quarta-feira, 14 de setembro de 2011

LITERATURA »

A plena poesia de Adélia Prado no CCBB Fonte: CORREIO 14/09

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Sobre a poetisa Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade uma vez disse: “Adélia é lírica, bíblica, existencial”. Por intermédio dele e de Affonso Romano de Sant’Anna, suas linhas ganharam a admiração das editoras, críticos e do grande público da literatura nacional. A professora saiu das salas de aula, depois de 24 anos de magistério, para alcançar o posto de uma das mais importantes escritoras do país. Adélia deixou a pequena cidade mineira de Divinópolis, onde passou toda a vida, para conversar com os leitores brasilienses. O encontro será hoje, às 19h30, no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), como parte do projeto Escritores brasileiros, que está em sua segunda edição em Brasília. Amanhã, às 20h, ela estará no Sesc Ceilândia.

Na cidade, falará sobre sua vida e a trajetória artística, que inclui 15 livros de prosa e poesia, seis antologias e duas obras em parceria com outros autores. “Há muito tempo, viajo com Adélia. Fizemos vários projetos juntos. A plateia enlouquece com ela, inclusive eu”, relata o curador e idealizador do projeto, Marcelo Andrade. O último encontro dos dois foi há cerca de oito meses, quando Affonso Romano de Sant’Anna esteve em Minas Gerais para um evento literário. “Ela estava na plateia e ele no palco, e os dois criaram um diálogo maravilhoso. Até de física quântica falaram, já que a Adélia anda estudando o assunto”, relatou Andrade.

Pela primeira vez no Escritores brasileiros, a obra literária não ganhará a interpretação de um ator. O curador sugeriu, e o CCBB acatou, que a própria Adélia selecionasse e fizesse a leitura de seus textos e poemas. O motivo é simples. “Ela é uma grande atriz, uma intérprete maravilhosa, ninguém a lê como ela mesma. Adélia vai na alma, é de uma dramaticidade, de uma verdade e de uma lucidez atordoantes”, elogia ele.

O interesse pela obra da escritora mineira é crescente, garante o curador do projeto. Por onde passa divulgando o trabalho de Adélia, ele encontra auditórios lotados. “Uma vez, a levei a um encontro com os estudantes da Universidade de Viçosa, em Minas, debaixo de uma chuva torrencial e não havia lugar para mais ninguém no auditório. São pessoas de todas as idades”, assegura.

Para que esse privilégio não fique restrito a universitários e aos frequentadores de livrarias, o projeto vai comprar alguns exemplares de cada escritor selecionado para esta edição, com o intuito de doar para bibliotecas públicas da cidade.

As atrações

Nesta segunda edição, o projeto já reuniu Ignácio de Loyola Brandão e Regina Duarte, Alcione Araújo e Eliane Giardini, Fabrício Carpinejar e Bidô Galvão, Tonio Carvalho e Ana Lúcia Torre. Em outubro, a obra de Geraldo Carneiro será lida pela atriz Mariana Ximenes. Escritores brasileiros se encerra em novembro, com o autor Carlos Herculano e o ator Daniel de Oliveira.

Projeto Escritores brasileiros

Com Adélia Prado, por ela mesma. Hoje, às 19h30, no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB — SCES Trecho 2 — 3310-7087). Amanhã, às 20h, no Sesc Ceilândia (QNN 27, Lote B, Ceilândia Norte - 3379-9500). Entrada gratuita, com ingressos distribuídos uma hora antes. Não recomendado para menores de 12 anos.

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Doidos divinos. Série de shows rende homenagem ao canto torto de grandes nomes da música brasileira dos anos 1960 e 1970 Fonte: CORREIO 14/09

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Personagens importantes da história da Música Popular Brasileira tiveram a trajetória marcada por assumirem posições pouco ortodoxas ou por terem sido levados a elas. Alguns deles serão homenageados em série de shows do projeto Anjos Tortos — A MPB Gauche na Vida, que ocupa, a partir de amanhã, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). As apresentações, de quinta-feira a domingo, sempre às 21h, prosseguem até 2 de outubro. Quem abre as homenagens é Max de Castro, amanhã e sexta, interpretando canções do pai, Wilson Simonal.

Há algo que, sob algum aspecto, une os artistas que são objeto de tributo de Anjos Tortos. De Wilson Simonal a Itamar Assumpção, passando por Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Waly Salomão, todos foram artistas geniais — e geniosos — que, em vez de se submeterem à mídia, tiveram como propósito fundamental viver e criar sempre com intensidade. “Queríamos trazer à cena parte do repertório primoroso de poetas populares, alguns deles à margem da indústria”, explica a curadora Monica Ramalho.

Na sequência de shows, sobem ao palco do CCBB: Jorge Mautner para celebrar Raul Seixas (sábado e domingo); Xangai para cantar Sérgio Sampaio (dias 22 e 23); Chico César para saudar Torquato Neto (24 e 25); Jards Macalé para lembrar Waly Salomão (29 e 30); Anelis Assumpção para reverenciar Itamar Assumpção (1º e 2 de outubro). “Convidamos cantores que, direta ou indiretamente, têm uma relação com esses baluartes da música brasileira”, acrescenta.

Max de Castro foi incentivado por Simonal no início da carreira. Jorge Mautner tem muita afinidade com o universo de Raul Seixas e de Paulo Coelho, o parceiro dele. Além de amigos, Sérgio Sampaio e Xangai eram compadres. O soturno Torquato Neto tem, no solar Chico César, um quase discípulo. Torquato é o autor da canção inspirada em poema de Carlos Drummond de Andrade que nomeia a série. A parceria entre Waly Salomão e Jards Macalé rendeu ao universo da MPB clássicos da importância de Mal secreto e Anjo exterminado, gravados por Maria Bethânia; e Vapor barato, com a qual Gal Costa brilhou intensamente no Fa-tal — espetáculo que entrou para a história do show business nacional, posteriomente registrado em álbum duplo. O vanguardista Itamar Assumpção, com obra irreverente e repleta de crítica social, teve a filha Anelis Assumpção como backing vocal, no começo da carreira dela. Influenciada pelo pai, ela produziu o primeiro álbum, sob o título Sou suspeita, estou sujeita, não sou santa.

Pai e filho

Todos os shows do Anjos Tortos serão temáticos e trarão no título referências aos artistas homenageados e aos que vão reverenciá-los. Amanhã e sexta-feira, na abertura da programação, o público assistirá ao espetáculo País tropical: sei de cor o amor que tenho por você. Sucessos inesquecíveis lançados por Simonal como Meu limão meu limoeiro, Vesti azul, Nem vem que não tem e, claro, Pais tropical serão recriados por Max de Castro.

Um dos mais influentes representantes de sua geração, Max vai mostrar também canções autorais, entre elas E ocaso de perguntar, A ciranda ao redor da galáxia e Candura; e parcerias com Erasmo Carlos (A história da morena nua), Seu Jorge (Nego do cabelo bom), Marcelo Yuka (Os óculos escuros de Cartola) e Bernardo Vilhena (Samba raro e Onda diferente). Ele será acompanhado pela banda formada por Robinho Tavares (baixo), Márcio Forte (percussão), Bruninho Marques (bateria), Sidmar Vieira (trompete) e Denilson Martins (sax).

Na estreia do projeto, antes do show, às 19h, Monica Ramalho (brasiliense radicada no Rio de Janeiro desde os dois meses de idade) vai mediar mesa-redonda, com a participação de Toninho Vaz, Fred Coelho e Luiz Carlos Maciel. O mote do debate será a contracultura, produzida no país nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Toninho aproveitará para lançar o livro Solar da fossa — Um território de liberdade, impertinências, ideias e ousadias (Editora Casa da Palavra), sobre casarão em Botafogo (RJ) onde moraram, na época da ditadura, nomes de destaque das artes nacionais, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Paulinho da Viola, Torquato Neto e o escritor e senador Cristovam Buarque.

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Duas perguntas - Max de Castro

Que tipo de influência você absorveu de Simonal?

Está literalmente no DNA. Convivo com o legado deixado por ele desde que nasci. Tomei contato com a obra de meu pai antes de desenvolver o gosto pela música. Destacaria o bom gosto, a musicalidade, o balanço e a capacidade de comunicação

Qual disco melhor representa a trajetória dele?

Simonal não era um artista só de disco. Ele era brilhante no palco, um showman que cantava, dançava, contava piadas e ainda apresentava programa na tevê. Entre os discos, destaco A nova dimensão do samba (1964), Show em Simonal – Ao vivo (1967) e a série Alegria alegria (de 1967 a 1969).

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ARTES VISUAIS »África em dois tempos

Exposição no Museu da República traz um pouco do que será o principal espaço da cultura afro-brasileira na Bahia Fonte: CORREIO 14/09

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A história percorrida pelas exposições que ocupam a galeria principal do Museu Nacional da República tem duas pontas, um começo e nenhum fim. Começa na África e segue ramificações por dois continentes e um oceano. A primeira parada é em Angola, onde o fotógrafo Sérgio Guerra acompanhou grupos da etnia hereros para realizar ensaio homônimo. Ao fundo da galeria está o embrião do que será o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira da Bahia. Duas pontas da África que se encontram graças à curadoria de Emanoel Araújo e do compositor José Carlos Capinam.

A dupla passou parte da última semana na capital para montar a exposição e pedir ao Ministério da Cultura (MinC) a segunda parcela de um repasse de R$ 9,9 milhões destinados ao projeto. O único museu baiano dedicado à cultura afro-brasileira funciona dentro da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tem mais utilidade acadêmica do que comunitária, por isso Capinam idealizou o plano de criar um espaço para a comunidade poder refletir e dialogar com a matriz africana da formação brasileira.

A ideia amadureceu na Sociedade de Amigos da Cultura Afro-Brasileira (Amafro), presidida pelo compositor baiano. “A proposta expográfica é ter um roteiro em que a contribuição africana possa ser vista em várias situações como a língua, a religião, a maneira de se vestir, de ser, a maneira de o negro falar, a capoeira, a arte. Vai contar essa grande influência que temos da matriz africana e da qual não se fala, não se mostra e que não interessa às vezes saber”, diz Capinam, que planeja para novembro a inauguração.

Brasília será a primeira a conhecer o acervo do novo museu. Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil de São Paulo, ficou responsável por reunir a coleção. A instituição baiana já nasce com política de aquisição e o curador contou com R$ 600 mil para comprar as primeiras obras. Além de doações de artistas e da coleção de Carybé, cedida em comodato, Araújo foi em busca de peças capazes de contar a presença negra na arte brasileira desde o século 18.

Esculturas sacras em madeira dividem espaço com instalações como as de Tiago Gualberto, construída com retratos e pequenas garrafas de vidro, e fotografias de Walter Firmo e Eustáquio Neves. A vertente popular de Mestre Didi e dos ex-votos encontra diálogo na erudição de Rubem Valentim e há toda uma sessão para os pintores de origem negra do século 19 e a representação a partir do olhar do branco em gravuras de Jean Baptiste Debret e pinturas de Rugendas.

Emanoel espera assim poder conduzir o público pela história do negro em todo o país. “É um museu abrangente, a ideia é incorporar um acervo nacional porque o que se passa na Bahia não é o mesmo que se passa no Rio Grande do Sul e o que se passa no Rio Grande do Sul não é o mesmo que se passa em Pernambuco. O museu precisa ter uma versatilidade de exatamente envolver, é um projeto mais ambicioso que apenas um museu afro-brasileiro. Pretende envolver questões como os artistas negros, mulatos e mestiços ou até brancos que foram importantes na formação da cultura nacional”, avisa o curador. “Vai entrar arte contemporânea e todas as manifestações que estão ocorrendo no Brasil.” Araújo procurou seguir as mesmas noções que nortearam a fundação do museu paulistano, embora a instituição baiana esteja destinada a ocupar espaço menor.

Contemporâneo

Emanoel Araújo também foi responsável por selecionar as imagens de Sérgio Guerra para a exposição Hereros, ensaio sobre uma etnia isolada e espalhada entre Namíbia, Angola e Botswana. Guerra estabeleceu o primeiro contato com os hereros há 12 anos, quando fazia uma série de programas para a televisão angolana. Em 2007, decidiu transformar a convivência em um trabalho. Além das imagens expostas no Museu Nacional da República, os hereros serão tema de documentário ainda em fase de edição.

Guerra se limitou a cinco grupos distribuídos pelo deserto no interior de Angola. “Os hereros são uma raiz étnica, vieram do norte da África há mais ou menos 800 anos. Se instalaram na região e se dividiram em grupos. Adquiriram uma língua própria e uma forma de se vestir. No fundo, o que me atraiu foi meu desejo de conhecê-los, de me aproximar de outras lógicas que não eram a minha”, conta o fotógrafo.

Não há intenção documental alguma no ensaio de Guerra. A intimidade cultivada entre os hereros encontra refúgio em retratos expressivos que, vez ou outra, deixam entrever o modo de vida da etnia. “É uma exposição muito estética. Gosto de fotografar pessoas e o que mais me atrai na fotografia é conseguir enxergar pessoas de forma bonita. O ensaio não tem um critério documental e não é antropológico.”-

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Hereros

Coleção inicial do acervo do Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira, visitação até 23 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios)

Três perguntas - Capinam

O que o museu vai acrescentar para o universo da cultura afro?

A gente já tem 10 anos de trabalho, há uma cobrança muito grande da comunidade afro-descendente pela importância do negro na formação da cultura brasileira e também por ser Salvador a cidade com cara e alma negras. Isso é muito importante que aconteça. O centro histórico de Salvador hoje está degradado e o museu e outras iniciativas são projetos estruturantes que podem ajudar. É uma casa de produção do conhecimento que vai abordar sobretudo a cultura afro-brasileira, dar visibilidade a essa contribuição à matriz africana. A cidade de Salvador já é um acervo. Porque não é um museu da porta pra dentro, é um museu que existe no exterior dele próprio.

O que é a árvore da memória, uma instalação que você mesmo propôs para o museu?

Temos uma memória não com função de voltar ao passado, mas de voltar às matrizes. Os antepassados deixaram muita cultura para nós. E a civilização africana nos trouxe muito saber, muitas formas de pensar e fazer. O que é a árvore da memória? Quando os africanos eram presos e embarcados em navio negreiro, eles passavam por um ritual muito cruel. Eram obrigados a dar voltas em torno de uma árvore e eram solicitados a dizer que deixavam ali tudo que eram, o nome, a religião, os costumes. Esse ritual se chamava árvore do esquecimento. A árvore da memória é o outro lado, o lado por onde saíram. A primeira tentativa de se inventar esse país saiu dali, eles foram inventando o Brasil, com os índios e o colono português. Criaram este país que gosto de dizer que é a diversidade cultural mais bem-sucedida do planeta. E é isso que a gente quer mostrar.

Por que é bem-sucedida?

Porque o Brasil é bonito, é criativo, é inventivo, o povo brasileiro vence as suas dificuldades, chegou até aqui na adversidade. O escravo ganhou a coisa mais importante, deixou o legado mais importante para a civilização brasileira que é o sentido da liberdade, a vontade de ser liberto, de se fazer.

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Procurador musical

O instrumentista brasiliense e promotor de justiça Antônio Carlos Bigonha se apresenta no Clube do Choro para divulgar o novo disco

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Antônio Carlos Bigonha é daquelas pessoas que gostam de melhorar a vida dos outros. Ele tem duas ocupações nobres. A primeira é a de procurador da República combatendo os crimes do colarinho branco na capital. A segunda é a de músico, iniciada aos sete anos, que gerou o CD Urubupeba, com uma mistura intrumental entre MPB, jazz e bossa nova. Para celebrar o lançamento do segundo disco da carreira, ele se apresenta em uma turnê de três shows no Clube do Choro, hoje, amanhã e sexta-feira.

Urubupeba é uma produção independente e constituída por 13 músicas instrumentais com arranjos compostos pelo maestro Dori Caymmi. A participação do músico foi essencial para que o disco ficasse no ponto desejado por Bigonha. “O Dori foi muito importante para dar o tom certo ao trabalho, ele chegou exatamente aonde eu gostaria”, comenta o instrumentista e procurador. Outros 20 músicos participaram do processo de gravação.

Sobre o estilo do novo disco, Bigonha enfatiza que o projeto gira em torno de um dos grandes compositores da música popular brasileira. “O CD partiu de uma vontade de homenagear todo o universo sonoro do Tom Jobim. Esse trabalho é, na verdade, um reconhecimento ao maestro.” O nome Urubupeba foi escolhido propositalmente, afinal o parceiro de Vinicius de Moraes adorava chamar o urubu dessa forma.

Apesar de ser uma homenagem ao maestro, o disco também tem uma cara própria. Segundo Bigonha, os arranjos, que, por vezes, puxam para o jazz, foram trabalhados de maneiras diferentes. “Chegamos a um tom que é, ao mesmo tempo, moderno, instrumental e jombiniano”, explica o procurador da República.

Carreiras

Bigonha lançou o primeiro disco em 2004. O álbum Azulejando contava com a participação de músicos como Toninho Horta, Juarez Moreira, Marina Machado e Flávio Henrique. Desde então, o trabalho do artista brasiliense começou a ganhar destaque no cenário nacional. Em seu último CD (Sem poupar coração), Nana Caymmi gravou a canção Confissão, de autoria do procurador. Ele também participou da produção de Flor de pão, de Simone Guimarãres — trabalho indicado ao Grammy Latino.

O compositor e poeta Paulo César Francisco Pinheiro entende que é na música que o procurador tem mais destaque. Ele declara isso abertamente no texto de apresentação de Urubupeba. “Bigonha, como procurador da República, talvez tenha achado seu meio de vida, mas como procurador de música é que acho que encontrou, de sua vida, a verdadeira essência.”

O procurador reconhece que a carreira de músico é mais difícil que a função exercida no Ministério Público. “Tenho uma carreira totalmente independente, o que acaba gerando um custo muito alto e uma quantidade grande de trabalho. Mas não me arrependo nem um pouco do meu esforço. É tudo muito prazeroso”, enfatiza.

Quatro perguntas - Antônio Carlos Bigonha

Por que homenagear Tom Jobim?

Acho que o Tom foi quem conseguiu modernizar a música popular instrumental brasileira. Digo isso porque ele pegou toda a influência de Villa-Lobos, Ary Barrosos e transformou aqueles arranjos e algo mais moderno.

Como é conciliar suas duas carreiras?

O MP te obriga a ter uma disciplina que se mostra muito importante na música. Ao mesmo tempo, acho que a música humanizou o meu trabalho de procurador, dá uma alteridade. Afinal, o artista sempre trabalha olhando para o outro, pensando no público.

Além do Tom quais são suas influências?

Escutei muitas coisas de diversos músicos, como por exemplo, o compositor Ernesto Nazaré. Também gosto mundo das coisas que conheci durante os estudos de música, da formação clássica, dos prelúdios de Chopin e Debussy.

Como é ser um músico independente?

É sempre mais difícil, mas ao mesmo tempo é mais livre. Levei três anos para produzir o Urubupeba, mas consegui chegar ao resultado que eu queria. É mais difícil, mas está do jeito que eu desejava.

URUBUPEBA

Segundo disco da carreira de Antônio Carlos Bigonha, composto por 13 faixas, lançamento independente. O CD será vendido no Clube do Choro ao preço de R$ 25.

Urubupeba

Show de apresentação do CD Urubupeba de Antonio Carlos Bigonha, hoje, amanhã e sexta-feira, no Clube do Choro (Eixo Monumental), a partir das 21h. Classificação indicativa: 14 anos. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

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CINEMA » O Candango é delas

Com a Mostra Diretoras Premiadas começa hoje a programação oficial do 44º Festival de Brasília. As exibições serão ao ar livre em cinco cidades do DF Fonte: CORREIO 14/09

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A cerimônia de abertura do 44º Festival de Brasília está marcada para o dia 26, daqui a duas semanas. Mas a mostra mais tradicional de cinema do país começa oficialmente hoje, com o ciclo Diretoras Premiadas. Até 16 de outubro, ao ar livre, será exibida uma série de filmes vencedores de Candangos. O Cine Brasília, a tela número 1 do festival, não faz parte deste circuito paralelo, que abarca Ceilândia, Taguatinga, Planaltina, Sobradinho e Gama. “A intenção é animar o festival nas satélites. E criar uma programação para um momento da história do Brasil em que acreditamos ser interessante ressaltar a importância das mulheres”, explica Nilson Rodrigues, coordenador-geral do evento.

O projeto coloca em prática uma das mudanças na estrutura do festival que foram anunciadas pela Secretaria de Cultura do DF: a ampliação da mostra para além do Plano Piloto. A partir deste ano, a mostra competitiva será exibida simultaneamente no Cine Brasília, no Cinemark Taguatinga Shopping, no Teatro de Sobradinho e no Teatro Newton Rossi (Ceilândia). Em todas as salas, segundo Nilson, o público poderá participar da eleição do melhor filme segundo o júri popular. A meta da secretaria é divulgar, nas sessões da mostra Diretoras Premiadas, o pacote de novidades do festival — que, entre outras alterações no regulamento, derrubou a exigência de ineditismo para longas em competição.

Mas o impacto dessa e de outras transformações será assimilado a partir do dia 26. Na caravana que dá partida hoje em Ceilândia, na avenida Córrego das Corujas (em frente à Escola Classe 66 – Sol Nascente etapa 3), o tom é de retrospectiva e homenagem. O programa do ciclo prevê longas das cineastas Laís Bodanzky (Bicho de 7 cabeças), Tetê Moraes (Terra para Rose), Lúcia Murat (Que bom te ver viva) e Anna Muylaert (É proibido fumar). “O exemplo mais relevante é A hora da estrela, de Suzana Amaral, o filme mais premiado da história do festival”, observa Nilson. Os filmes serão exibidos sempre de quarta-feira a domingo. A última sessão será em 16 de outubro, no Gama.

Memoráveis

Cada um dos filmes selecionados guarda histórias de sessões marcantes no Cine Brasília — a “revanche” de Rodrigo Santoro, vaiado na apresentação de Bicho de 7 cabeças e aplaudido ao fim do filme, é um dos casos surpreendentes que o cinéfilo não esquece. Uma curiosidade do ciclo de filmes, no mais, é valorizar curtas e médias que também entusiasmaram o público, mas que (prejudicados pela circulação restrita do formato) foram pouco vistos. Em 1993, auge da crise pós-Collor, Diário noturno, de Monique Gardenberg (Benjamin), bateu na tela como um sinal vibrante de resistência: recebeu o Candango de melhor curta e, defendido por uma ótima atuação de Marieta Severo, foi aplaudido por longos minutos. Já no média Caligrama, vencedor de 1995, Brasília descobria Eliane Caffé, diretora de Narradores de Javé.

Além de alternar fitas curtas e extensas, a programação também equilibra documentário e ficção. Os títulos documentais permitem que o público reencontre não apenas a trajetória do festival, mas episódios recentes da história do país, como a ascensão do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), em Terra para Rose; as dores da ditadura militar, em Que bom te ver viva; e a questão indígena, em Cidadão Jatobá. Filmes que vão servir de aquecimento para uma edição que, na mostra competitiva de longas, terá três mulheres na disputa: Tata Amaral (Hoje), Juliana Rojas (codiretora de Trabalhar cansa) e Ana Rieper (Vou rifar me coração).

Tempo de oficinas

Termina sexta-feira o período de inscrições para as cinco oficinas do 44º Festival de Brasília. As atividades — que têm o objetivo de aperfeiçoar o trabalho de atores, diretores e animadores — serão oferecidas gratuitamente pela Secretaria de Cultura. Uma das classes será ministrada pelo ator Nelson Xavier, que dará aula de interpretação para atores que já têm experiência no ramo. Já a cineasta Suzana Amaral ensinará sobre técnicas de direção de atores. A diretora e atriz Luciana Martuchelli, o ator e diretor Wellington Abreu e o diretor de animações Ítalo Cajueiro também lecionarão durante a mostra. Inscrições pelo e-mail inscricoesfestbrasilia@gmail.com.

Diretoras Premiadas no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Mostra de cinema, de hoje a 16 de outubro. Até domingo, na avenida Córrego das Corujas, em frente à Escola Classe 66 — Sol Nascente etapa 3 — Ceilândia. Sessões diárias às 19h30, com entrada franca. Classificação indicativa livre.

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Professor, a receita das boas escolas de Brasília. Aposta em estrutura e bons professores Fonte: CORREIO 14/09

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Cada uma das escolas particulares do DF mais bem avaliadas pelo Exame Nacional do Ensino Médio tem uma explicação para o lugar de destaque no ranking publicado ontem pelo Correio. Mas, em comum, elas afirmam que apostam na qualificação e no pagamento de bons salários ao seu corpo docente.

Em comum, instituições do DF mais bem colocadas no exame investem na contratação de profissionais capacitados e em equipamentos . Alguns salários chegam a R$ 28 mil

Professores gabaritados, currículo amplo e boa infraestrutura são os segredos das escolas de Brasília que conquistaram as melhores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os colégios que aparecem no topo do ranking do Distrito Federal investem pesado na contratação de docentes qualificados eem equipamentos para as salas de aula e laboratórios. Atividades extracurriculares, aulas de reforço e plantões para tirar dúvidas também são atividades comuns às instituições mais bem colocadas da capital federal.

Líder do ranking do Enem no DF, o Colégio Olimpo cobra mensalidade de R$ 1.412 e mantém uma rígida seleção de docentes. "O candidato tem que comprovar conhecimentos técnicos e pedagógicos. Ele também deve se comprometer a fazer cursos de especialização, como pós-graduação, mestrado ou doutorado", conta o diretor de Ensino do Grupo Olimpo, Dalton Franco.

No Galois, a escolha de bons profissionais também é apontada como um dos diferenciais. "O professor tem que mostrar a sua formação técnica, além de habilidades de relação interpessoal. Não nos satisfazemos apenas em colocar o aluno em um regime cartesiano de estudo. Já usamos isso e, ao longo dos anos, percebemos que o estudante não é feliz sofrendo tanta pressão por conta do vestibular e da cobrança por resultados", explica a presidente do Grupo Galois, Dulcineia Marques.

Bem remunerados

Além do investimento em tecnologia, infraestrutura e material didático, o diretor do Sigma, Reginaldo Loureiro, atribui ao corpo docente a responsabilidade pelo sucesso da escola. "Boa estrutura não serve para nada sem bons profissionais. Temos professores bem remunerados e muito bem preparados. Alguns chegam a ganhar mais do que um ministro do Supremo Tribunal Federal", revela o diretor da unidade. "Também oferecemos plantões de dúvidas e aulas de aprofundamento, que ajudam muito os estudantes do 3º ano", acrescenta Reginaldo.

Os estudantes também reconhecem a importância dos docentes na qualidade da educação. Mateus Kavamoto, Daniela Lopes e Amanda Carneiro, todos com 17 anos, são alunos do Sigma e estão inscritos na prova do Enem deste ano. "A participação dos professores é essencial para conseguirmos um bom rendimento", conta Mateus. "Como a UnB ainda não aceita a nota do Enem em substituição ao vestibular, muitos estudantes de Brasília não levam o exame a sério. Mas eu acho uma excelente oportunidade para avaliar os meus conhecimentos", justifica Amanda.

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MÚSICA. Marisa Monte solta canção inédita na internet

A cantora disponibiliza hoje em seu site (www.marisamonte.com.br) uma das faixas de seu oitavo disco, que deve ser lançado até o fim do ano. A carioca tem usado o endereço eletrônico como fonte oficial de divulgação do álbum, apresentando vídeos e fotos e respondendo a perguntas dos fãs. Fonte: folha 14/09

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Produção impecável marca o centenário do Municipal. Ópera 'Rigoletto' reúne direção cênica precisa e solistas de altíssimo nível Fonte: folha 14/09

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Conta-se que a inauguração do Theatro Municipal teria causado um grande congestionamento em São Paulo na noite de 12/9/1911.

O concerto comemorativo do centenário, anteontem, não pegou, portanto, o paulistano desprevenido.

Cem anos de trânsito, cem anos de ópera: "Rigoletto", do compositor italiano Giuseppe Verdi (1813-1901), é a primeira produção assinada pela casa após quase três anos de reforma.

Se servir de parâmetro para o que se almeja fazer nas próximas temporadas, podemos realmente celebrar.

É verdade que os discursos dos políticos presentes, como o prefeito Gilberto Kassab e a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, atrasaram não apenas o início da apresentação mas igualmente dilataram os dois intervalos, o que causou certo esvaziamento de público no ato final.

Mas nada disso atingiu drama ou música. A direção cênica de Felipe Hirsch é precisa, bem contornada pela cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara e pela iluminação de Beto Bruel.

Tendo em vista o altíssimo nível dos solistas principais -o barítono irlandês Bruno Caproni como o bufão corcunda Rigoletto, a soprano russa Alexandra Lubchansky como Gilda, sua filha, e o tenor ítalo-americano Leonardo Capalbo como o duque de Mântua- foi possível conduzir a música com largueza e flexibilidade.

O regente Abel Rocha colocava os músicos no tempo dos cantores, sem pressa, e interagia de maneira notável com a limpidez vocal e a personalidade cênica de Caproni e Lubchansky.

Essa não ansiedade, construída com calma e certeza, dava o tempo da emoção.

"Rigoletto" estreou em Veneza em 1851. A maldição anunciada por Monterone (Stephen Bronk, em ótima aparição), ele mesmo um amaldiçoado, é a que se abate sobre homens em um mundo no qual as mulheres nada são além de objeto de prazer violento e cínico.

Nenhuma "donna" é "mobile" na peça: ao contrário, a volubilidade sem escrúpulos pertence obviamente ao próprio duque, que canta a ária famosa em si maior.

Assim, quando uma jovem como Gilda entrega gratuitamente a própria vida, realiza a maldição sobre o pai, já que os velhos não podem preservar suas filhas da violência que eles mesmos praticam fora de casa. A maldição é um círculo perverso.

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Segurança pública e direitos humanos . O debate sobre a questão criminal é distorcido quando se antagoniza os imperativos dos direitos humanos e os da segurança pública Fonte: folha 14/09

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Em coluna na Folha ("A miséria da sociologia", de 29/8), Vinicius Mota interpreta a manifestação de leitores a favor de ações policiais violentas como decorrência do fracasso do "pensamento acadêmico-ongueiro dos direitos humanos", que relativizaria a importância da responsabilidade individual pelo delito, desconsiderando a importância da repressão penal.

O diagnóstico nos parece equivocado. Conforme pesquisa da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, cresce o apoio aos direitos humanos, especialmente entre a população jovem e mais bem-educada. Por outro lado, os avanços, ainda que tímidos, na contenção da violência policial em São Paulo decorrem, em boa parte, do trabalho de organizações da sociedade civil na denúncia de abusos e no fortalecimento de uma cultura dos direitos, dentro e fora da polícia.

Polícia é instituição fundamental numa democracia. Submetê-la a controle e transparência é fator central para alcançarmos novo patamar civilizatório. A alternativa aos direitos humanos na segurança pública é o modelo "Rota na rua", da polícia que atira antes de perguntar, em inocentes e culpados.

As experiências bem-sucedidas de redução da criminalidade têm sido as capazes de mobilizar a participação efetiva das diversas instituições e dos cidadãos no processo de identificação e gestão dos problemas. Observa-se, em diversos Estados, produtiva aproximação entre integrantes do mundo "acadêmico-ongueiro" e policiais comprometidos com o respeito à lei.

Mas política de segurança participativa não se sustenta com polícia corrupta e violenta. Sem honestidade, profissionalismo e transparência, a polícia não adquire o respeito e a confiança da população. Sem confiança, não há eficiência.

Consolida-se, no Brasil e no mundo, uma nova cultura progressista de prevenção criminal, caracterizada pela diversificação das respostas sociais e governamentais aos problemas do crime e da insegurança. Não há ator social que não possua responsabilidade na gestão da segurança do espaço urbano.

A eficácia da resposta repressiva depende de sua capacidade de articulação com outros espaços de intervenção, nas áreas de educação, planejamento urbano, saúde, regulação bancária, etc. Quando se avalia o êxito das experiências de Bogotá ou Medellín, medidas como implantação de ciclovias e bibliotecas, educação no trânsito e aprimoramento da repressão penal são colocadas no mesmo patamar.

O debate público sobre a questão criminal é distorcido quando se antagoniza os imperativos dos direitos humanos e os da segurança pública. A responsabilidade do Estado é produzir políticas públicas de segurança dentro da legalidade. As organizações de direitos humanos têm por missão contribuir para a ampliação do respeito aos direitos, e uma de suas estratégias é denunciar aqueles que os violam.

Elas não podem ser recriminadas por fazê-lo. Pelo contrário, devem aumentar os seus esforços para demonstrar a falácia de discursos que, em nome do medo e da insegurança, concedem "permissões para matar". Polícia violenta é fator de insegurança social.

OSCAR VILHENA VIEIRA, professor e diretor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas, é membro do Conselho da Conectas Direitos Humanos.

RENATO SÉRGIO DE LIMA, sociólogo, é secretário executivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

THEO DIAS, advogado criminal, é professor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas.

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Advogados criticam novo Código Florestal. Relatório de senador do PMDB contém inconstitucionalidades, dizem especialistas. Fonte: folha 14/09

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Advogados reunidos ontem no Senado para debater a reforma do Código Florestal dizem que o texto em análise contém inconstitucionalidades e outras falhas.

Hoje o relatório do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) sobre a proposta começa a ser discutido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O governo já havia apontado problemas "técnicos", mas tem evitado criticar seu teor.

A promotora do Ministério Público de São Paulo Cristina de Araújo Freitas, uma das especialistas ouvidas pelos senadores ontem em audiência pública, afirmou que o texto contraria o princípio constitucional de defesa do meio ambiente.

Ela atacou o fato de o novo Código introduzir o conceito de "área rural consolidada", na qual o desmatamento que já feito poderia ser legalizado. Tal figura não existe no Código em vigor, que prevê multa para todo desmatamento irregular e compensação dos passivos, seja por reflorestamento, seja por compra de áreas de floresta.

"A consolidação dessas áreas permeia todo o texto, regularizando as intervenções ilegais e transformando o passivo ambiental em lei", afirmou a procuradora.

O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Herman Benjamin cobrou melhoras no texto sobre a legalização de atividades agrícolas nas áreas de preservação permanente, ou APPs. Para ambientalistas, essa medida representa uma anistia, algo que a presidente Dilma Rousseff se comprometeu a vetar.

Outro ponto sensível é a delegação de competência para desmatar aos Estados.

Na semana passada, o senador mudou trecho do relatório no qual deixava com o "chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual" a prerrogativa de fixar critérios para desmatamento em APP.

Na nova versão, apresentada ao senador Jorge Viana (PT-AC), relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente, a decisão será só "do chefe do Poder Executivo".

No Senado, o Código terá que ser analisado pelas comissões de Constituição e Justiça, Ciência e Tecnologia, Agricultura e Meio Ambiente. Se aprovado, segue para votação no plenário.

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Ex-ministros cobram Comissão da Verdade. Membros das gestões FHC e Lula vão ao Congresso pressionar por aprovação de projeto para 'consolidar democracia'

Congressistas ligados à esquerda impõem obstáculo ao defender texto mais forte contra agentes da ditadura Fonte: folha 14/09

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A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e outros cinco ex-titulares da pasta foram ontem ao Congresso para pressionar pela votação o projeto que cria a Comissão da Verdade, proposta para construir a narrativa oficial de violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988.

Com o argumento de que a comissão é um interesse suprapartidário, o grupo entregou aos presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um documento em que pede a aprovação do projeto "para a consolidação do regime democrático".

Além de Rosário, foram ao Congresso José Gregori, Gilberto Saboia e Paulo Sérgio Pinheiro, da gestão de Fernando Henrique Cardoso, e Nilmário Miranda e Paulo Vannuchi, da era Lula.

Também ontem, José Genoino, assessor especial do Ministério da Defesa, e a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) participaram de um almoço com líderes da base aliada na Câmara, no qual a votação da Comissão da Verdade foi tratada.

Inicialmente, a vontade do governo era levar o projeto a plenário nesta semana. Como a pauta está travada por medidas provisórias, o mais provável é que isso só ocorra na quarta-feira da próxima semana, segundo a ministra e o presidente da Câmara.

Um dos obstáculos à aprovação da comissão vem de parlamentares da própria esquerda, que acham o projeto muito ameno.

Eles queriam que o texto trouxesse punições a agentes públicos responsáveis por mortes e torturas na ditadura militar (1964-1985).

Antes mesmo de o projeto ser votado, pessoas ligadas ao combate do regime militar e integrantes do governo já começam a delinear o perfil dos sete membros que farão parte da comissão.

Para o ex-ministro Paulo Vannuchi, os membros do grupo terão de, idealmente, ser estudiosos do período, mas apartados das disputas políticas e ideológicas que o marcaram.

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