quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Serviço público vai abrir 141 mil vagas

Orçamento de 2012 prevê Salário mínimo de R$ 619,21, com alta de 13,6% // funcionários da Câmara, do mpu e juízes devem ter aumento de até 108%// servidores Do Judiciário ficam sem reajuste // Projeto de submarino nuclear para militares será prestigiado Fonte: correioweb 01/09

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Justiça proíbe hospitais de cederem leitos para planos

Liminar veta que convênios usem 25% da capacidade da rede pública paulista

Para juiz, lei que permite o uso dos leitos é uma afronta ao interesse coletivo; Estado vai recorrer Fonte: fsp 01/09

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A Justiça de São Paulo concedeu liminar suspendendo a lei que permite que hospitais públicos destinem 25% de seus leitos a planos de saúde. Cabe recurso.

O modelo contestado na liminar é usado nas unidades gerenciadas pelas OS (organizações sociais) no Estado.

Na decisão, de anteontem, o juiz Marcos de Lima Porte, da 5ª Vara da Fazenda Pública, diz que a lei e o decreto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) -que a regulamentou- "são afrontas ao Estado de Direito e ao interesse da coletividade".

Ficou estabelecida multa diária de R$ 10 mil caso a decisão não seja cumprida.

Porte argumenta que a legislação favorece a prática da "dupla porta" nos hospitais públicos -atendimento diferenciado para pacientes do SUS e de planos de saúde.

Para o promotor, permitir que pacientes com plano de saúde utilizem 25% dos leitos do SUS promove a "institucionalização da atenção diferenciada", porque os pacientes privados terão preferência na marcação de consultas, exames e internação.

A liminar foi concedida em ação movida pela Promotoria de Justiça de Direitos Humanos. Na ação, a Promotoria diz que a permissão de uso de 25% dos leitos para pacientes de planos poderia representar uma perda de 2 milhões de atendimentos públicos. As OS administram hoje 52 unidades hospitalares -fizeram 8 milhões de atendimentos em 2008.

Conselhos de saúde (nacional, estadual e municipal) e organizações de médicos são contra a concessão dos leitos.

"A medida reduziria o atendimento aos usuários do SUS, aumentando a fila de espera, que já é enorme", diz Cid Carvalhaes, presidente do sindicato dos médicos de SP.

Para o promotor Arthur Pinto Filho, um dos autores da ação, a unanimidade contra a "lei da dupla porta" é inédita no Estado. "Isso foi muito importante", diz ele.

OUTRO LADO

A Secretaria de Estado da Saúde diz que não foi notificada, mas que irá recorrer.

Para a secretaria, sem poder cobrar o ressarcimento pelo uso dos hospitais por pacientes de convênios, permanecerá o quadro injusto de os planos receberem a mensalidade dos clientes e não gastarem nada quando eles são atendidos na rede pública.

A secretaria também nega possíveis privilégios a pacientes de planos.

"A regulamentação da lei estadual já proíbe expressamente qualquer reserva de leitos ou preferência a pacientes de planos de saúde e garante idêntica qualidade a todos os pacientes na prestação de serviços."

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SE EU QUISER FALAR COM DEUS

Autor de "A Cabana" vem ao Brasil para participar da Bienal do Livro , que começa hoje no Rio, e fala sobre traumas e religião Fonte: fsp 01/09

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Entre os 134 autores convidados para a Bienal do Livro do Rio, que começa hoje, o canadense William P. Young, 56, é certamente um dos menos publicados -só um livro seu chegou ao público.

Esta única obra ("A Cabana"), no entanto, vendeu 3 milhões de cópias no Brasil desde o lançamento, em outubro de 2008, segundo a editora Sextante (nos EUA, foram mais de 10 milhões).

Para comparação: os sete "Harry Potter" venderam 3,6 milhões em uma década.

Young atribui o sucesso de seu livro aqui à "espiritualidade profunda" dos brasileiros.

Ex-seminarista, filho de missionários, diz que a obra reflete "a jornada de 11 anos para curar meu coração", na qual aprendeu a lidar com seus traumas: o abuso sexual num colégio cristão, a morte de parentes, o caso com uma amiga de sua mulher.

Em paz consigo e desligado de qualquer religião formal, escreveu "A Cabana" a pedido da mulher, como presente de Natal para os seis filhos. Deu algumas cópias a amigos, e dois deles criaram uma editora para publicá-lo.

O livro conta a história de Mackenzie, ou Mack, que se encontra com a Santíssima Trindade na cabana em que a filha foi assassinada.

Young, que participa da Bienal nos dias 7 e 9/9, conversou com a Folha por telefone. Lembrou de sua primeira vinda ao Brasil (em 2009) e falou do impacto do livro em sua vida e na dos leitores.

Folha - Como é a sua vida depois de "A Cabana"?

William P. Young - A jornada para curar meu coração já havia acontecido antes do livro, então nada do que é importante para mim mudou. Agora, posso fazer coisas que não podia, como comprar uma casa, porque tenho dinheiro. Mas o que importa, as relações com amigos, família, Deus, nada disso mudou.

Detalhes dolorosos de sua intimidade foram expostos. Como lida com isso?

Parte do processo de cura é não ter mais segredos. No livro, Mackenzie passa um fim de semana na cabana, e esse período representa 11 anos da minha vida. Nessa fase, ela virou algo aberto, não tenho segredos. Tenho uma história complicada, machuquei pessoas, falhei. Não sou mais quem eu era, não tenho medo do passado, eu o entendo.

No livro, Mack diz não se sentir confortável com suas habilidades para escrever. O sr. se sente confortável com a sua?

Sim. Sou Mackenzie em muitos aspectos. Sempre fui um escritor. Quando era pequeno, a escrita era uma maneira de liberar a dor. Aí comecei a escrever como presente. Mas nunca me ocorreu publicar, nem quando escrevi "A Cabana" como presente para as crianças. Foi um processo engraçado perceber que outras pessoas, além das que me amam, poderiam gostar do que eu escrevia.

Como foi vir ao Brasil?

Estive em São Paulo, Rio e Curitiba e fiquei agradavelmente surpreso. Na primeira noite, em São Paulo, assisti a um show de Cauby Peixoto. Quão incomum, não? Eu não o conhecia, e de repente aquele senhor entrou no palco, com um cabelo longo que era claramente uma peruca, e uma voz linda, fenomenal.

Como vê o fato de a religião estar cada vez mais presente no debate político?

Obama é um homem muito espiritual, assim como o são as pessoas que o estão atacando. Em cada guerra religiosa, todos acham que Deus está do seu lado. Não gosto disso, acho que Deus está do lado da humanidade. A religião é uma coisa que a humanidade criou, uma mitologia que sustenta um poder.

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Proteção de juízes - O diretor da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Luis Bezerra, defendeu ontem a criação da Polícia Judiciária. Segundo ele, a nova instituição dará agilidade à proteção dos juízes. "Um atraso de 15 dias para oferecer escolta pode levar à morte de um juiz", disse. Outra medida proposta por ele foi facilitar a compra de carros blindados e o registro de armas para os juízes. Fonte: O popular/GO 01/09

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Saúde no trabalho. Assédio moral é tema de audiência pública

O Fórum de Saúde e Segurança no Trabalho de Goiás (FSST/GO), por meio da Subcomissão de Assédio Moral, promove hoje, no Auditório Jaime Câmara, da Câmara Municipal de Goiânia Fonte: O popular/GO 01/09

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Washington Novaes

Na trilha das areias de Goiandira Fonte: O popular/GO 01/09

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No mesmo dia em que lembraram os 30 anos decorridos desde a morte do diretor de cinema e pensador Glauber Rocha, os jornais noticiaram a morte da artista plástica Goiandira do Couto - cada um, a seu modo, pessoas capazes de expressar, com sua arte, o seu entorno, o Brasil, o mundo.

Num tempo em que o cinema brasileiro se limitava quase apenas às chanchadas da Atlântida, com Oscarito e Grande Otelo, ou aos filmes da Vera Cruz, muito influenciados pelo cinema italiano, Glauber surgiu com Barravento (1961), em que começava a refletir sobre o Nordeste e o Brasil. Mas foi com Deus e o diabo na terra do sol (1964) que ele assombrou o Brasil e o mundo com suas histórias do Nordeste, do cangaço, de um outro país e outra gente. E a ele se seguiram Terra em transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969). Glauber não tinha dúvida de que através do "cinema novo" brasileiro ele e seus parceiros da época mudariam o País e o mundo. Basta ler o livro de sua vasta correspondência (organizada por Ivana Bentes) com Gustavo Dahl, Cacá Diegues, Luiz Carlos Barreto, Paulo Gil Soares, Walter Lima Jr., Eduardo Escorel e outros para ver escrita essa certeza.

Mas já nessa época Glauber começava a pensar diferente da esquerda tradicional daquele tempo. Principalmente em Terra em transe, onde retrata a inviabilidade do caminho armado, escolhido naquele momento por uma parte da esquerda. Mas retrata também os caminhos autoritários de outra parte, principalmente na cena em que o líder sindical comunista manda tapar a boca de uma pessoa do povo que quer falar, porque "o povo só diz besteira". Começavam a expressar-se suas divergências com essas correntes, que o levaram a ser amaldiçoado, quando escreveu que era preciso encontrar um caminho de conciliação com os militares que levasse ao restabelecimento da democracia (tese que acabou se impondo no movimento que levou à eleição de Tancredo Neves; mas Glauber foi execrado porque disse ser o General Golbery do Couto e Silva, eminência parda do presidente Ernesto Geisel e também defensor da conciliação, um "gênio da raça").

Nessa época, o autor destas linhas encontrou-se com Glauber numa tarde em São Paulo, no escritório da Difilm. Saímos a pé pelo centro da cidade, conversando. E tão animados estávamos que acabamos nos sentando no chão, na calçada, perto da famosa esquina das avenidas Ipiranga e São João. E ali, com o arroubo de sempre, Glauber falava de suas convicções e do anacronismo da maioria do pensamento dominante na esquerda brasileira. Para, surpreendentemente, concluir dizendo que o futuro estaria numa síntese entre capitalismo e comunismo - que seria concretizada pela China, onde alguns fundamentos do regime socialista (habitação, transporte, educação e saúde gratuitos para toda a população, que permitiam uma base salarial pequena, gerando custos trabalhistas menores), aliados a técnicas capitalistas, dariam competitividade aos produtos chineses.

Quando se vê hoje a China emergindo para o quadro das maiores potências - exatamente por esses fundamentos, que misturam socialismo e comunismo - e ameaçando até os Estados Unidos, não há como deixar de reconhecer a visão e a capacidade premonitória de Glauber Rocha. Mas isso não lhe foi reconhecido em vida. Morreu execrado por grande parte dos antigos companheiros - que depois se "esqueceram".

Já Goiandira do Couto sempre viveu cercada de modéstia e discrição, apesar da importância de sua obra e de sua inventividade. Só ela poderia ter descoberto há quase meio século o formato de usar 551 tonalidades diferentes de areias do Cerrado goiano, que ela mesma recolhia, principalmente da Serra Dourada, para retratar o seu entorno, a cultura goiana, fazer reviver tradições. Como a Procissão do Fogaréu em Goiás, mencionada por Elder Camargo de Passos (O POPULAR, 24/8). Essas mesmas areias esmagadas e conspurcadas pelos tratores que derrubam o Cerrado, como se nenhuma importância tivesse.

A obra de Goiandira precisa ser reunida e preservada, patrimônio inestimável que é dos goianos e de Goiás. Da mesma forma, valeria a pena tentar reunir de novo, ao lado dela, a fantástica série de quadros de Cleber Gouveia, retratando, com as diferentes luzes ao longo do dia, a extraordinária beleza da Serra Dourada da Vila Boa.

Talvez o governo de Goiás possa pensar em iniciativas como essas. E também reviver o projeto de uma Escola de Cinema na cidade de Goiás, sugerido durante um Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) pelos cineastas Walter Lima Jr. e Dib Lutfi, ali presentes e impressionados com a beleza da luz naquele entorno. O governador Marconi Perillo e o secretário Nasr Chaul chegaram a adotar a ideia na ocasião, mas ela não foi à frente na administração que se seguiu.

Seriam, todos, caminhos profícuos para preservar a arte extraordinária de Goiandira e seus formatos de trabalhar com areias. De permitir a visão conjunta da série de Cleber sobre a Serra Dourada - e contribuir também para a preservação da Serra e de sua beleza e rica biodiversidade. Caminhos que Glauber Rocha aplaudiria, ao lado de Cleber Gouveia, recebendo que estão, hoje, Goiandira, que chega trilhando um caminho formado pelas 551 areias com que trabalhou.

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Parada CÍVICA

No próximo dia 7, a TV Brasil vai transmitir as paradas de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, a partir das 8h45 Fonte: O popular/GO 01/09

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SERVIÇO PÚBLICO VAI ABRIR 141 MIL VAGAS. GOVERNO PROMETE CRIAR 141 MIL VAGAS

Orçamento de 2012 prevê salário mínimo de R$ 619,21, com alta de 13,6%. Funcionários da Câmara, do MPU e juízes devem ter aumento de até 108%. Servidores do Judiciário ficam sem reajuste. Projeto submarino nuclear para militares será prestigiado. Fonte: correioweb 01/09

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Cultura flutuante

Barcos levam poesia, música e cinema ao Lago Paranoá e proporcionam momentos de beleza aos frequentadores Fonte: correioweb 01/09

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Na Amazônia, os rios comandam a vida. Quando chegou a Brasília em 1976, o acriano Edmilson Figueiredo deparou-se com um lago artificial. “Vi uma oportunidade concreta de agregar valores culturais ao turismo”, comenta Edmilson. E o ideal do nortista se realizou no mesmo dia em que Dom Bosco sonhou com a cidade. Em 30 de agosto de 2007, a Barca Brasília conheceu aquele que seria o seu destino pelos próximos quatro anos: desbravar as águas, a cultura e a história da capital modernista. Na semana passado foi comemorado o aniversário da embarcação, com apresentações dos músicos Matricó e Manassés: “Comecei a verificar o potencial contemplativo do lago e vi que havia um nicho de mercado para isso’, conta Edmilson, sociólogo e guia turístico.

No início, durante a tarde, a barca funcionava como espaço para uma programação infantil com mágicos, mímicos, ventríloquos e apresentações de teatro. Com a dificuldade de divulgação, o projeto não conseguiu mobilização suficiente para sobreviver. O que persiste até hoje são os encontros culturais. Os saraus de poesias ocorrem durante as noites de lua cheia. As exibições de filmes de cineastas de Brasília são realizadas à luz da lua nova. Em luas crescente e minguante, alternam-se no palco da Barca Brasília os músicos da cidade. “Sou muito ligado às fases lunares”, justifica Edmilson.

Em cada passeio, sempre aos sábados e domingos, o número de passageiros não excede 40, mas a capacidade é de 50. O barco levanta âncora às 17h e retorna por volta das 20h. As apresentações culturais transcorrem ao cair do sol. “Não dá para competir com o pôr do sol de Brasília, né?”, argumenta o bem-humorado Edmilson. Além das belas paisagens, o percurso é uma boa oportunidade de conhecer melhor o Lago Paranoá. “ A intenção do projeto é proporcionar a chance de as pessoas se encantarem com uma cidade que é mágica”, define Edmilson.

Ainda à beira do Lago Paranoá, outro grupo aguarda no pier de um hotel para embarcar em um happy hour. Literalmente, ao sabor das águas, de um banquete de pães e frios intercalados com goles de espumante, vinho, cerveja, sucos e refrigerantes, o grupo segue sem rumo sob a luz da lua cheia. O cenário tem trilha sonora executada ao vivo, como toda comemoração que se preze. Nem que seja, apenas, a celebração do término de mais um dia de trabalho. O ritual descrito acima se repete mensalmente. O cenário é a embarcação Mar de Brasília, com capacidade para 79 passageiros. “Somos uma família”, explica Darse Lima Júnior, responsável pelo projeto Um barquinho e um violão.

Passeios à noite

O Mar de Brasília estreou nas águas candangas em 1º de julho do ano passado. Na época, o barco destinava-se apenas a projetos educacionais e turísticos. De segunda a sexta-feira, recebia crianças de escolas públicas e particulares para lições sobre ecologia, história e educação cívica. Nos fins de semana, era a vez dos passeios turísticos, não menos repletos de informações sobre a cidade. “Uma série de pessoas passou a perguntar por que não fazíamos passeios à noite, mais descontraídos e voltados para o público da cidade. A gente optou então por fazer um happy hour no lago. Diferentemente dos barcos de festas particulares, o evento é aberto”, conta. Em todas as edições, participa pelo menos um artista da cidade, que é responsável por embalar com MPB e Bossa Nova as duas horas de navegação pelas águas sem ondas.

Visando proporcionar um clima de confraternização entre os tripulantes, o valor do ingresso inclui os comes e bebes. “Assim um tem a liberdade de servir um vinho para o outro, como se estivesse na própria casa”, ilustra Darse. O número reduzido de participantes contribui no sentido de criar uma atmosfera intimista. “Acaba se criando um vínculo entre as pessoas”.

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CINEMA » Guardião do tempo

Diretor recorre ao tema de regresso ao passado para realizar a comédia romântica O homem do futuro Fonte: correioweb 01/09

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complicada de Zero (Wagner Moura), um cientista genial e amargo que acaba descobrindo uma forma de mudar o passado e reconquistar Helena (Alinne Moraes), a mulher que ele perdeu ainda na juventude. Sim, você já viu isso antes no cinema. O próprio diretor não nega a repetição do tema. “Os filmes de paradoxo temporal são quase um gênero a parte. O cinema gosta dessa premissa. É o único lugar no mundo em que se pode efetivamente voltar no tempo. Se a minha vida tivesse sido diferente? Essa é uma pergunta que todos fazemos. Ela vem acoplada a um sentimento de voltar e corrigir aquilo que fizemos. Porém, se você voltar, vai tirar outras coisas de ordem. Conviva com as imperfeições da sua vida”, ensina Torres.

O ponto de partida foram as próprias reflexões de Torres que completou 48 anos em 2011. “Com essa idade, a gente começa a olhar para trás. A premissa é o que eu diria para mim mesmo se eu me encontrasse 20 anos mais novo. Não há vida sem problemas. Desejar uma vida sem problemas é desejar estar morto”, acredita o cineasta. Além de se desdobrar em várias fases do mesmo personagem, Wagner Moura acabou tendo um trabalho extra no filme. Em uma das sequências, ele e Alinne Moraes interpretam Tempo perdido, da Legião Urbana. O ator, também cantor e vocalista da banda Sua Mãe, expõe a alma na versão de Creep, The Pretenders, gravada exclusivamente para o filme. Essa não é a única música internacional fazendo parte da trilha sonora, que tem ainda R.E.M.

Idas e vindas no tempo aumentaram a demanda da direção de arte assinada por Yurika Yamasaki. A história varia no mesmo dia no calendário de 2011 e 1991. Nesse arco de tempo, a situação social e econômica brasileira foi alterada várias vezes. Muito dessas alterações estão no filme. Numa delas, um personagem pergunta se pode fumar em ambiente fechado. A pergunta soa quase como pornografia. “É claro que pode. Isso daqui é um bar, pô!”, responde o interlocutor.

Três perguntas - Claudio Torres

Assim como em Redentor, o protagonista desse filme também passa por uma espécie de regeneração. E o uso dos efeitos especiais são proeminentes. São elementos que já fazem parte da sua assinatura como cineasta?

Existem semelhanças, mas são filmes completamente diferentes. O Redentor tinha uma crítica social forte. Os personagens eram sórdidos, destituídos de amor. Esse tem bastante amor. Os dois são visualmente delirantes e o personagem principal sofre como um desgraçado. Mas, isso está na base das grandes histórias. Massacrar o personagem, fazer com que ele sofra e se possível vê-lo triunfar no final é um dos elementos dos dois filmes. Acho que são primos. Tem vários pontos de contato e vários de desencontro.

Por que não produzimos mais filmes de ficção científica no Brasil? Existiu alguma dificuldade em executar os efeitos desejados?

Não vejo razão para não produzirmos ficção científica. Temos tecnologia para fazer. A publicidade brasileira usa efeitos sem nenhuma complicação. É um mercado que está se construindo e sofre preconceito. Estamos quebrando alguns paradigmas. Diziam que filme de polícia não dava dinheiro. Diziam que filme de favela não dava dinheiro. Tivemos o Tropa de elite e o Cidade de Deus. Olha aí!

Existiu algum outro roteiro, com outro desdobramento?

Não. A gente foi lidando com os paradoxos quânticos mesmo. O final nunca mudou. Mas, a refinada de encaminhamento da história se encaixou no roteiro uns dois meses antes da filmagem. Ela (Helena) teria uma vida um pouco diferente.

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MúSICA » Revelação brasiliense

A cantora Fernanda Cabral nasceu em Brasília, foi criada entre o Planalto Central e a Paraíba, mas fincou raízes em Madri, há 14 anos. Fonte: correioweb 01/09

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Ela chegou à capital espanhola para fazer uma pós-graduação em artes cênicas, depois de uma graduação realizada na Universidade de Brasília (UnB), mas, durante o processo, as portas de seu sonho se abriram: os convites para cantar se multiplicaram e ela passou a frequentar as principais salas de show da cidade. Desde então, já girou continentes para se apresentar e estreitou seus laços com artistas brasileiros. Seu primeiro disco, Praianos, que será lançado hoje, às 22h30, na Praça do Museu Nacional da República, dentro da programação do Festival Cena Contemporânea, é um resultado dessas múltiplas facetas.

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Todo cantado em português, que a artista considera seu “idioma emocional”, Praianos mistura baiões, parcerias com Chico César, (que divide com Fernanda a faixa título do disco), e a textura eletrônica do pianista Cope Gutiérrez, expert em sintetizadores. “Compus essa música em Portugal, foi uma conexão com o Brasil. O disco fala sobre o Oceano Atlântico como elemento que une e separa”, afirma. Além das canções compostas com o cantor paraibano, Fernanda incluiu no trabalho parcerias com a mãe, Elisa Cabral, com Laurita Caldas e com Leo Minax, brasileiro também radicado na Espanha, que já compôs com o uruguaio Jorge Drexler. No repertório, uma homenagem à cidade: Horizontes foi composta para ser um tributo ao que Tom Jobim chamou de “mar”de Brasília. “Em Brasília, a gente está sempre buscando o mar. O céu é tão infinito que existe essa sensação de conexão, de se aproximar do mar”, reflete.

O show ganhou a direção da russa Irina Kouberskaya, do Teatro Tribueñe, onde a cantora exercita sua outra faceta, a de atriz. “Cada canção está trabalhada num estado de ânimo diferente, os gestos trabalham os sentimentos e o resultado é que se escuta a música entrando em contato com a interpretação”, afirma.

Experiência visual

Apesar de ser graduada em teatro, Fernanda só participou de uma montagem na cidade: Frida, dirigida por Hugo Rodas. “Foi meu trabalho de diplomação e fez bastante sucesso. Acho que foi por ele que consegui a minha bolsa de pós-graduação na Espanha”, destaca a cantora/atriz, que surgiu nos palcos madrilenhos pelas mãos da companhia de teatro para bebês La casa incierta, com a também brasiliense Clarice Cardell.

A carreira deslanchou depois de compor a música Mar, em parceria com a banda espanhola Wagon Cookin’. A faixa virou hit, ganhou videoclipe na MTV, ganhou releituras de DJs renomados, rendeu direitos autorais suficientes para que ela se sustentasse, além de garantir apresentações em festivais mundo afora, e até mesmo no Blue Note de Tóquio.

Nos últimos anos, a cantora dividiu o palco com nomes como Pedro Guerra, Rainer Trüby e Zezo Ribeiro. Está na reta final de uma turnê, que já dura dois anos, ao lado do músico galego Carlos Núñez: “Minha intenção é estar mais aqui do que lá no próximo ano”, avisa.

Três perguntas - Fernanda Cabral

Como começou sua parceria com Chico César?

Minha mãe é cineasta, fez concurso para ser professora universitária na Paraíba e Chico César foi aluno dela. Desde pequena, ele tinha essa relação de ir em casa. Minha mãe também toca sax, então sempre tinha músicos em casa e ele estava por lá. Depois, ficamos mais de 10 anos sem ter contato. Fui reencontrá-lo na Espanha. Quando me identifiquei como filha da Elisa, ele se deu conta de que não me via desde que eu tinha 14 anos. A partir daí, me convidou para um show que faria no Teatro São Luiz, em Lisboa, e compusemos nossa primeira parceria, Hora H dia D.

Você também foi a única brasiliense a ter sido selecionada para o Rumos Itaú Coletivo. Como tem sido a experiência?

É um projeto interessante, muito aberto a criações. Faço parte de um quarteto, ao lado do Angelo Primon (viola e violão), Denni Pontes (percussão) e do Rafael Piccolotto (sax). Propus e eles aceitaram de fazermos um show cênico e totalmente autoral, sem composições conhecidas. Estamos compondo e criando. No ano que vem, haverá um evento em Brasília, que será uma espécie de ensaio aberto para essa apresentação, que deverá ser realizada até o fim de 2012. Ainda não há uma data.

E a oportunidade de tocar no Cena Contemporânea, como surgiu?

Foi um convite do Guilherme Reis. Há muito tempo eu tinha intenção de participar. Agora, com o disco, foi a oportunidade ideal para fazer o lançamento. O Cena é um festival que não é só de teatro, mas de música e dança, é cênico, como o meu trabalho. Estarei acompanhada do Alfredo Bello, que é baixista e DJ, do Chico Corrêa, que me convidou para uma participação em seu disco e acabou me acompanhando na guitarra e nas programações, do Lucas Vargas, no piano, sintetizador e na sanfona, além do Gustavo Souza, na bateria. Eu faço voz e violão.

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GOVERNO » Ministra dos capixabas

Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para Mulheres, concentra 42% das viagens oficiais à sua base eleitoral: o Espírito Santo. (…) A ministra não visitou a Região Norte, por exemplo, que concentra estatísticas de violência contra a mulher. Fonte: correioweb 01/09

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Há oito meses como ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes escolheu um destino certo nas viagens oficiais: o Espírito Santo, a sua base eleitoral. Pré-candidata do PT à prefeitura de Vitória, a mineira de Lavras, mas com uma atuação política de mais de duas décadas entre os capixabas, realizou 18 viagens com dinheiro público para o estado, segundo agenda oficial da pasta e dados do Portal da Transparência. Somente em diárias a União desembolsou R$ 16,9 mil para todas as 42 viagens realizadas nos oito meses de mandato. Em comparação com o ministro da Educação, Fernando Haddad, também pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Iriny supera em gastos e em viagens. O petista recebeu R$ 11,7 mil e esteve sete vezes na capital paulista. A ministra não visitou a Região Norte, por exemplo, que concentra estatísticas de violência contra a mulher.

A viagem mais recente dela ocorreu na última segunda-feira. Iriny esteve em Vitória, onde encontrou-se com gerentes da Petrobras e com os governadores Renato Casagrande (ES) e Sérgio Cabral (RJ). Os dois estados produtores de petróleo travam uma batalha pelos royalties do pré-sal. O assunto não faz parte do Plano Nacional de Políticas para Mulheres, que guia a atuação da pasta.

Os compromissos oficiais no estado são marcados, na maior parte, às sextas, aos sábados e às segundas-feiras. A análise da agenda da ministra mostra compromissos de articulação política. Foram cinco reuniões com o governador Renato Casagrande (PSB) e duas com o prefeito de Vitória, João Coser (PT), presidente da Frente Nacional de Prefeitos. O apoio de Casagrande e Coser é fundamental para a disputa eleitoral do próximo ano. No estado, a posição do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) ainda gera dúvidas sobre o cenário.

“Iriny é nossa pré-candidata. Já é consenso”, afirma o presidente do PT no Espírito Santo, José Roberto Dudé, amenizando as divergências entre a ministra e o ex-governador. Iriny, segundo Dudé, tem aproveitado os fins de semana para alavancar a pré-campanha. Além de reuniões partidárias, tem marcado presença em eventos com movimentos sociais e culturais, especialmente aqueles com sambistas. “Ela tem priorizado os fins de semana, porque como ministra tem a tarefa de rodar o Brasil todo. O compromisso que ela assumiu com a presidente Dilma foi de se fazer presente no Espírito Santo aos sábados e domingos quando não está atuando como ministra, e sim como liderança partidária”, conclui Dudé.

O ministério garantiu projeção nacional à deputada federal com três mandatos no estado. A bandeira da petista sempre foram os direitos humanos e, no cargo, tentou ganhar o apoio das feministas. Porém, a chegada de Iriny ao ministério foi polêmica. Logo que assumiu o cargo, ela, segundo servidoras da secretaria, afirmou que não pretendia ficar muito tempo na pasta porque tinha planos de se candidatar.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Políticas para Mulheres, Iriny retorna para casa às sextas-feiras porque tem direito a deslocamento à cidade de origem. O transporte pode ser feito por aviões do Comando da Aeronáutica ou em voos comerciais.

Embarque

Entre os valores recebidos por Iriny, constam R$ 95 referentes ao período entre 21 e 24 de janeiro de 2011. No entanto, não há registro de agenda oficial na sexta, no sábado, no domingo ou na segunda. Iriny embarcou às 15h04 de sexta-feira. Segundo a Secretaria de Políticas para Mulheres, os R$ 95 recebidos pela ministra são referentes ao adicional de embarque e de desembarque que as autoridades têm direitos. Iriny afirmou que suspendeu o recebimento do benefício em viagens ao estado e agora usa o próprio carro.

Atuação

Relatora da Lei Maria da Penha, a ministra tem focado a atuação da pasta para a economia e a representatividade política da mulher. O assassinato de mulheres cresceu 30% na última década. No ano passado, foram 4,5 mil mortes por questões de gênero. A pasta não tem mecanismos de controle nem banco de dados sobre violência contra o sexo feminino. O aumento no número de estupros em todo o país também não despertou a reação da Secretaria de Políticas para Mulheres.

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PRé-SAL » Prejuízo na conta da União

Governadores sugerem que o Planalto banque a arrecadação em royalties exigida por estados não produtores Fonte: correioweb 01/09

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O governo federal tenta ganhar tempo para evitar um prejuízo maior no debate sobre a divisão dos royalties do pré-sal. Dois dias depois de a presidente Dilma Rousseff fazer um apelo aos aliados para que não criem mais despesas públicas, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, propôs no Senado a criação de um fundo, bancado pela União, para garantir a arrecadação de estados e municípios não produtores de petróleo, até que o novo modelo de distribuição entre em vigor. Assustado com a ideia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniu líderes partidários e prometeu que, até a primeira quinzena de setembro, o governo federal fará uma contraproposta.

Antes, o Planalto precisa desarmar outra bomba: a votação, no Senado, do veto presidencial que impediu a distribuição igualitária dos recursos do pré-sal por todos os estados. O veto só é defendido por Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. “O governo sabe que vai perder de lavada. Por isso, tem de construir uma alternativa”, afirmou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Como essa alternativa ainda está sendo construída, a proposta de Mantega é adiar a votação do veto, marcada para 22 de setembro, por 15 dias. A sugestão foi levada ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pelos senadores Walter Pinheiro (PT-BA), Delcídio Amaral (PT-MS) e Renan Calheiros (AL), líder do PMDB na Casa. “O encontro foi importante para que a União entre no debate. Isso finalmente aconteceu”, comemorou o senador Francisco Dornelles (PP-RJ).

Em audiência conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE), de Infraestrutura e de Desenvolvimento e Turismo Regional, todas do Senado, os governadores dos estados produtores deixaram claro que não estão dispostos a abrir mão dos recursos. “Como a União concentra as receitas da atividade de exploração do petróleo no país, recursos que serão ampliados pelo novo modelo, cabe à União destinar os recursos para um fundo de transição”, pediu Cabral. Esse fundo serviria para arrecadar recursos, a serem repassados para os estados não produtores, enquanto a camada pré-sal não começar, efetivamente, a ser explorada, a partir de 2018, e um novo modelo de distribuição entre em vigor.

Campos licitados

Cabral também deixou claro que não aceita mudanças nos contratos já licitados. “Essa alteração traria consequências imediatas para as finanças dos estados produtores”, justificou. Dados apresentados pelo governador fluminense mostram que, somente em 2006, foram arrecadados R$ 21,6 bilhões com royalties e participações especiais de petróleo. Cerca de 45% desses recursos foram destinados ao Rio.

Segundo maior beneficiado pela arrecadação de royalties do petróleo, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, apelou para o entendimento, para evitar um cenário de “vencedores e derrotados, algo sempre ruim na política”. Já o governador paulista, Geraldo Alckmin, disse que não há como prejudicar unidades da Federação em detrimento de outras. “Não há como, da noite para o dia, o Rio de Janeiro perder 45% de suas receitas”, justificou Alckmin.

Presente no encontro como intruso — ele governa um estado não produtor de petróleo —, Campos lembrou que a postura do Supremo Tribunal Federal é uma incógnita. “Há 60 dias, o STF derrubou dezenas de incentivos fiscais dados por estados para atrair empresas. Agora, elas não sabem como contabilizar essas perdas nem quando os impostos serão cobrados”, exemplificou.

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