela consciência que adquiriu em relação à arte e pela intervenção da cultura moderna.

“Apesar da consciência crítica, eu preciso primar pela espontaneidade e ingenuidade. É neste momento que me sinto um homem melhor.”

Ingenuidade Consciente — A arte popular

de Rocha Maia

Espaço Chatô (SIG, Q. 2, Lt. 340, sede do Correio Braziliense; 3214-1350). Abertura dia 20 de setembro. Até 7 de outubro. De segunda a sexta, das 10h às 18h.

Apontamento sobre Arte, Estética e Filosofia

Lançamento do livro da artista e escritora Marilu Carvalho,no Espaço Chatô, quarta-feira, às 19h. A obra discute a arte, com base em estetas, escritores, filósofos e artistas.

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POP » Solo bem acompanhado. Em novo CD, Luciana Mello grava com o pai, Jair Rodrigues, após 22 anos e conta com inéditas de Chico César e Arnaldo Antunes correioweb 20/09

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Luciana Mello fez um intervalo de quatro anos entre o CD Nêga e seu sucessor, 6º solo, que acaba de lançar. Para ela, foi o tempo certo. “Tudo tem seu momento. E foi bacana ter essa pausa, para eu amadurecer e para amadurecer as ideias”, comenta. E o disco estava tão em seu momento de acontecer, tão a ponto de “cair do pé”, que nem a distância do irmão Jair Oliveira, produtor dos últimos quatro álbuns da cantora, a impediu de fazê-lo agora. “Quando comecei a produzir o CD, Jair estava passando uma temporada em Nova York. Conversamos e chegamos ao nome do Otávio de Moraes, que é um grande amigo nosso, já trabalhou conosco, entende minhas ideias…”

O irmão — que para Luciana “é e sempre será” seu mentor — não assinou a produção, mas está presente na criação de 6º solo. São dele quatro das 11 faixas do disco. Uma delas, o samba Mentira, promove uma verdadeira reunião familiar, já que, além da assinatura de Jairzinho, tem a participação de Jairzão, o pai. “Pois é, ali está o lado musical da família”, brinca Luciana, lembrando que a última vez em que gravou com o pai tinha 12 anos de idade — cantaram um pot-pourri de bossa nova. “Jair me mostrou esse samba e eu adorei. Depois mostrou para meu pai e ele disse que iria gravar. Aí meu irmão contou que eu já tinha escolhido e ele falou: ‘Então quero participar’. Foi ótimo.”

Ter um irmão que compõe tanto e a privilegia com canções inéditas não torna mais fácil, para Luciana Mello, o trabalho de escolher as músicas de um novo disco. “Costumo dizer que a seleção de repertório é a parte mais difícil de todas, porque geralmente tem muita coisa boa e, como trabalho com música desde cedo, quase tudo acaba sendo referência em minha vida”, afirma. As músicas de 6º solo ela escolheu com a ajuda de Otávio. Também facilitou a gentileza de autores como Chico César e Arnaldo Antunes, que lhe mandaram inéditas. Assim, entraram no disco Descolada (Chico e Márcio Arantes) e Se for pra mentir (Antunes e Cézar Mendes).

A essas se juntaram músicas de Djavan (Deixa o sol sair), Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro (Áfrico) e Gonzaguinha (Recado), entre outros. O estranho no ninho nessa seleção é Couleur café, do mítico Serge Gainsbourg. “Foi o Jairzinho quem me mandou. ‘Olha, Luciana, você fala francês, devia gravar’. Pensou no arranjo, pensou em tudo, e eu curti, achei legal. E resolvi chamar o Corneille para participar”, conta Luciana, que não conhecia pessoalmente o músico alemão, de pais africanos (de Ruanda), que canta em francês e inglês. E continua sem conhecer. “Entrei em contato, ele ouviu e gostou do arranjo que o Jair criou, conheceu meu trabalho pela internet e topou. Infelizmente, não pudemos gravar juntos e nos conhecer pessoalmente. Mas a gente bateu um bolão pelo Skype”, brinca.

A inclusão da música em francês e a presença do artista estrangeiro não afetaram uma característica que Luciana procurou imprimir em 6º selo: a brasilidade. “Tudo que gravo são coisas de que gosto. Meus discos têm uma linha e dentro dessa linha exploro algumas vertentes, mas tenho uma influência grande da soul music. E tem também o samba, a MPB tradicional, o samba-canção… Neste álbum, resolvi trazer meu lado mais brasileiro.”

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ARTES CÊNICAS » Essas mulheres. Grupo Andaime estreia montagem teatral a partir de inspiração poética do universo feminino correioweb 20/09

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Surgida nos corredores da Universidade de Brasília (UnB) há cinco anos, a companhia teatral Andaime elegeu olhar para o próprio umbigo, no bom sentido, na hora de construir seu terceiro trabalho. Depois de passear por influências de Beckett e por escolher a rua como habitat natural, o coletivo focou sua atenção nos textos de uma de suas atrizes. Desde 2007, a escritora e atriz Patrícia Del Rey mantém o blog Entreaberta, e, debruçados sobre esses registros, mas não tão fiéis a ele, os atores construíram o projeto de encenação batizado de Poéticas urbanas, que envolve o lançamento de uma compilação de textos de Patrícia, uma oficina de poesia e apresentações teatrais que, de hoje ao dia 29 de setembro, estarão em cartaz em Águas Claras, em Taguatinga, em Sobradinho e no Plano Piloto.

O espetáculo, com ares de performance, não se prende à obrigação de contar uma história. “São poesias que viraram temas de pequenas cenas”, explica Tatiana Bittar, uma das diretoras. Para conectá-las, eles usam o que chamam de transições, elos entre uma e outra, preâmbulos de preparação.

Antes de começar a participação, por exemplo, uma das atrizes se dedica, durante um longo tempo, a plantar flores no concreto. “São cenas isoladas como se fossem uma caixa de poesia”, afirma Márcio Menezes, que divide a direção com Tatiana.

O que dá unidade à proposta são os temas. Bebendo na inspiração de Patrícia, Poéticas urbanas trata, por uma ótica feminina (e quase feminista, defende ela), das novas formas de amor nos tempos virtuais, da distância, da insatisfação constante, dos dilemas enfrentados pelas mulheres e de sua forma de se relacionar com Brasília. “Existe uma coisa muito acentuada do feminino. São cinco atrizes em cena e eu, o enxerido”, destaca Menezes, que passa boa parte da performance usando um fraque branco, com buquê de flores na mão e máscara de cachorro. A colega de direção explica: “A forma como falamos do homem quase o transforma em um objeto de desejo, de consumo, de escárnio. Não há muito lugar para ele em cena”, diz Tatiana.

Espaços das cidades

Para abordar temas tão contemporâneos inseridos no contexto da cidade, a companhia elegeu a geografia local como cenário ideal. Todas as montagens serão em lugares públicos e abertos, tendo elementos urbanos como composição de fundo e transeuntes no papel de figurantes. Alguns elementos são essenciais, como postes de iluminação pública e estacionamento amplo. As cenas se passam entre cinco carros, que ainda servem de camarim e depósito para o elenco. Além da presença dos atores, filmagens são exibidas em alguns momentos. Em outra transição, Menezes lê notícias de jornal e comenta com os espectadores.

A direção da peça também tem suas peculiaridades. Tatiana Bittar foi responsável pelo primeiro trabalho da Andaime, batizado de (Des)esperar, e Márcio Menezes comandou a segunda montagem da companhia, Serpentes que fumam. Na terceira investida teatral, eles uniram esforços e pretendiam a direção de Poéticas urbanas. Fizeram um cronograma de realizações, leituras e improvisações. Mas durante o processo, perceberam que as atrizes queriam participar ativamente e decidiram mudar o esquema. O elenco foi dividido em duplas e ganhou um prazo de duas semanas para levantar textos e estudar cenas. Depois, todos apresentaram suas propostas e alinhavaram o texto final.

Livro e oficina

Além da série de performances em cidades do Distrito Federal, Poéticas urbanas inclui o lançamento de uma compilação de textos da autora Patricia Del Rey, do blog Entreaberta. O encontro com os leitores será amanhã, a partir de 19h30, no Rayuela (CLS 412, Bloco B, loja 3 - 3245-4335). Outra atividade prevista é a oficina de Poesia Falada. A próxima edição será em Águas Claras, de 30 de setembro a 2 de outubro. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail curtocircuito@andaimeciadeteatro.com.br.

POÉTICAS URBANAS

Hoje, às 19h e às 21h, na Avenida Araucárias, lote 1525, na praça do Edifício Metrópole, em Águas Claras. Dia 27, às 18h30 e às 19h30, entre as quadras 6 e 8, em frente à Agência da Receita Federal de Sobradinho. Dia 28, às 18h e 20h, no Sesi de Taguatinga (QNF 24, Área Especial, Taguatinga Norte; 3355-9500). Dia 29, às 19h e às 21h, no estacionamento próximo ao novo Clube do Choro, mais próximo da Asa Sul. Entrada franca.

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Bienal levanta fundos com estrelas e jantar Dia Nacional de Mobilização. “O otimismo na economia brasileira não se aplica à nossa justiça.” FSP 20/09

As associações goianas do MP e da magistratura estão se mobilizando para levarem amanhã- 21 , a Brasília (DF), o maior número possível de promotores, procuradores de Justiça e juízes para o Dia Nacional de Valorização das carreiras. Da AGMP, sairá transporte da sede da entidade, às 6 horas. A caravana da Asmego sairá às 5 horas. Além da mobilização, ontem, o presidente da AGMP, Lauro Nogueira, que também é vice-presidente da Associação Nacional do MP, participou de comitiva recebida pelo vice-presidente da República, Michel Temer, a quem foi entregue manifesto pugnando por maior segurança dos membros do MP e magistrados. O documento será levado amanhã ao congresso.

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Na mostra que celebra os 60 anos da Bienal de São Paulo, o foco está naquilo que não foi visto em profundidade nas últimas 29 edições.

Além de Jeff Koons, a exposição "Em Nome dos Artistas" vai ocupar todo o pavilhão da Bienal com obras de megaestrelas da arte contemporânea, como Damien Hirst, Matthew Barney, Cindy Sherman e Richard Prince, do museu Astrup Fearnley, de Oslo. "Essa produção é muito robusta e foi pouco vista no Brasil", diz Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal. "Ela pode preencher uma lacuna no circuito expositivo."

Tentando dar cabo de outra lacuna, de orçamento, a Fundação Bienal de São Paulo faz hoje em seu pavilhão um jantar para angariar recursos para a 30ª Bienal, que sofreu com cortes de verbas do Ministério da Cultura. A fundação ainda não obteve autorização para captar os R$ 30,4 milhões da 30ª Bienal. Só com o jantar de hoje, com convites a R$ 5.000, garantiu R$ 1,8 milhão.

(SM)

EM NOME DOS ARTISTAS

QUANDO abre 27/9 (convidados) e 30/9 (público); ter. a dom., de 9h a 19h; qui., até 22h

ONDE Bienal de São Paulo (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5576-7600)

QUANTO R$ 20

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SP enfrenta escassez de escritórios de alto padrão . Rio também se destaca em pesquisa mundial FSP 20/09

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A taxa de vacância da cidade de São Paulo para escritórios corporativos A e A+ foi a menor do mundo no segundo trimestre, segundo a Colliers International Brasil.

A vacância foi de 0,8%, ante 5,7% no período de abril a junho do ano passado. Essa redução resultou em alta de 6,7% nos aluguéis. Em Londres, a taxa de vacância de escritórios de alto padrão é de 5%. No Rio, de 4,6%; em Hong Kong, de 3,1%; em Genebra, de 2,5%; e em Lima, de 2,3%.

O estudo apontou vacância de 4% na região da avenida Berrini. Regiões como Barra Funda, Faria Lima e Vila Olímpia apresentaram taxas próximas de zero.

Enquanto isso, as vendas de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo prosseguiram em queda. Houve retração de 14,3% em julho na comparação com o mesmo mês de 2010. De janeiro a julho, as vendas apresentaram redução de 28,6%, segundo pesquisa do Secovi-SP.

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Procuradoria muda norma para cortar custo de obras públicas. Metodologia permite reduzir em 25% preço proposto em edital FSP 20/09

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Na contramão do Planalto, que tenta flexibilizar licitações de obras da Copa e da Olimpíada, o Ministério Público Federal distribuiu a procuradores-chefes, ministérios e órgãos de controle um ofício recomendando metodologia mais rígida de cálculo de superfaturamento.

O documento acompanha uma planilha elaborada pela Polícia Federal que permite fazer um cálculo automático capaz de diminuir em até 25% o preço básico uma obra, proposto já no edital.

O método desconta 15% do preço básico pelo fato de uma grande obra permitir a compra de material em grande quantidade, por um valor mais baixo.

Os outros 10% são reduzidos por conta da inclusão de custos indiretos no valor da obra, como a manutenção de escritórios de empreiteiras.

Obras feitas com verba pública consideram preços de referência das tabelas oficiais do governo, o Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil) e o Sicro (Sistema de Custos Rodoviários).

Essas tabelas levam em conta os preços médios dos insumos, sem considerar as peculiaridades existentes nas grandes obras.

Segundo o ofício da Procuradoria a proposta da PF "reflete a melhor prática de gestão de recursos públicos".

A PF diz que, quando os preços pagos são o máximo permitido pela tabela oficial, há margem para um "superfaturamento legalizado".

O órgão detectou em documentos e interceptações telefônicas casos em que, apesar de haver pagamento de propina e indícios de superfaturamento, o valor de obras ainda fica abaixo do teto oficial do governo.

O ofício do Ministério Público tem dois propósitos. O primeiro é orientar os procuradores e gestores públicos para que eles adotem os descontos propostos pela PF já no edital da licitação, ou seja, antes que as empreiteiras apresentem suas propostas.

O segundo é utilizar o cálculo de superfaturamento em ações movidas pelo Ministério Público.

Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, a metodologia pune empresas que apresentam melhores preços e não leva em conta dificuldades enfrentadas em grandes obras.

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Dilma quer zerar deficit de vagas em prisões femininas. Meta é criar 300 mil novas vagas nas penitenciárias e agilizar julgamentos. Plano do governo prevê ainda fechar cadeias que são criticadas por entidades de defesa dos direitos humanos FSP 20/09

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A presidente Dilma Rousseff vai lançar nas próximas semanas o plano nacional de penitenciárias, que tem entre suas principais medidas zerar o deficit de vagas em presídios femininos, fechar presídios criticados por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos e fazer um mutirão para agilizar o julgamento de presos.

O Ministério da Justiça irá liberar R$ 1 bilhão para ampliação e construção de unidades prisionais. Por determinação da presidente, haverá um acompanhamento das obras nos moldes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com metas, avaliações de desempenho e prioridade para os empreendimentos que já tenham saído do papel.

A meta principal da proposta é criar cerca de 300 mil novas vagas e reduzir a zero o deficit de encarceramento feminino até 2014. Há hoje 34,8 mil presas para 18,7 mil vagas. Por falhas de infraestrutura, mulheres são normalmente alojadas em locais projetados para homens. Não há berçários suficientes ou serviço de saúde adequado para gestantes.

O governo também quer agilizar o julgamento de presos que já cumpriram a pena ou esperam decisão presos. Em parceria com o Judiciário, uma equipe apresentará, em 30 dias, soluções para desobstruir cadeias e delegacias, hoje superlotadas.

DEFICIT

Dados do Ministério da Justiça mostram que o deficit brasileiro hoje chega a 200 mil vagas. São 500 mil presos para uma capacidade inferior a 300 mil lugares. "Nos presídios, a alimentação, quando não é podre, é de pior qualidade. As celas, feitas para 60 presos, têm 120", disse Margarida Pressburger, do Subcomitê de Prevenção da Tortura das Nações Unidas.

No plano, o objetivo é tirar presos de delegacias, cárcere provisório que, tradicionalmente, abriga detentos por muito tempo. Há cerca de 50 mil deles nessas condições.

Segundo a Folha apurou, o fechamento de presídios que desrespeitam os direitos humanos ocorrerá por meio de parceria com Estados, desde que haja alternativa de cárcere a essas unidades.

Segundo integrantes do Executivo, o presídio estadual Urso Branco, em Rondônia, tido como um dos mais violentos do país, está entre as unidades que podem ser fechadas. Lá, 27 presos foram torturados e mortos em 2002.

A Folha procurou por duas semanas o Ministério da Justiça para saber os critérios da desativação, mas não obteve resposta.

FOLHA DE SAO PAULO

Língua portuguesa esconde ciência nacional. Maioria das pesquisas brasileiras publicadas em revistas locais não tem versão em inglês, o que reduz a visibilidade. Número de citações por artigo dobra quando texto está em inglês; escolha do idioma da revista é 'editorial', diz especialista FSP 20/09

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O Brasil é o 13º país na lista dos que mais publicam artigos científicos. Mas, quando o assunto é quantas vezes cada texto é citado por outros pesquisadores, o país vai mal.

Isso acontece principalmente por um motivo: 60% dos artigos publicados por aqui estão em português.

E, diferentemente de países como a Espanha, boa parte dos cientistas daqui prefere publicar em revistas brasileiras.

A questão foi levantada em um evento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), realizado na sexta-feira passada, que discutiu o desempenho dos periódicos brasileiros.

O interesse da Fapesp pelo assunto é claro: não adianta financiar as pesquisas se ninguém repercutir os resultados dos trabalhos.

"Precisamos pensar quais artigos devemos publicar só em português, só em inglês e quais devem estar nas duas línguas", disse Abel Packer, coordenador operacional do SciELO -base que reúne revistas científicas com acesso aberto na internet.

PIOR NAS HUMANAS

Em áreas como linguística, letras, artes e ciências sociais aplicadas a situação é pior.

Além dos artigos majoritariamente em língua portuguesa, cerca de 65% dos resultados de pesquisas nessas disciplinas estão em livros -que também estão em português.

"Mas em áreas como a linguística pode não fazer tanto sentido publicar em outro idioma", diz Packer.

"O ideal, claro, seria que todas as revistas tivessem também uma versão em inglês. Mas isso teria um custo muito alto", completa.

Hoje, o governo gasta cerca de R$ 5 milhões anuais com as revistas nacionais.

Mas para Luís Reynaldo Alleoni, editor da "Scientia Agrícola", da USP de Piracicaba, "passar as revistas brasileiras para a língua inglesa é um caminho sem volta."

O periódico está em inglês desde 2003. Com isso, as citações aumentaram, e o número de artigos de cientistas estrangeiros passou de 5%, em 2002, para 11% em 2010.

Parcerias também aumentam o impacto dos artigos. As citações dos estudos nacionais crescem 50% quando os trabalhos são feitos em colaboração internacional.

Para Rogério Meneghini, coordenador científico do SciELO, há uma espécie de "transferência do impacto" do artigo quando uma instituição brasileira publica um trabalho com outra estrangeira mais renomada.

"Mas, além de ter pouca colaboração entre países, o Brasil tem um número pequeno de artigos produzidos entre as próprias instituições nacionais", diz Meneghini.

O SciELO recomenda, cada vez mais, que as revistas nacionais estejam em inglês.

"Mas a escolha do idioma ainda é uma decisão editorial da revista", conclui Packer.

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CARLOS HEITOR CONY. O lado certo

RIO DE JANEIRO - Tanto no Congresso como na mídia está em discussão uma legislação que possa punir os abusos (ou os crimes) praticados na ou pela internet. FSP 20/09

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A nudez da atriz Scarlett Johansson está sendo considerada uma invasão da privacidade a que todos temos direito. E há casos mais escabrosos, como acessos a contas bancárias, pornografia infantil etc. Pergunta: uma lei resolverá o problema?

Tenho minhas dúvidas. Existem leis para tudo e para todos, elas dependem não apenas da fiscalização policial ou judicial, mas da interpretação que damos a elas. Já citei, há tempos, o caso de Gulliver, personagem da obra-prima de Jonathan Swift, e o cito de novo porque o assunto continua atual.

Náufrago, Gulliver caiu numa terra de anões belicosos, os liliputianos, que o tornaram prisioneiro e que mantinham uma guerra de 800 anos com anões de outra região. Devido a seu tamanho, foi obrigado a lutar por um dos lados, e vendo tantas barbaridades, perguntou ao rei a quem era obrigado a servir o motivo de luta tão feroz e selvagem.

O rei explicou que o povo dele, ao tomar o café da manhã, cortava os ovos pela parte de cima, a mais pontiaguda, e os inimigos cortavam os ovos pela parte de baixo, a mais arredondada. Gulliver ouviu, pensou, pensou outra vez e perguntou ao rei se não havia uma lei, um decreto, uma legislação que determinasse a questão, estabelecendo de uma vez para sempre a maneira de todos cortarem os ovos.

O rei ficou espantado e respondeu: "Somos civilizados. Evidente que há uma lei que regulamenta o assunto". Gulliver quis saber o que a tal lei dizia e o rei, em tom solene, majestático, informou: "O primeiro artigo de nossa Constituição diz claramente que os ovos devem ser cortados pelo lado certo".

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Governo estuda decretar feriado na Copa. Ministra diz que infraestrutura urbana não é prioridade e que medida pode resolver problema no trânsito durante jogos. Miriam Belchior afirma desconhecer o custo da Copa para o país e responsabiliza Fifa por aumento de despesas FSP 20/09

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A ministra Miriam Belchior (Planejamento) sugeriu ontem que se as obras de infraestrutura de transporte nas cidades que sediarão jogos da Copa de 2014 não ficarem prontas a tempo, o governo poderá decretar feriado.

Essa seria uma alternativa para evitar o caos no trânsito nos dias das partidas.

Segundo a ministra, que se reuniu ontem com empresários em São Paulo, projetos de infraestrutura urbana são um legado importante, mas não são essenciais para a realização da competição.

"Se eu der feriado no dia do jogo, a cidade vai estar em condições de não ter trânsito para a locomoção de torcedores", afirmou. "Mobilidade urbana é um legado para as cidades mas não são [investimentos] essenciais para a operacionalização da Copa do Mundo."

O projeto da Lei da Copa, enviado ontem ao Congresso, permite que Estados, Distrito Federal, municípios e a própria União decretem feriado local nos dias de jogos.

Segundo a ministra, a prioridade do governo federal são os estádios, a infraestrutura portuária para receber navios de passageiros e o aumento de capacidade dos aeroportos e da rede hoteleira.

CUSTO

Belchior reconheceu que as despesas do governo estão subindo mais que o previsto e disse que não é possível estimar qual será o custo total da Copa para o país.

"Eu desconheço qual é o valor que vai custar a Copa do Mundo no Brasil. Não há nenhum estudo que diga isso", disse.

Ela explicou que as obras estão sendo feito em várias etapas e que algumas tiveram custo alterado para cumprir exigências da Fifa.

Em março, a presidente Dilma havia estimado em R$ 33 bilhões os investimentos para a Copa.

Os valores dos estádios, por exemplo, já teriam ultrapassado as estimativas iniciais do governo. "A Fifa estabeleceu, depois dos projetos prontos, uma série de novos requisitos. É natural que isso tenha desdobramento nos custos."

As cidades escolhidas para sediar os jogos estão debatendo com a Fifa os pedidos adicionais sobre as obras.

Segundo a ministra, apenas duas cidades estão com as obras da Copa atrasadas até agora: São Paulo e Natal (RN). A capital paulista, no entanto, tem dado sinais de que pretende recuperar o tempo perdido.

Belchior afirmou que a preparação para o evento só pôde começar em maio de 2009, com a escolha das cidades-sede - dois anos após a definição dos jogos no Brasil: "Sem saber em quais cidades haveria jogos, não poderíamos nos preparar".

As próximas etapas de investimento serão em telecomunicações e segurança nas cidades-sede. Em seguida, Belchior disse que será definida a malha aeroviária (horários e frequência de voos).

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PARANÁ. Aposentados da Assembleia têm férias e vale-refeição, afirma TCE FSP 20/09

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Um relatório do Tribunal de Contas do Paraná, que analisou as 305 aposentadorias da Assembleia Legislativa, mostra que os aposentados da Casa receberam benefícios exclusivos de funcionários em atividade, como remuneração por férias, vale-transporte e até vale-refeição.

O tribunal também identificou pagamentos até R$ 10 mil acima do teto constitucional, que de R$ 26,7 mil mensais, e de um "abono natalino" em todo mês de novembro, o que não está na lei.

"Era como se fosse um 14º salário. Nunca vi isso antes; isso aí não existe", disse o presidente do tribunal de contas, Fernando Guimarães.

Segundo ele, todas as aposentadorias têm irregularidade. O gasto com os benefícios indevidos, de acordo com estimativa da Assembleia, representa metade do valor pago a aposentados da Casa -R$ 1,7 milhão por mês.

Há casos de funcionários que foram aposentados com vencimentos bem maiores do que o salário que recebiam em atividade -como um segurança que se aposentou como procurador da Assembleia, com R$ 24 mil mensais.

Entre os procuradores aposentados, pelo menos 12 recebiam mais do que o teto.

O parecer do tribunal, entregue ontem à presidência da Assembleia, foi feito com base em auditoria contratada pela Casa, ao custo de R$ 67 mil, concluída em julho.

O documento faz uma série de recomendações, que incluem o corte imediato de todo benefício irregular e ressarcimento, pelos beneficiados, dos valores.

O presidente da Assembleia, deputado Valdir Rossoni (PSDB), promete iniciar os cortes no próximo mês.

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