quinta-feira, 29 de setembro de 2011

LIMINAR Justiça suspende obra da usina de Belo Monte

A Justiça Federal no Pará considerou que mil famílias que dependem da pesca serão prejudicadas pela usina. Na liminar, o juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins, da 9ª Vara Ambiental, proíbe "qualquer obra que venha a interferir no curso natural" do rio. A decisão foi resultado de uma ação da Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (PA). FSP 29.09

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Sobreviventes do Legião Urbana tocam acompanhados de sinfônica

Se a abertura do Rock in Rio 4, na última sexta, não arrancou suspiros com a homenagem de Milton Nascimento a Freddie Mercury (1946-1991), o show que inaugura o segundo fim de semana promete emocionar. Ao menos os órfãos do Legião Urbana. FSP 29.09

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O ensino médio e as expectativas de aprendizagem. Superintendente-executiva do Instituto Unibanco CorreioBsB 29.09

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Um fato possivelmente desconhecido da maioria dos brasileiros é o de que não existe no Brasil um currículo mínimo em nível nacional. Contamos apenas com "diretrizes curriculares" que, como não poderia deixar de ser, apresentam somente indicativos orientadores da definição dos conteúdos curriculares. Na maioria dos casos, essa definição cabe às escolas e, quando não, ao próprio professor.

São poucos ainda os estados que determinaram seus currículos únicos. A defesa dessa autonomia se baseia na ideia do respeito à diversidade cultural brasileira. Um exemplo das consequências dessa liberdade é o caso de uma estudante de ensino médio, filha de militar, que cursou cada série em um estado da Federação. Na primeira série, em física, o foco foi magnetismo. Na segunda série, estudou magnetismo e, na terceira, magnetismo. A par de ter tido a oportunidade de desenvolver uma "personalidade magnética", a aluna não ouviu sequer falar em nenhum outro campo da física.

Na verdade, a par do respeito às diferenças culturais, deveria ser respeitado o direito de todo jovem, independentemente de sua contingência geográfica, cultural, social ou econômica, desenvolver, ao final de seu ensino básico, as habilidades e competências consideradas essenciais para sua inserção no mercado de trabalho ou para a continuação dos estudos. Mas quais seriam essas competências? Essa é uma pergunta que vale um milhão.

Durante décadas, coube aos livros didáticos a definição dos currículos. Com a instituição das avaliações em larga escala, em nível nacional, as matrizes de competência, construídas para os exames de final do ensino médio (Saeb e Enem), tornaram-se as "diretrizes" para as definições curriculares. Ou seja, em vez de o currículo determinar a matriz de avaliação, ela vem definindo o currículo.

A nova proposta de Diretrizes Nacionais Curriculares para o Ensino Médio (DCNEM 2011) é enfática na necessidade urgente da definição de "expectativas mínimas de aprendizagem", em nível nacional, para o final desse ciclo. A mudança de nomenclatura, além de ter a possibilidade de escapar das infindáveis discussões sobre currículo mínimo, ainda carrega a vantagem de inverter o foco. Na questão do currículo, o foco é o ensino, enquanto nas expectativas, o foco é a aprendizagem. Isso corrobora um movimento que evoluiu do "direito à educação" para o "direito de aprender".

Estabelecido o foco na aprendizagem, voltamos à pergunta básica. Afinal, quais seriam as expectativas mínimas de aprendizagem necessárias ao final do ensino básico? Mínimas para garantir tanto o caminho do trabalho quanto o da universidade, para todos os jovens brasileiros. A partir desse mínimo seria possível agregar outras competências, em função das características locais ou pessoais do estudante.

O desafio maior é justamente definir o mínimo. A tendência devastadora será partir dos atuais 14 componentes curriculares obrigatórios, e mais seis transversais, cujos especialistas consideram cada detalhe de sua área como absolutamente fundamental. Se formos por esse caminho, chegaremos, sem dúvida, a um mínimo mega que aumentará o desânimo de nossa juventude, já tão perdida no emaranhado da proposta enciclopédica de nossas escolas.

Se conseguirmos chegar às expectativas essenciais de aprendizagem ao final do ensino médio, teremos dado um passo fantástico no sentido de reorganizar o currículo de todo o ensino básico. Com os parâmetros iniciais (todas as crianças alfabetizadas) e os finais (expectativas básicas ao término do ensino médio), ficaria mais fácil definir expectativas para os pontos críticos em que ocorrem mudanças na estrutura curricular – o final da nona e da quinta séries.

O caminho poderia ser "de trás para a frente". Já que, ao final de seus estudos básicos, um aluno necessitaria aprender no mínimo X, qual seria seu desempenho necessário ao final do fundamental e o que precisaria ter aprendido ao término do primeiro segmento? A clareza sobre as expectativas, ao final de cada uma dessas etapas, possibilitaria um trabalho de correção de deficiências antes do início de nova fase, de forma a evitar o maléfico acúmulo de lacunas que leva quase sempre ao abandono.

Estabelecidas tais expectativas, teríamos também a possibilidade de restabelecer a lógica do processo, partindo delas para a revisão das matrizes de competência do Saeb e do Enem e, quem sabe, transformando o último num exame universal e obrigatório para o final do ensino básico.

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Um passado que não quer calar

Vencedora do Candango de melhor direção em 1996, a paulistana Tata Amaral retorna à mostra competitiva com Hoje, um drama intimista sobre as sequelas da ditadura militar CorreioBsB 29.09

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Quinze anos passaram desde que Tata Amaral exibiu um filme na competição do Festival de Brasília. Mas as memórias daquela noite de sábado são do tipo que não desaparecem facilmente. Primeiro porque Um céu de estrelas, de 1996, era o longa-metragem de estreia da paulistana. E segundo porque a sessão no Cine Brasília — dividida com a comédia romântica Pequeno dicionário amoroso, de Sandra Werneck — provocou reações intensas na plateia (para o bem e para o mal). “Metade aplaudiu, metade vaiou”, conta a diretora. “Mas lembro que alguém aí de Brasília veio me dizer que aquele era um ‘filme do dia seguinte’, que vai batendo aos poucos. Foi uma sessão emocionante.”

Assimilado o choque, Brasília soube admirar o impacto de Um céu de estrelas — um drama violento, confinado numa casa na Mooca, periferia de São Paulo — e reservou a Tata o Candango de melhor direção, o segundo da carreira (o anterior veio pelo curta Viver a vida, de 1991). O roteiro, adaptado de um romance de Fernando Bonassi, também agradou ao júri e saiu premiado. Para quem acompanhou aquela edição do festival, o filme novo da cineasta deve instigar algumas comparações inevitáveis: também inspirado em um livro de Bonassi (Prova contrária), Hoje é encenado entre as paredes de um apartamento. E os personagens principais são uma mulher e um homem: Vera e Luiz.

Outros caminhos

As semelhanças entre os filmes não param aí — uma das cenas, em que Vera oferece um café a Luiz, acena diretamente ao longa de 1996. São as divergências entre os projetos, no entanto, que descortinam uma experiência incomum para Tata, 51 anos. “Durante as filmagens, me senti caminhando para um outro lugar. Esse filme é completamente diferente de tudo o que fiz”, resume. Se Um céu de estrelas usava uma lente trêmula para narrar a relação trágica entre uma cabeleireira e um metalúrgico, Hoje cria fissuras no tom realista que transbordava naquele e nos outros longas da cineasta (Através da janela, de 2000, e Antônia, de 2006). “O filme vai esgarçando os limites do realismo, só que de uma forma sutil, que acontece devagarinho”, explica.

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Cautelosa, Tata seleciona as palavras que não revelam as surpresas de Hoje, que terá a primeira exibição mundial logo mais à noite, na mostra competitiva do festival. Vera, interpretada por Denise Fraga, é uma ex-militante política. Quando o governo reconhece a morte do marido, vítima da repressão militar durante a ditadura, ela recebe indenização e compra um apartamento. Mas, no dia da mudança, duas décadas depois de ter perdido o companheiro, recebe a visita inesperada de um homem (Cesar Troncoso, de O banheiro do papa), que a obriga a rever uma trajetória inteira de luta. “É um filme que se propõe a discutir a verdade. É sobre a importância de enfrentar os fatos do passado”, sintetiza Tata.

A simples decisão de refletir sobre um grande tema — as sequelas do regime militar — é uma novidade na trajetória da diretora. “Fui meio abalroada por esse livro. A história me arrebatou. Apesar de não ter vivido nada disso, tornei a trama muito pessoal. É o filme mais pessoal da minha vida”, observa. O curta-metragem O rei do Carimã (um projeto para o DocTV, dirigido em 2009) já indicava o desejo da cineasta de documentar e revirar fatos íntimos. Em primeira pessoa, ela investigava o passado do pai, acusado injustamente de estelionato. “É curativo ir ao passado”, afirma. As revelações de Hoje apontam para a vida de Tata com uma propriedade que, segundo ela, não existia nos longas anteriores.

Cumplicidade

“É um filme intenso. É muito amoroso, mas também muito dolorido. Ele mostra uma mulher às voltas com um passado que ela quis esquecer durante parte da vida”, continua. A cumplicidade com Denise e Cesar permitiram uma filmagem tranquila, sem turbulências — processo que durou três semanas e meia, em um apartamento na Avenida São Luiz, na capital paulista. “Todo mundo foi muito solidário, estavam todos focados no filme. Em nenhum momento deu vontade de jogar ninguém do 16º andar”, brinca.

Com a equipe de produção, nem foi preciso criar intimidade. Não é de hoje que o roteirista Jean-Claude Bernardet, o diretor de fotografia Jacob Solitrenick e a montadora Idê Lacerda colaboram com a cineasta. “É a mesma equipe, por isso acabamos voltando a alguns elementos de Um céu de estrelas”, comenta. Apesar da familiaridade, Tata abriu um novo caminho criativo ao usar projeções do grupo paulistano BijaRi, que cria camadas visuais nas paredes do apartamento da protagonista. “O filme lida muito com a memória. E a memória não tem linearidade. As projeções mostram o que está no coração da Vera”, descreve Tata. São tensões como essas — entre passado e presente, ilusão e realidade, um cinema familiar e outro desconhecido — que fazem de Hoje um novo capítulo para a cineasta. “O filme é uma aventura, fico emocionada de falar”, revela. Um dia incomum, portanto.

Um ato político

Um céu de estrelas passou no Festival de Roterdã. Antônia, em Toronto. Tata Amaral escolheu Brasília para lançar Hoje por dois motivos: pensava em valorizar uma mostra cuja premiação, agora mais robusta, permite que se invista na distribuição do filmes nos cinemas (em caso de vitória, o prêmio é de R$ 250 mil); e também em aproximar a sessão do poder político brasileiro. “O tema do filme tem muito a ver com a Comissão da Verdade”, ela aponta. O projeto de analisar casos de violação de direitos humanos no período da ditadura militar foi aprovado no Congresso na noite de quinta-feira (21), e ainda precisa ser analisado pelo Senado Federal. “A comissão é muito importante para o Brasil. É necessário trazer essa discussão para os dias de hoje. Por que a gente quer esquecer esse passado? Por que, ao contrário da Argentina e do Chile, a gente não identifica nem pune os torturadores?”, questiona.

44º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Até 3 de outubro. Mostra competitiva de curtas e longas às 20h30,

no Cine Brasília (106/107 Sul), com ingressos a R$ 6 e R$ 3 (meia). Exibição simultânea no Teatro de Sobradinho, no Cinemark Taguatinga Shopping e no Teatro Newton Rossi (Ceilândia), com ingressos a R$ 4 e R$ 2 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.

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FESTIVAL DE CINEMA » Léo e Bia para os brasilienses CorreioBsB 29.09

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Léo e Bia , canção feita para um casal de amigos, na década de 1970, foi o primeiro sucesso radiofônico de Oswaldo Montenegro. Depois, ele escreveria e dirigiria uma peça com o mesmo título. Há dois anos o cantor, compositor, autor e diretor criou um roteiro para o cinema dando o mesmo nome ao filme, protagonizado pelos jovens atores Emílio Dantas e Fernanda Nobre; e contando com participação especial de Paloma Duarte.

A comédia dramática musical — na definição de Montenegro — lançada no CinePe (Festival de Cinema de Recife), em 2010, foi bem acolhida pelo público e pela crítica e levou prêmios nas categorias melhor atriz (Paloma Duarte) e melhor trilha sonora. Depois de exibido no Rio de Janeiro, emSão Paulo, e em outras cidades brasileiras, participou, neste ano, do Brasilian Fil Festival, em Los Angeles; e no Brazilian Endowment for the Arts Film Society, em Nova York, com boa receptividade.

Em seu primeiro trabalho como roteirista, diretor e produtor de cinema, Montenegro levou para a telas a adaptação da história do musical homônimo, sucesso nos palcos na década de 1980 — visto por público de 500 mil pessoas. “Uma ficção com base autobiográfica, Léo e Bia foi produzida e rodada no Rio em 10 dias, após jornada de cinco meses de ensaios com o elenco, e um mês de experimentação com movimentos de câmera. O filme se passa em um cenário único: a sala de ensaios de um grupo de jovens atores”, conta o diretor.

O longa que abre a mostra paralela Primeiros filmes, da 44ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, será apresentado hoje, às 15h, no Cine Brasília. Léo e Bia conta a história de sete jovens, em Brasília, no auge da ditadura militar, decididos a viver de arte. “Era 1973 e o Brasil assistia, então, a repressão se tornar cruel com quem ousasse sonhar”, observa Montenegro.

Paralelamente à repressão, a mãe de Bia (vivida pela atriz brasiliense Françoise Forton) “adoece”, e em sua desvairada obsessão pela filha, oprime-a cruelmente. Soma-se a isso a atmosfera opressora e a aridez cultural de Brasília na época.

Paloma Duarte faz Marina, personagem que narra toda a história. Ela é inspirada na flautista Madalena Salles, amiga e parceira profissional de Montenegro em todos os projetos dele — há mais de 35 anos.

Do elenco fazem parte também Pedro Nercesian, Vitória Frate, Pedro Caetano e Ivan Mendes, que dão vida aos personagens Encrenca, Cachorrinha, Cabelo e Brookie, respectivamente. Utilizando-se de metáforas e simbolismos, Montenegro criou sua estética e linguagem cinematográfica, ao produzir cenários, lugares e sensações sem tirar os atores de dentro do estúdio. Não há objetos ou utensílios.

Na trilha sonora, Ney Matogrosso, Zélia Duncan — outros artistas que iniciaram artisticamente na capital —, Zé Ramalho, Sandra de Sá, Paulinho Moska e Glória Pires cantam músicas compostas por Oswaldo Montenegro, que bancou, com recursos próprios, toda a produção de Léo e Bia. O DVD do filme —distribuído pela Copacabana Filmes —será lançado hoje no Cine Brasília depois da exibição.

MOSTRAS PARALELAS

A partir de hoje no Cine Brasília. Sessões às 15h (Primeiros Filmes) e às 17h30 (Panorama Brasil). Entrada franca. Não recomendado para menores de 12 anos.

PROGRAMAÇÃO

hoje

Leó e Bia, de Oswaldo Montenegro, às 15h

Mãe e filha, de Petrus Cariry, às 17h30

Amanhã

Periférico 304, de Paulo Z, às 15h

Uma professora muito maluquinha, de André

Alves Pinto e César Rodrigues, às 17h30

sábado

Iván: de volta para o passado, de Guto Pasko, às 17h30

domingo

Cru, de Jimi Figueiredo, às 15h

Rock Brasília — Era de ouro, de Vladimir Carvalho, às 17h30

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44º FESTIVAL DE BRASíLIA DO CINEMA BRASILEIRO » Festa da aldeia

Filme sobre ritual indígena é recebido com salva de palmas e assobios na primeira noite da mostra competitiva CorreioBsB 29.09

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“Será que estão gostando?” A frase repetida com insistência por Kamankgagü, um proeminente morador de tribo indígena, dava a medida da expectativa de vários integrantes de uma aldeia Kuikuro, atentos à exibição, no Cine Brasília, do longa-metragem As hiper mulheres, primeiro título na programação dos concorrentes aos troféus Candango. “O Kamankgagü é um tremendo entusiasta da própria cultura e é daqueles que têm maior conhecimento dos costumes”, explicou o antropólogo Carlos Fausto, um dos diretores da fita, ao lado de Leonardo Sette e de Takumã Kuikuro, filho legítimo do Alto Xingu e atual estudante de audiovisual da Escola de Cinema Darcy Ribeiro.

A indagação do empolgado personagem-chave da obra falada em aruák e carib veio em linguagem universal: uma salva de palmas e assobios demarcou o fim da projeção. “Havia a expectativa fenomenal de passar o filme nesse cinema histórico. Com som maravilhoso e tela tão grande, ele ganhou nova dimensão. Achei a reação muito calorosa”, avaliou Carlos Fausto.

Também íntimo do grupo representado, já que há nove anos a relação entre a tribo de Mato Grosso e a equipe é estreitada, Leonardo Sette ficou satisfeito com o resultado: “A projeção do filme aqui foi incrível. O público participou em todos os momentos, muito mais do que a plateia de Gramado. Talvez por ser um festival tão tradicional, na capital do país. Eu temia um certo distanciamento, até por se tratar de um filme de índio. Mas nós fizemos uma aposta na sensibilidade do público, e a resposta foi muito positiva”.

Tópico bastante enfatizado no debate ocorrido ontem em torno de As hiper mulheres foi o de que se trata de um produto do projeto Vídeo nas aldeias, criado para agregar a legítima visão dada por diretores e técnicos indígenas formados na prática. O longa encheu de orgulho justamente aquelas mais expostas na trama dedicada à reconstrução de um ritual feminino (o Jamurikumalu), sob o risco de desaparecer, dada a fragilidade da tradição oral de cantos seculares.

“Estou muito feliz de ver minha imagem no cinema. Me senti muito bem com o público. Foi importante para entender o cotidiano da gente. Não estamos mostrando a nossa luta, mas o dia a dia: a gente não encenou, contou o cotidiano de verdade”, explicou Kehesu Kuikuro, que não fala português e teve o auxílio de tradutor. Tia do diretor Takumã, Aulá Kuikuro completou: “Meu aprendizado foi para representar as mulheres — mães e irmãs — do meu povo na tela. Foi muito bom ver o espectador aplaudindo. Agora quero cantar mais para, talvez, ser chefe das mulheres”.

Atentos às pontuações autônomas e desapegadas de fundamentos teóricos de filmagens que brotaram no set, naturalmente, pelas mãos de Takumã e de Mahajugi Kuikuro, Leonardo Sette e Carlos Fausto viram o público brasiliense se deleitar com imagens extraídas do cotidiano, por vezes inesperado, coloquial e bastante contemporâneo.

Inusitados, gestos e linguajar maliciosos para saliências e picardias quase juvenis vistas na tela e embutidas nas letras de cantos e ações de integrantes da etnia foram os momentos do filme que mais agradaram. Breves gags ligadas ao anacrônico uso do gravador, por uma índia, surtiram efeito.

Termômetro para a identificação da plateia, a “potência cinematográfica” ressaltada por Sette na trama extrapolou o mero registro do almejado contato entre a etnia, o cosmos e os espíritos. Curiosamente, o reflorescimento da transmissão de cânticos entre a linhagem de parentes — como a cantora Kanu; a mãe dela, Ajahi e a neta dessa, Amanhatsi — travou contato com o filme de abertura do evento, Rock Brasília — Era de ouro, pela carga afetiva que envolve a relação entre pais, filhos e elementos musicais.

Baú revirado

No debate em torno dos curtas apresentados na primeira sessão da mostra competitiva, o baiano Henrique Dantas, diretor de Ser tão cinzento, que cerca bastidores do filme Manhã cinzenta (proibido durante a ditadura), contou que chegou a pedir simbólica autorização para o realizador Olney São Paulo, diante de lápide dele, no cemitério São João Batista. Dantas lembrou a alcunha de “mártir” (atribuída por Glauber Rocha) ao cineasta, que será enfocado em um longa-metragem dirigido por ele.

No palco do Cine Brasília, Dantas sublinhou que virou “cineasta” no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e que, “num momento em que temos uma presidente que já foi torturada é mais propício revisitar o passado, rever com mais coragem a nossa história”.

Premiado no Festival de Gramado, o gaúcho Rodrigo John deu um recado mais curto e leve, ao apresentar para a plateia Céu, inferno e outras partes do corpo: “Espero despertar o lado cachorro que existe dentro de vocês”. No debate de A fábrica, outro curta da noite, Aly Muritiba, cineasta e agente penitenciário do Paraná, contou da intenção em desdobrar por outras obras o registro das relações entre agentes e presos. No palco do Cine Brasília, ele deixou claro: “O filme não é feito para tocar, é feito para bater”. À frente de Bomtempo, o concorrente Alexandre Dubiela enfatizou a satisfação com a inclusão da categoria de animação no evento. “Estou feliz de participar”, sintetizou.

CRÍTICA// Curtas

Céu, inferno e outras partes do corpo (animação), de Rodrigo John. O tom agoniado da narrativa, que acompanha um homem à beira do colapso, sai-se como acompanhamento muito adequado para as canções de fossa que compõem a trilha sonora. (TF) ***

Bomtempo (animação), de Alexandre Dubiela. Com duração enxuta (1min30), a trama se escora em uma anedota singela, divertida. Mas são os traços cuidadosos da animação, com uma delicada seleção de cores, que valorizam o resultado. (TF) ***

Ser tão cinzento, de Henrique Dantas. Mais do que denunciar um caso de brutalidade durante a ditadura (que envolveu o cineasta Olney São Paulo), Dantas transforma a revolta em imagens “sujas”, em decomposição. O impacto, no entanto, se dilui ao longo dos 25 minutos de projeção. (TF) ***

A fábrica, de Aly Muritiba. Existe algo esquemático na trama, que guarda uma surpresa final para entortar as certezas do espectador. Felizmente, o bom elenco oxigena a estrutura do roteiro, tornando convincente o drama familiar. (TF)***

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44º FESTIVAL DE BRASíLIA DO CINEMA BRASILEIRO » "Um filme não pode viver só de festival"

Ganhador duas vezes do Candango e vencedor do principal prêmio em Paulínia este ano, o diretor pernambucano defende o fim do ineditismo e cobra mais espaço para exibição CorreioBsB 29.09

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Não se sabe como este roteiro começou: se foi o Festival de Brasília que adotou Cláudio Assis ou se o diretor pernambucano, num rompante, se instalou na história da mostra de cinema. Inevitável, no entanto, notar uma identificação profunda entre o cineasta e o evento.

Premiado duas vezes com o Candango de melhor longa (por Amarelo manga, em 2002, e Baixio das bestas, em 2006), o cineasta se tornou um símbolo para o espírito de inquietação, às vezes radical, que o festival reafirma nas edições mais recentes. Em 2011, preferiu se aventurar em Paulínia — e saiu de lá com mais um prêmio de melhor filme, por A febre do rato.

Em entrevista ao Correio, o diretor de 51 anos fala sobre as barreiras enfrentadas por produções de baixo orçamento, os filmes brasileiros com sabor televisivo e a importância do circuito de festivais. Contrário à exigência de ineditismo para longas em competição, ele cobra uma rede de exibição mais ampla para as produções nacionais.

“Temos que mudar o que o povo vê”, afirma. Para chegar aonde o espectador está, Assis admite que os filmes comerciais têm o papel de formar plateias. “Mesmo não concordando com eles, entendo que cumprem um papel importante. Se 5% ou 10% desses espectadores quiserem ver filmes pequenos, serão bem-vindos.”

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Letras que se multiplicam. Em quatro anos, com ajuda apenas da população do DF, a Casa do Saber inaugura a sua centésima biblioteca, na zona rural da Vargem Bonita CorreioBsB 29.09

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Ele mal dormiu. Esperou por esse dia faz algum tempo. Tem criança que espera por brinquedo. O menino esperava pelas letras como milagre. E lá estava ele, com cara de descobrimento. Ávido por saber. Queria perguntar. Folhear tudo. O pai pediu-lhe que calçasse o tênis. Está meio surrado, mas é o único que tem. Afinal, ia estar diante de uma gente importante. Todo mundo que sabe escrever e ler, para o pai do menino, vira doutor. Ramon Rocha dos Santos, 9 anos, é o protagonista da história de hoje. E não poderia haver protagonista melhor. Ramon faz gente acreditar em gente. Ainda.

E quando essa história começou, há 4 anos, o menino ainda aprendia a falar, com o pai, que nunca foi à escola. Estamos na Vargem Bonita, um lugar com 1,5 mil habitantes, a 30km do Plano Piloto e cheio de contrastes. Não há lazer algum, o transporte público é precário e a região é toda cercada por chácaras e suas plantações. Ao lado de toda essa precariedade, está o nobre Park Way e suas mansões cinematográficas. Dois mundos — tão próximos, mas imensuravelmente distantes

Ramon mora com o pai numa dessas chácaras. O pai é pedreiro, não sabe ler nem escrever o próprio nome. Mas ensinou ao filho que só pela escola ele pode ter outro caminho. O menino quer ser professor. É um dos mais aplicados da sala onde estuda. Na manhã de ontem, ele estava lá, com suas calças curtas e o tênis surrado, no meio daquela gente letrada. E carregava um sonho: “Vou ser professor pra ajudar mais gente”. Mais que isso: “Vou ensinar meu pai a ler e a escrever”. Como? “Eu pego a mão dele e junto as letras. Ensino pra ele como se forma uma palavra. Ele tá aprendendo.”

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A professora de Ramon, Irelene Lúcia Bose, 39 anos, testemunha o esforço do aluno: “Ele faz isso mesmo. A mãe não mora com eles. É ele quem ajuda o pai a entender as coisas. O Ramon quer vencer, é esforçado demais. Ele emociona a gente”.

Mas, afinal, o que o mirrado Ramon fazia ontem pela manhã no meio daquela gente, na zona rural da Vargem Bonita? Ele e toda a sua escola — a única da região — foram convidados para um grande evento: a inauguração da primeira biblioteca comunitária do lugar. Festão àquela manhã, naquela comunidade humilde. Ia ter até banda dos fuzileiros navais. A música quebraria a rotina do lugar normalmente pacato.

Sem governo

E o dia chegou. Sob o comando de uma mulher de graúdos olhos verdes e que ainda se emociona com gente, o evento foi aberto. Carmen Gramacho, 66 anos, estava lá, com energia de menina, para mais uma missão: levar àquela comunidade onde não existe nada um espaço de leitura e pesquisa.

Há quatro anos, Carmen virou a coordenadora-geral do Projeto Casa do Saber, da Rede Gasol. Nesse tempo, ela e sua equipe abriram bibliotecas em lugares aonde o governo, pelo menos com este fim, jamais chegou. E, provavelmente, nunca chegará. Essa gente esteve em presídios, em abrigos para menores infratores e em muitas, muitas escolas da zona rural do DF. Levou livros e sonhos a uma gente que, por pouco, não é quase completamente esquecida.

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Na manhã de ontem, na Vargem Bonita, o número foi redondo. A Casa do Saber inaugurou a sua centésima biblioteca. Um velho galpão foi reformado, pelo grupo Gasol. Chegaram ali cadeiras, mesas e estantes. E a população do DF doou os 10 mil livros que ocupariam seus espaços. Era hora, então, de inaugurar. E assim se fez.

A Casa do Saber, em quatro anos, inaugurou a sua centésima biblioteca comunitária. Havia motivos de sobra para a comemoração. O espaço foi instalado ao lado do único posto de saúde e perto da também única escola da região. Mauro Rocha, 37 anos, diretor do Centro de Ensino Fundamental da Vargem Bonita, era só alegria: “Essa biblioteca é de suma importância pra nossa comunidade. Só temos a da escola e, mesmo assim, só dispomos de dois mil livros”. Elisimar Lima, 42, a vice-diretora, vibra: “Agora temos como incentivar mais a leitura e a pesquisa. Não só dos nossos alunos, mas também dos ex-alunos que nos procuram sempre e, às vezes, não temos como atendê-los”.

Festa e bolo

A Banda dos Fuzileiros Navais, parceira constante, se aproximou. Tocou o Hino Nacional. Os funcionários e pacientes do posto de saúde foram assistir a apresentação. Ramon estava inquieto. Queria logo entrar na biblioteca. Carmen agradeceu à equipe, em especial a Isa Antunes, 71 anos, que, assim como ela, engajou-se voluntariamente nesse projeto há quatro anos. Bibliotecária experiente, coube a Isa catalogar todos os 2 milhões de livros que chegaram ao projeto. Trabalho sem fim. Dedicação sem preço: “Foi um longo e gratificante trabalho”.

Antônio Matias, 68 anos, diretor operacional da rede Gasol, estava como Ramon. “Eu não dormi nada nessa noite”, revela. E deixa escapar por que tamanha emoção: “É a sensação de cidadania, de podermos ajudar a população que mais precisa”.

Os fuzileiros navais pararam de tocar. Encerraram-se os discursos, do lado de fora da biblioteca. Ramon contava os segundos para entrar naquele espaço cheio de possibilidades. E, finalmente, todos foram convidados para entrar. Um mundo de faz de conta estava ao alcance de todos.

Iuri Coutinho, 10 anos, foi direto: “Aqui é como uma oficina. Só que não tem peças, mas livros. E com eles a gente aprende ”. De chinelo de dedo, Lucas Gomes, 9, folheou um livro de histórias infantis: “Todo dia que leio, aprendo mais um pouco. É como se minha cabeça fosse aberta”. “Ah, o que eu vou ser quando crescer? Médico”, responde o filho de uma doméstica.

Anita Geovana dos Reis, 9 anos, não tem mais dúvida. “Quero ser desenhista e escritora, mas preciso ler muito, se quiser escrever bem. A biblioteca vai me ajudar pra sempre”, diz a menina, filha de um mecânico.

E cada um comemorou da forma que pôde a chegada da biblioteca. A moradora Vildenir Negrão Miho, 44 anos, sonha em levar àquele espaço, onde todos os sonhos são possíveis, rodas de saraus. “Nossa comunidade precisa disso e esse lugar veio para nos resgatar”, avalia.

Hora do bolo, do outro lado da rua, na sede da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural). A meninada fez fila pelo pedaço. Alguns quiseram ficar na biblioteca. Ramon foi um deles. Havia muito para ver, ler, pesquisar. Havia um mundo inteirinho para descobrir. Carmen, tentando disfarçar as lágrimas, comemorou a centésima biblioteca em apenas quatro anos. Um recorde.

A partir de hoje, o espaço é de toda a comunidade. Parou por aqui? “Agora, é o momento de revermos o projeto como um todo, avaliar o que deu certo, fazermos levantamentos, o que podemos melhorar em cada espaço”, explica a coordenadora-geral. E Carmen, sempre forte, fraqueja a voz: “Passamos por toda sorte de experiência com esse trabalho”. E compara: “É como um filho, que cresceu, ficou grande demais e agora ganhou o mundo”.

Dentro da biblioteca, o miúdo Ramon sonha ser professor. Folheou páginas de livros como se folheasse a vida de menino. Pensa no pai. Quer ensiná-lo a ler, sem que precise pegar mais na mão calejada do homem que carrega pedras e tijolos. Ramon quer inventar um mundo diferente pra ele mesmo. O menino da zona rural da Vargem Bonita quer ser professor. Livros são capazes de transformar rumos e mudar vidas completamente. Fazem até renascer. Essa é uma história de possibilidades.

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POP » A construção do discurso. Com influências de sons de Norte a Sul do país, Teatro Mágico lança o CD/DVD A sociedade do espetáculo e critica o racismo, a homofobia e a hipervalorização da internet CorreioBsB 29.09

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Fenômeno da internet com 5 milhões de transmissões de músicas dos discos Entrada para raros (2003) e Segundo ato (2008), 6 milhões de downloads e 300 mil álbuns vendidos, o grupo O Teatro Mágico completa oito anos de estrada e lança o último trabalho da trilogia: A sociedade do espetáculo. Com 19 faixas, o disco bebe na fonte de sons nordestinos em Nosso pequeno castelo, passa pela guarania gaúcha na Canção da terra, e chega até a batida do funk carioca de Novo testamento.

Inspirado no livro do francês Guy Debord, o título já diz, na capa, a que veio: reflexão sobre os tempos modernos. Desenhos lembram ilustres conhecidos, como Nelson Mandela, Fidel Castro, Karl Marx e Chapolin Colorado. “Algumas ilustrações realmente são aquilo que você está vendo, outras são só sugestões. A ideia é justamente essa: confundir. Elas representam a sociedade do espetáculo que, na verdade, somos todos nós”, explica Fernando Anitelli, vocalista e mentor da banda que, mais uma vez, traz composições engajadas.

Na canção Esse mundo não vale o mundo, a letra “essa hetero intolerância branca te faz refém” critica, no mesmo verso, a homofobia e o racismo. Na música O que se perde quando os olhos piscam (“Pronde vai... a culpa da cópia!? Pronde foi… a versão original!?), a referência é a Creative Commons, licença que flexibiliza os direitos autorais, utilizada pelo O Teatro Mágico.

Amanhã…será? fala das revoluções populares e do uso da internet. Quem diz que a revolução está saindo da internet está enganado, ela ainda vem do povo, a rede é só uma ferramenta. A insurreição está em nós e a primavera árabe traduziu isso muito bem” diz Anitelli sobre a terceira faixa do CD.

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Parcerias

“Esse é um álbum que consolida as questões da pluralidade, das parcerias e do colaborativo”, sintetiza Fernando Anitelli sobre as participações especiais em A sociedade do espetáculo. O disco contou com a presença de Sérgio Vaz (Felicidade?), Pedro Munhoz (Canção da terra), Alessandro Kramer (Eu não sei na verdade quem eu sou), Nô Stopa (Folia no quarto), Leoni e do saxofonista da Dave Matthews Band, Jeff Coffin.

“A construção da música que fizemos com o Leoni foi toda virtual. Gravei um pedaço da melodia, ele colocou a letra, troquei umas palavras e a gente mudou o tom. Depois, ele colocou a voz, mixamos e Nas margens de mim estava pronta. Tudo pela internet. Mas hoje, esse comportamento é muito comum. Com o Jeff também foi assim. Ele mandou Transição por e-mail, colocamos no CD e a participação dele estava pronta”, revela o músico. Com os fãs, Anitelli compôs (também pela web) O que se perde quando os olhos piscam.

Além do produtor Daniel Santiago, outras duas crias do cerrado completam a lista dos ecléticos convidados do terceiro disco do grupo paulista: o gaitista Gabriel Grossi (Até quando…) e o baterista Rafael dos Santos, novo integrante da trupe. “Conhecemos Santiago pelo Hamilton de Holanda e, quando chegou a oportunidade de gravar o CD, não pensamos duas vezes em chamá-lo para produzir nosso novo trabalho. Rafael e Grossi também vieram pelo Hamilton e foi ótimo, pois todos são músicos virtuosos que ajudaram a amadurecer nosso trabalho”, finaliza.

Os saltimbancos

» Daniel Santiago (voz)

» Fernando Anitelli (voz)

» Fernando Rosa (baixo)

» Galldino (violino)

» Guilherme Ribeiro (teclado)

» Gustavo Anitelli (voz)

» Ivan Parente (vocal)

» Rafael dos Santos (bateria)

» Silvio de Pieri (flauta e saxofone)

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RELIGIÃO » Igreja reabre as portas com arte

Depois de reformas, paróquia na 303 Norte inaugura painéis de Santo Expedito e de São Miguel Arcanjo feitos por artista plástico com pastilhas de pedras preciosas CorreioBsB 29.09

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Hoje é Dia de São Miguel Arcanjo, o padroeiro das Forças Armadas. Para comemorar a data, a paróquia São Miguel Arcanjo e Santo Expedito, na 303 Norte, reabrirá as portas com novidades, depois de passar por reformas. Dois mosaicos feitos em pastilhas de ouro, madrepérola, prata e vidro embelezam o templo. Eles foram instalados há 10 dias. Agora, podem ser vistos pelo público. Quem assina as obras é o artista plástico Sidney Matias, 42 anos, de São Paulo.

Os painéis, com imagens dos santos que dão nome à igreja militar, medem aproximadamente de 3,80m de altura por 2,80m de largura. Levam quase 74 mil pedaços na sua composição. Cada pastilha tem 2cm. Elas são divididas em até oito partes para formar o desenho. As duas peças levaram quatro meses e meio para ficar prontas.

A encomenda chegou a Brasília em um avião da Aeronáutica. Sidney Matias é conhecido no Brasil e no exterior por suas telas, painéis em pastilhas e esculturas. “Esse trabalho que está em Brasília é o mais surpreendente. Fiz com muito empenho e responsabilidade, levando em conta a fé das pessoas que estarão diante das imagens”, disse o artista.

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Sobreviventes do Legião Urbana tocam acompanhados de sinfônica

Se a abertura do Rock in Rio 4, na última sexta, não arrancou suspiros com a homenagem de Milton Nascimento a Freddie Mercury (1946-1991), o show que inaugura o segundo fim de semana promete emocionar. Ao menos os órfãos do Legião Urbana. FSP 29.09

Às 19h, sobem ao Palco Mundo os sobreviventes Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria), acompanhados pela Orquestra Sinfônica Brasileira, sob regência de Roberto Minczuk.

Quinze anos após a morte do vocalista Renato Russo (1960-1996), a dupla contará com participações de Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso), Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), Rogério Flausino (Jota Quest), do cantor Toni Platão e da vocalista Pitty.

Em arranjos reformulados, serão revisitados hinos como "Tempo Perdido", "Pais e Filhos" e "Por Enquanto", que será cantada por Dinho.

O vocalista diz que é uma questão de honra homenagear o legado do Legião Urbana e do Aborto Elétrico, banda com Russo e os irmãos Flavio e Fê Lemos, que depois formariam o Capital Inicial.

"O Renato foi um divisor de águas na minha vida. Um dia, eu e o Dado [Villa-Lobos] estávamos voltando do colégio e vimos o Aborto Elétrico tocando na calçada. Se não fosse por aquele momento, eu teria ido estudar ciências políticas, não teria me tornado roqueiro", relembra.

Esta não será a primeira vez que Villa-Lobos e Bonfá tocarão material da Legião após a morte de Russo.

Impulsionados por um grupo de músicos uruguaios em 2008, a dupla fez duas apresentações em Montevidéu.

Desde então o guitarrista e o baterista fizeram alguns shows no Brasil, com vocalistas rotativos, incluindo uma apresentação para 30 mil pessoas no festival brasiliense Porão do Rock, em 2009.

CONCERTO SINFÔNICO LEGIÃO URBANA E OSB

QUANDO hoje, às 19h

ONDE Palco Mundo - Rock in Rio

QUANTO ingressos esgotados

CLASSIFICAÇÃO livre (menores de 15 anos têm de ser acompanhados de responsáveis legais)

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