sábado, 27 de fevereiro de 2010

O Congresso Nacional deve aprovar projeto que reduz a jornada de trabalho semanal?

SIM

Ampliar direitos

PAULO PEREIRA DA SILVA

A PEC 231/1995, de autoria dos senadores Inácio Arruda (PC do B-CE) e Paulo Paim (PT-RS), e relatada na Câmara pelo deputado Vicentinho (PT-SP), que propõe a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução salarial, e que também aumenta o valor adicional da hora extra de 50% para 75%, é importante instrumento de distribuição de renda e ampliação dos direitos dos trabalhadores.
Com a redução da jornada todos ganham. A redução, por exemplo, vai gerar mais empregos, contribuindo para o crescimento do mercado interno, fator importante para o crescimento econômico. De acordo com o Dieese, a implementação da medida tem o potencial de criar cerca de 2 milhões de postos de trabalho.
Há ainda as vantagens sociais, já que o trabalhador terá mais tempo para a família, o lazer e sua própria qualificação profissional. A medida também vai contribuir para a diminuição dos acidentes de trabalho, resultado das jornadas exaustivas.
Como percebemos acima, os benefícios para a sociedade são tantos que diversos países registram uma carga menor do que a brasileira. Exemplos: Espanha (35,3 horas semanais), Alemanha (37,6), Reino Unido (40,7).
Nas últimas décadas, as inovações tecnológicas e organizacionais, as várias formas de arranjos produtivos, o aumento substancial da educação e um maior nível de qualificação dos trabalhadores resultaram num excepcional aumento de produtividade para as empresas. Dados do IBGE, por exemplo, revelam que a indústria da transformação registrou um aumento da produtividade de 84% entre 1988 e 2008.
Percebemos claramente que houve grande ganho por parte do setor patronal e que a redução da jornada é uma forma justa de distribuir entre os trabalhadores parte dos ganhos acumulados. O custo da implantação da redução da jornada para 40 horas semanais é de 1,99%. Como a produtividade na indústria tem crescido constantemente, em pouquíssimo tempo o aumento de custo já estaria mais do que compensado. Aliás, estudo da Fiesp recém-divulgado dá conta de que a expansão da produção em boa parte é sustentada pelo aumento da produtividade dos trabalhadores.
Como todas as grandes conquistas são resultados de lutas árduas, as centrais sindicais (Força Sindical, CUT, CGTB, CTB, UGT e Nova Central), na chamada Unidade de Ação, estão com suas agendas centradas na mobilização nos locais de trabalho e nas ruas e na aprovação da medida no Congresso Nacional, visando esclarecer a nação e sensibilizar os parlamentares sobre a importância de reduzirmos a jornada de trabalho.
Vale lembrar que, em 2008, as centrais sindicais entregaram ao Congresso, como símbolo da vontade popular, 1,5 milhão de assinaturas pela redução da jornada.
A luta pela redução da jornada acontece desde os primórdios do capitalismo. No início era uma questão da própria sobrevivência dos trabalhadores, que tinham jornadas que chegavam a 18 horas por dia.
No Brasil, duas reduções aconteceram devido à organização e à mobilização dos trabalhadores. A luta dos trabalhadores resultou na promulgação da Constituição Federal, em 1988, quando a carga horária de trabalho no país, que era de 48 horas/semana desde 1934, foi oficialmente fixada em 44 horas semanais. Hoje, muitas categorias têm carga menor, fruto da negociação dos sindicatos e da pressão na hora de fechar os acordos coletivos.
Recentemente o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), apresentou uma proposta de reduzir a jornada em 2011 para 42 horas, com a perspectiva de nova redução, negociada entre capital e trabalho, a partir de 2013. A Força Sindical está consultando suas entidades filiadas e os trabalhadores sobre essa proposta.
Em princípio entendemos que houve avanço na negociação e elogiamos a atitude e o bom senso do presidente da Câmara em buscar um equilíbrio entre as relações capital-trabalho.
Não há a menor dúvida de que essa importante mudança na legislação é extremamente necessária e interessa aos trabalhadores e à sociedade em geral, porque gera empregos, melhora a qualidade de vida, fortalece o crescimento econômico e consolida os direitos dos trabalhadores.


PAULO PEREIRA DA SILVA , o Paulinho, 54, é presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT-SP). FSP 27/02


Susto
Elevador despenca e deixa feridos

Segundo informações oficiais, nove pessoas, entre elas um bebê, desciam no Bloco A da Esplanada dos Ministérios, quando o equipamento caiu de uma altura de 10 metros


A Esplanada dos Ministérios foi cenário de um acidente que, por sorte, não passou de um grande susto. Por volta das 14h, nove pessoas, entre elas um bebê, pegaram um elevador no térreo do Bloco A, onde funciona o Ministério do Esporte e outros órgãos do governo federal, mas não chegaram ao destino. Entre o 4º e o 6º andar, segundo as vítimas, o equipamento despencou e parou apenas no subsolo do prédio. De acordo com o Corpo de Bombeiros, porém, a queda ocorreu a partir do 2º andar, de uma altura de 10 metros. As vítimas foram levadas para o Hospital de Base de Brasília (HBDF) e, até o fechamento desta edição, apenas uma continuava internada, com achatamento de uma vértebra.

Quem estava no elevador conta que, no momento da queda, as luzes do equipamento continuaram acesas e, cerca de dois minutos depois, brigadistas iniciaram o socorro. “A sensação foi a de um acidente aéreo”, comentou uma das vítimas, Samira Marcos, 24 anos. Ela estava no elevador com o marido, Yakari Kuikuro, que carregava a filha do casal, de 10 meses, no colo. A criança não se feriu.

Do lado de fora do elevador, a mãe de Samira aguardava para subir em uma próxima viagem. Míriam Marcos acompanharia a filha, diretora do Instituto de Memória da Cultura Indígena, em uma reunião na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Ao ouvir um grande estrondo e o choro da neta, ela correu para o subsolo do prédio. Apesar do susto, Samira não teve ferimentos graves. Ficou apenas com uma luxação e arranhões nas pernas. Para proteger a pequena Maytsairu das consequências do impacto, o marido dela, Yakari (ambos são indígenas), acabou caindo de joelhos sobre o piso e também teve ferimentos leves.

Quem também estava no hall do prédio era José Sebastião Araújo, funcionário de uma secretaria instalada no local. Ele ouviu um barulho semelhante à explosão de uma bomba e correu para o subsolo. “As pessoas estavam em estado de choque, assustadas e tremendo. Não conseguiam falar”, relata. Por volta de 14h30, ambulâncias do Corpo de Bombeiros transferiram o grupo para o Hospital de Base. O resgate reuniu curiosos e um grande contingente de servidores que trabalham nas proximidades. As portas do edifício foram fechadas e só funcionários com crachá podiam circular.

A última vítima a ser socorrida foi Maria Isabel Oliveira, que trabalha como assessora de gabinete de um ministério. Ela não percebeu os efeitos do acidente de imediato, já que conseguia caminhar após a queda do elevador. Mas, com o passar do tempo, sentiu dores nas pernas e foi levada, imobilizada e de maca, para o hospital. Até o fechamento desta edição, ela havia se cansado de esperar por atendimento no Hospital de Base e teria seguido para casa. Porém, teria percebido um inchaço na perna e procurado a emergência do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Não há mais informações sobre seu estado de saúde.

No fim da tarde, o primeiro a ser liberado do HBDF foi o motoboy Douglas Carvalho Sobrinho, 23 anos. Ele fazia a entrega de convites no local. Segundo Douglas, o elevador balançou antes de cair e um pouco de poeira entrou pelas frestas. “Não deu tempo de pensar em nada. Estou tremendo até agora”, ressaltou. Ele foi medicado e ganhou atestado médico para descansar por três dias.

Vértebra atingida
Três funcionárias da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) também estavam no elevador. O estado mais grave era o de Fernanda Lattarulo Campos, 25 anos. Ela sofreu achatamento de uma vértebra e deverá usar colete ortopédico por cerca de quatro meses. A expectativa é que ela fosse transferida para o Hospital das Forças Armadas (HFA) ainda durante a noite de ontem. Uma de suas colegas, Naiá Schurmann Brilliager, sofreu luxação no tornozelo e sente dores pelo corpo, mas já foi liberada do hospital. A terceira funcionária da Senad, identificada apenas como Sirjane, também teve dores musculares e já deixou o HBDF.

O elevador foi interditado para que fosse realizada a perícia pela Polícia Civil. O resultado do laudo deve sair em até 15 dias. Ontem à tarde, os peritos concluíram que o cabo que movimenta o elevador não se rompeu. A 5ª Delegacia de Polícia (área central de Brasília) abriu inquérito para apurar o acidente. Em nota, o condomínio do Bloco A manifestou-se sobre o acidente. O texto menciona a substituição dos quatro elevadores, em dezembro último, destaca que o fato será elucidado pela perícia e afirma que ninguém se feriu gravemente. Na nota, consta ainda que nove pessoas estavam no elevador, mas o Correio teve acesso a informações a respeito de oito vítimas.

Empresa aponta modernização


A AMG Inteligência e Elevadores, responsável pela instalação dos equipamentos no Ministério do Esporte, só vai se pronunciar oficialmente após ter acesso ao laudo da perícia realizada ontem pela Polícia Civil. O gerente comercial da empresa, Edmilson Rodrigues, disse que tentar definir as causas do acidente antes disso seria “algo precipitado”. “Temos que aguardar o laudo conclusivo para saber o que aconteceu”, disse.

Segundo Rodrigues, cerca de 600 elevadores foram modernizados pela AMG no Distrito Federal e nunca houve qualquer acidente como de ontem. “É a primeira vez que isso acontece. Não é normal”, afirmou. No ministério, o trabalho de modernização está sendo realizado há quatro meses e ainda não foi concluído.

O gerente disse que o fato de o elevador ter ficado intacto é um bom sinal. “Prova que os itens de segurança funcionaram. Se o piso não foi comprometido, é porque o elevador não bateu na mola, ou seja, o freio de segurança funcionou bem”, comentou. “Para quem está dentro (do elevador), não é uma sensação boa, é terrível. Mas temos que agradecer a Deus por não ter sido mais grave”, completou.

O episódio de ontem foi o mais perigoso registrado no local, mas os elevadores do Bloco A da Esplanada dos Ministérios vêm dando dor de cabeça, segundo os usuários, desde o começo do ano. Em dezembro, a AMG começou a reforma, que incluiu a troca dos cabos e da caixa do elevador. Desde então, quem trabalha ou frequenta o prédio coleciona pequenos incidentes. José Sebastião Araújo, funcionário do local, disse que ficar preso entre os andares é frequente. “Acontece quase que diariamente”, alerta.

Mas o pior episódio foi descrito por Maria Eunice Oliveira, funcionária da Presidência da República que trabalha no prédio. Na sexta-feira de carnaval, ela e mais 11 pessoas seguiam para o térreo, quando este mesmo elevador despencou. Porém, neste dia, não chegou a ferir ninguém, e, antes de tocar o solo, parou entre dois andares. O grupo esperou cerca de 10 minutos até ser resgatado por bombeiros. A funcionária destaca que, segundo a empresa responsável, os elevadores estão em fase de testes. “É preciso interditar esses equipamentos. Estão fazendo experiências com a vida dos outros?”, questiona.
Fonte: Correioweb 27/02

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Arte contemporânea devassada

Num livro instigante, pesquisa traça, por meio de entrevistas com artistas brasileiros, os rumos da produção atual


Mal começa, a entrevista envereda para território tenso. Nas oito linhas destinadas à pergunta, uma sucessão de afirmações especula sobre as dificuldades e choques nas relações humanas e a repercussão nas artes visuais. O artista plástico Tunga não vacila e responde: “Não vejo enunciado na sua pergunta. (…) A sua pergunta já se responde.” O entrevistador não se intimida e desenvolve o raciocínio na pergunta seguinte. O artista prossegue: “Você está me dizendo isso (…)”. Mais adiante, afirma: “Você parte de pressupostos com os quais não necessariamente concordo.” É um dos momentos mais saborosos e, sem dúvida, aquele que mais justifica a escolha do pesquisador Felipe Scovino para o formato do livro Arquivo contemporâneo.

Realizado em 2008, com a Bolsa de Estímulo à Produção Crítica da Funarte, e recém-publicado pela editora 7Letras, o livro compila 13 entrevistas em forma de pergunta e resposta com artistas brasileiros contemporâneos nas quais Scovino se propôs a investigar que ideias e conceitos norteiam a produção brasileira atual.

Professor do departamento de artes visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o autor queria entender que caminhos tomou a arte brasileira após a dissolução do neoconcretismo(1). “Eu julgava que havia poucos estudos. Essa profusão de ideias da arte brasileira está muito baseada numa visão estrangeira sobre nossa produção. Estabeleci duas vertentes: uma de artistas brasileiros que começaram a produzir entre anos 1960 e 1970 e uma segunda leva, que seriam os artistas que tiveram um amadurecimento entre anos 1990 e 2000”, conta.

Para a primeira parte, Scovino entrevistou Antonio Dias, Tunga, Waltercio Caldas, Carlos Vergara, Artur Barrio, Anna Bella Geiger e Cildo Meireles como representantes de uma geração imediatamente posterior ao neoconcretismo. “É uma geração que, claro, tem laços com os neoconcretos, mas tende a criar um campo experimental e autônomo frente às experimentações que Hélio (Oiticica) e Lygia (Clark) fizeram no neoconcretismo.”

Da geração seguinte o autor entrevistou Ernesto Neto, Adriana Varejão, Cao Guimarães, os integrantes do coletivo Chelpa Ferro, Ricardo Basbaum e Raul Mourão. “Quando chegamos aos anos 1990 e 2000 é engraçado porque a lembrança deles do neoconcretismo é muito vaga. O Neto talvez seja o artista que se difere, mas para a Adriana isso (o neoconcretismo) não vai estar presente no trabalho”, constata Scovino, que montou a lista de entrevistados baseado na proximidade geográfica — todos são artistas residentes no Rio de Janeiro — e no conhecimento das obras. “Escolhi por ter uma proximidade intelectual por conta de meus trabalho no terreno acadêmico e pelo fato de ter assistido ao vivo as obras desses artistas.”

O formato de entrevista com pergunta e resposta, em vez de perfis críticos teve a intenção de privilegiar a fala dos artistas. Scovino acha pobre a quantidade de publicações que privilegiam a voz do artista no mercado editorial. O formato pergunta-resposta permite uma complementação da obra, mas nunca uma explicação. O autor repudia a ideia de buscar na fala do artista os atalhos para a compreensão dos trabalhos. “O importante é atentar para como essa escrita cria uma conversa com o trabalho plástico do artista”, avisa.

O trunfo de Arquivo contemporâneo está exatamente em ler o que os artistas mais significativos da cena contemporânea brasileira — ainda que faltem expoentes de outras regiões do país — pensam sobre os mais variados temas que não os conceitos referentes a suas obras. Assim, é revelador ler Ernesto Neto a especular sobre a utopia da felicadade na sociedade brasileira ou Cildo Meireles lamentando as últimas gestões conturbadas da Bienal de São Paulo e Adriana Varejão comemorando a colonização portuguesa no Brasil.

No sentido inverso, o autor também se beneficiou das entrevistas para pensar sobre sua própria pesquisa. “No caso do Tunga foi uma entrevista tensa, mas foi a primeira vez que me questionei sobre as perguntas que fazia, ele me fez pensar na posição de entrevistador, que, às vezes, é muito cômoda. Foi interessante, ele me colocou à deriva e me tirou da posição segura de entrevistador.”

1 - Mais emoção
O neoconcretismo foi um movimento comandado por artistas cariocas nas décadas de 1950 e 1960 em oposição ao concretismo, que reunia principalmente artistas de São Paulo. Os cariocas pregavam a presença de mais emoção e expressão na arte abstrata geométrica que dominava o ateliê dos artistas na época. Ao contrário dos cariocas, adoradores da forma em detrimento da emoção, os neoconcretos defendiam a subjetividade e a interação com o público. Os maiores nomes do neoconcretismo foram Lygia Clark e Helio Oiticica.

Lei trecho do livro na internet


O que eles dizem

Tunga
“O que você está chamando de arte contemporânea é um fenômeno que acontece dentro da sociedade ocidental, num circuito determinado de cultura, que envolve museus, colecionadores, críticos, imprensa, etc. Isso é, a rigor, um grão perto daquilo que é o exercício da subjetividade da sociedade ocidental contemporânea. Falar do homem e da existência a partir desse pequeno grão me parece restrito…”

Ernesto Neto
“A essência do valor da existência humana, do que é a vida, de como construímos uma sociedade, continua sendo a mesma: extremamente egoísta e baseada no lucro. A questão é mudar o paradigma. As escolas de samba são um bom exemplo dessa possibilidade. As pessoas trabalham o ano inteiro para em um dia acontecer a concretização. Tem um dado de fantasia, de querer um sonho. É outra utopia, que não é a social, de querer uma sociedade mais justa. É uma utopia de felicidade. À sociedade está faltando sonhar.”

Adriana Varejão
O mercado internacional estava funcionando de uma maneira tão absurda que existia fundo de investimento em arte. Nesse sentido, artistas com uma carreira mais extensa estavam com suas obras cotadas em valores baixos, comparando com os artistas novos. Não havia lógica. Por isso, acho que a crise econômica pela qual estamos passando normalizará esses valores e o mercado parará com a histeria, e as pessoas passarão a adquirir arte pelas razões certas.”

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Ipea: Brasil forma muitos engenheiros nas faculdades, mas poucos trabalham na profissão

De cada 3,5 engenheiros formados no Brasil, apenas um está formalmente empregado em ocupações típicas da profissão. Isso mostra que o país tem um número suficiente de engenheiros para dar conta dos novos postos que devem surgir com o crescimento econômico. No entanto, é necessário que aumente a proporção de profissionais dedicados às áreas específicas da engenharia, para que o país dê conta de acompanhar os cenários mais otimistas.


A avaliação é do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e consta da sexta edição do boletim Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior. Segundo o Ipea, o estudo foi motivado pela possibilidade de não haver número suficiente de engenheiros no país para dar conta da demanda que deverá surgir com o crescimento econômico. Isso, assinala a instituição, poderia resultar em um "apagão de mão de obra qualificada", caso a economia venha a crescer a taxas mais altas ou por causa de mudanças tecnológicas, principalmente em alguns setores, como o do pré-sal.

De acordo com o Ipea, a demanda tem superado o aumento de oferta de mão de obra no mercado. O ponto que mais preocupa seria a baixa proporção de formados que estão formalmente empregados em ocupações típicas da profissão.

Para realizar o estudo, o Ipea identificou o requerimento técnico por engenheiro - quantidade de profissionais com essa competência requerida tecnicamente para atender a um determinado nível de produção - para formação do PIB (Produto Interno Bruto). Além disso, projetou a quantidade de engenheiros potencialmente necessários a cada ano, entre 2009 e 2022.

Em 2008, o estoque de graduados em engenharia foi de cerca de 750 mil, enquanto o requerimento técnico por esses profissionais foi de 211.713 profissionais. No ano anterior, o total de graduados foi de 188.654 e em 2006, 174.183.

Três cenários distintos, em relação ao crescimento do PIB - 3%, 5% e 7% ao ano - foram analisados. As projeções levaram em conta apenas empregados em ocupações identificadas como próprias de engenheiros, arquitetos e outros profissionais correlatos e pondera que há muitos diplomados em engenharia que exercem outras ocupações e não foram incluídos no estudo.

Baseadas nos números de pessoas que concluíram os cursos de engenharia, na produção e na construção no Brasil, além da projeção dos formandos, o Ipea estima que em 2015 haverá 1,099 milhão de engenheiros disponíveis no mercado.

O estudo constata também que, à primeira vista, a disponibilidade de engenheiros seria suficiente para enfrentar a demanda, desde que o crescimento do PIB se mantenha em 3% ao ano e a proporção entre formados, na comparação com os formalmente empregados, caia para três por um - atualmente, de cada 3,5 engenheiros formados apenas um está empregado formalmente em ocupações típicas.

No patamar três por um, a demanda estaria em 1,001 milhão de profissionais em 2015. Número abaixo dos 1,099 milhão de engenheiros que deverão estar atuando no mercado, segundo o Ipea.

Caso o crescimento do PIB fique a 5% ao ano, serão necessários 1,155 milhões de profissionais - número ligeiramente maior do que o previsto (1,099 milhão). E, com crescimento de 7% ao ano, serão necessários 1,462 milhão de engenheiros.

Já a projeção para 2022 aponta que haverá 1,565 milhões de engenheiros em ocupações típicas - número suficiente para dar conta da demanda caso o PIB cresça 3% ou 5% ao ano. Mas para isso será necessário que se aumente a proporção de profissionais dedicados a atuar nas ocupações típicas de engenharia, e de cada dois formados, um esteja dedicado a elas.

Caso se mantenha o quadro atual - de 3,5 formados, um atua em emprego típico-, a demanda será de 1,861 milhão de engenheiros, para o caso de um PIB com crescimento de 3% ao ano; e de 2,48 milhões de engenheiros para o caso de se registrar crescimento do PIB em 5% ao ano.

Na proporção de 3 para um, ficarão bem próximas a demanda e a oferta de profissionais no ano de 2022, serão necessários 1,595 milhão de engenheiros para um mercado que deverá ser de 1,565 engenheiros, caso de o PIB cresça 3% ao ano. Caso cresça 5% serão necessários 2,125 milhões de engenheiros; e 3,405 milhões, caso o PIB tenha crescimento anual de 7%.

Fonte: Agência Brasil Brasília 24/02

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Desembargador afirma que prova dispensa bajulação

O bizarro concurso público criado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para admissão de indicados às vagas do quinto constitucional pelo Ministério Público e pela advocacia teve o objetivo de evitar o “ridículo beija-mão” dos candidatos nos gabinetes dos desembargadores. Essa foi a explicação dada ao Conselho Nacional de Justiça pela 10ª Câmara Cível do tribunal, atendendo a um pedido de informações feito pelo conselho.

Leia mais: http://www.conjur.com.br/2010-fev-22/autor-exame-admissao-quinto-constitucional-quis-evitar-beija-mao

www.conjur.com.br

22/02

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Corrupção é um problema endêmico no país

Segundo o ministro, a situação mais complicada seria no âmbito do Legislativo local


26 Fev 2010 - 11h48min

O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, disse nesta sexta-feira, 26, classificou a corrupção de um problema endêmico e permanente no país.

“Cabe ao estado e aos cidadãos exercerem a vigilância e o controle permanente contra essa patologia”, afirmou Adams ao participar do programa Bom Dia, Ministro.

Adams disse que o problema da corrupção não é só brasileiro, porém, desatacou que o país passa por um processo de “renovação”.

Sobre a situação política no DF, agravada com a prisão do governador afastado, José Roberto Arruda, o ministro explicou que se for decretada a intervenção pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a unidade federativa perderá autonomia administrativa.

“Com a intervenção a União intervém no estado retirando a sua autonomia administrativa para preservar o respeito dos princípios democráticos previstos em lei. Para isso o STF identifica a causa para a intervenção, o presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] designa o interventor, e os prazos.”

Segundo o ministro, a situação mais complicada seria no âmbito do Legislativo local. “Para isso, não existem precedentes, pode ocorrer desde a substituição da presidência da Casa como a própria substituição da Câmara Legislativa pelo Congresso Nacional.”

Fonte: Agencia Brasil 26/02

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Em defesa da inclusão social
Para quem ainda não sabe, existe, na OAB-DF, a Comissão de Defesa do Direitos das Pessoas com Deficiência. A comissão determina, entre outras questões, sobre a obrigatoriedade de os restaurantes prepararem seus cardápios em braille, de acordo com a Lei Distrital nº 3.634, de 28 de julho de 2005, assinada pelo então governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. Como não são todos os cumpridores daquela determinação legal, a comissão informa que a impressão desses cardápios poderá ser realizada pela ABDV – Associação Brasiliense de Deficientes Visuais, que tem como executar esse trabalho. Como supõe-se que os proprietários de restaurantes não observam a lei “simplesmente por desconhecê-la”, a CDDPD está pronta para levar a lei a todos os interessados em cumpri-la. Na associação, Justino Bastos ou Roselaine Lustosa estão à disposição no 3323-2390 ou pelo e-mail: abdvweb@gmail.com. Agora é com esta coluna: queremos divulgar, o quanto antes e com o maior prazer, a lista dos restaurantes que já praticam o uso de cardápio em braile, e aqueles que providenciaram a obediência à lei. É a Brasília cidadã, madura, e cumpridora de seus deveres para com o seu povo. Fonte: Correioweb.com.br 09/02

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“O episódio representa o amadurecimento da democracia brasileira. Mostra que os políticos não podem fazer o que bem entendem",

Professora Mariza Von Bülow, do IPOL (UNB)

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“A prisão só aconteceu porque a iniciativa veio de uma instância superior. A prisão também mostra a fragilidade dos poderes Legislativo e Judiciário locais.”

Professor do Instituto de Ciências Políticas (IPOL) Ricardo Caldas (UNB)

“Estou convencido que as instituições não estão trabalhando de forma autônoma e individual e isso impede o funcionamento da política”, diz Ricardo Caldas. (UNB)

Leia mais:

http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=2937

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Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as ações - mesmo as boas.

Eça de Queiroz

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Guerra nuclear local, catástrofe global

As preocupações se fixam em Estados Unidos e Rússia, mas uma guerra nuclear regional entre Índia e Paquistão poderia ofuscar o Sol e matar de fome grande parte da humanidade.

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/guerra_nuclear_local_catastrofe_global.html

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010



Títulos do Brasil atraem estrangeiros

Aumenta a participação de investidor de outros países no financiamento da dívida pública
As incertezas no mercado externo e a retomada do primeiro lugar no ranking de juros altos têm transformado o Brasil num porto seguro para o investidor estrangeiro. Em janeiro, a participação desse tipo de credor na composição da dívida pública federal foi recorde. Chegou a 8,7% de tudo o que o Tesouro colocou à venda, número que só foi possível devido à queda no endividamento público no primeiro mês do ano, para R$ 1,457 trilhão, ante R$ 1,497 trilhões em dezembro.

A
participação do investidor estrangeiro no percentual de dívida ofertada no país atingiu, em janeiro, R$ 114,45 bilhões. Ante dezembro de 2009, houve alta nominal (não descontada a inflação no período) de 4,3%, o que serviu para elevar o percentual desse tipo de credor no endividamento em 0,6 ponto percentual.

Dois eventos explicam esse número. O primeiro diz respeito ao aumento nominal de R$ 5 bilhões na participação desse tipo de investidor na dívida, devido a incertezas no âmbito externo, e à remuneração elevada (sobretudo da taxa Selic) paga pelo governo a seus credores. O segundo, à queda da dívida mobiliária interna, de 3,05%, em razão do vencimento, em 1º de janeiro, de R$ 100 bilhões em títulos federais.

Normalmente, a remuneração paga por um papel de dívida soberana leva em conta o risco de o país emissor dar o calote e as condições da economia do país, com destaque para a taxa de juros oficial. Atualmente, a taxa Selic está em 8,75% ao ano, os maiores juros reais (descontada a inflação) em todo o mundo. “Os juros (só) são um atrativo se acompanhados das condições macroeconômicas”, explica o coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Fernando Garrido. Segundo ele, além desses fundamentos, a perspectiva de continuidade do bom desempenho do país emissor é o que mais conta para o estrangeiro comprar um papel de dívida soberana.

Essa é a mesma relação para a oferta de dívida mobiliária externa. No primeiro mês do ano, a parcela desses papéis cresceu 3,05% no estoque da dívida mobiliária federal, em razão da valorização do dólar no período e da apropriação de juros (correção de remunerações pagas a esses papéis). No mesmo sentido vieram os resultados do programa Tesouro Direto, que são aplicações voltadas ao investidor pessoa física. Em janeiro, o montante financeiro vendido pelo Tesouro Direto chegou a R$ 212,69 milhões. O resultado de janeiro ficou 68,47% maior ante dezembro e 12% acima do desempenho de igual mês de 2009.

O número
R$ 114,45 bilhões
Total da participação de estrangeiros nos papéis da dívida brasileira, que em janeiro atingiu R$ 1,4 trilhão
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ARTES PLÁSTICAS- BIENAL DE ISTAMBUL TERÁ BRASILEIRO NA CURADORIA
A Bienal Internaciona lde Istambul anunciou como curadores de sua 12 ª edição o brasileiro Adriano Pedrosa e o costa-riquenho Jens Hoffmann. Pedrosa foi curador de duas bienais de SP (1998 e 2006) e do 31º Panorama da Arte Brasileira, polêmico por não incluir artistas brasileiros. A Bienal de Istambul, que ganhou destaque no calendário internacional das Artes Plásticas, ocorrerá no fim de 2011.
FSP 19/02
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60º FESTIVAL DE BERLIM

Diretor de evento diz que Brasil não ofereceu opções

A modesta participação brasileira no 60º Festival Internacional de Cinema de Berlim, sem nenhum filme concorrendo ao Urso de Ouro -a ser anunciado hoje-, foi pura falta de opção, segundo o diretor do evento, Dieter Kosslick, 61. Em entrevista à Folha, ontem, o responsável desde 2001 pela seleção da Berlinale afirmou ter todos os meios para encontrar os bons filmes brasileiros para o festival, "mas apenas não funcionou neste ano para a nossa competição".
Ele aponta para um papel com os cinco longas e o curta brasileiros que foram exibidos em seções menores: "Isso foi tudo o que encontramos".
Seria uma indicação de que a produção nacional está enfraquecida? "Não é nada", contesta. "Também não temos nenhum filme francês na competição. Há momentos, há anos em que não há nada. Temos muito boa relação com os brasileiros e nossos representantes lá, procurando filmes. Então, possuímos bons contatos, tudo de que precisamos, mas apenas não funcionou", afirma o diretor. "Nada especial. Nada a dizer sobre isso."
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domingo, 21 de fevereiro de 2010


Livro aborda mudanças de capital no Brasil

Uma das maiores sociólogas do país, a professora Barbara Freitag, do Departamento de Sociologia da UnB, lançou este ano o livro Capitais migrantes e poderes peregrinos: o caso do Rio de Janeiro. A obra é fruto de um projeto de pesquisa integrado, desenvolvido na universidade com apoio do CNPq, sobre os impactos das mudanças de capital no Brasil. A publicação já está disponível na Livraria do Chiquinho, na entrada do ICC Norte.  Fonte: UnB.br 19/02

E MAIS:
- Capitais migrantes e poderes peregrinos: o caso do Rio de Janeiro. Bárbara Freitag. Editora Papirus. 1ª Edição. 400 páginas. R$ 59. A obra fala sobre os impactos que a mudança da capital para Brasília causou no Rio de Janeiro.
- A elite dirigente do governo Lula. Maria Celina D’Araujo. Editora CPDOC/FGV. 1ª Edição. 140 páginas. R$ 29. A autora traça o perfil dos funcionários que ocupam os altos cargos da administração pública no governo Lula.
- O senso prático. Pierre Bourdieu. Editora Vozes. 1ª Edição.  470 páginas. R$ 73. O sociólogo critica a razão teórica e destaca a importância do pensamento primitivo, ou lógica prática, que é a qual recorremos para colocar ordem no mundo, quando diferenciamos masculino e feminino, ou leste e oeste.
- Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina. Florestan Fernandes. Global Editora. 4ª Edição. 140 páginas. R$ 25. O livro reúne três ensaios do sociólogo sobre a crise estrutural pela qual atravessou a América Latina na década de 70 causada pelo capitalismo dependente.
- Para onde vai o mundo? Edgar Morin. Editora Vozes. 1ª Edição. 70 páginas. R$ 18. O autor faz uma análise de para onde está indo a humanidade. Fonte: UnB.br 19/02
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CARLOS HEITOR CONY

A graça do Carnaval de graça
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COMO SE não bastassem os problemas que já temos, surge mais um na temática -e na problemática- nacional: a competição relativa "ao melhor Carnaval do mundo". Cariocas, baianos e recifenses não entregam o ouro ao bandido e garantem promover inter muros a melhor festa popular do universo.
Não sou entendido na questão (na realidade, não entendo nada de nada), mas meto minha colher neste angu cívico: guardadas as proporções, acredito que todos têm razão. Em Recife, o Carnaval é Carnaval simplesmente, a animação começa e termina na própria animação. O recifense não considera o seu Carnaval uma missão, uma boa ação existencial, uma bacanidade suplementar. Faz o Carnaval como a chuva que chove. A adjetivação passa à margem.
Na Bahia, o Carnaval é empolgação e não existem aparelhos específicos para se medir alegria, emoção e festança. Visualmente, é o mais popular de todos, mas há uma adversativa: cheira a compromisso -alegre sem dúvida, mas compromisso. Saudável, mas compromisso. Parece que participar do Carnaval baiano conta ponto em alguma esfera não terrestre, como se fosse uma boa ação de escoteiro.
Anos atrás, voltando de uma viagem, fiquei pasmo quando soube que um trio elétrico executara a "Ave Maria", diante de uma multidão em transe. Taí: esse é um tipo de desvirtuamento pior e mais equivocado do que a zorra dominante no Carnaval do Rio.
Não sei se me entendem, mas é como uma criança de dois anos aplicando na Bolsa de Valores: não tem nada a ver, ainda que jogue certo.
E passemos ao Carnaval mais polêmico, que é o do Rio. Há muito o Estado tomou conta da chamada folia momesca e isso é considerado um mal. E é mesmo. Tal como aconteceu com a própria sociedade humana, em sua gênese de sociedade, houve um instante em que a estrutura pessoal, familiar ou tribal sentiu que a barra pesava demais e criou a estrutura do Estado -ou seja, um organismo para gerir a confusão, aumentando-a.
De início, o Carnaval carioca era mais ou menos como o de Recife e o da Bahia, na base do eu-sozinho, e assim viveu durante muitos anos. Mas o volume de interesse e o peso de investimentos obrigaram o carnavalesco a apelar para a estrutura maior da própria sociedade, ou seja, o Estado, o governo. O Carnaval então mudou, não de grau, mas de gênero. Virou outra coisa, outra festa. E aí entra a peçonha do meu juízo.
A carga existencial que cada folião coloca em seu Carnaval independe da organização do Estado, mas pode sobreviver apesar dela e até mesmo contra ela. Digo isso porque, em anos passados, vi o choro de um velho dirigente da Mangueira ao saber que sua escola havia ganho: há muitos anos que esse folião não faz folia, ou seja, não exerce seu nobre mister. Foi compositor antigamente, foi passista e malandro do morro. Hoje, é um burocrata do samba que não chora por nenhum motivo na vida. A não ser quando a Mangueira ganha. O que acontece de tempos em tempos nos últimos tempos.
A emoção desse carnavalesco é tão digna quanto outra qualquer. E para ficarmos com a Mangueira, cito outro exemplo: a jovem divorciada que rodou a baiana e quis sair no Carnaval. Botou um biquíni em cima do corpo e foi pular por aí. Quando deu por si, estava numa das alas da Mangueira. Pensou que fosse a Portela e pulou do mesmo jeito. Bancou aquele personagem que fazia prosa e não sabia. Ela fez, sem saber, o melhor Carnaval.
Neste ano, para glória dos entendidos, o Carnaval de rua começa a retornar sem ainda aquela espontaneidade dos blocos antigos. Guardadas as proporções, são eventos programados, com seus cartolas, suas leis específicas, com apelos que nada têm de carnavalescos. Fazem blocos até para ajudar os sobreviventes do terremoto do Haiti. Ou prestam homenagens, merecidíssimas aliás, a importantes celebridades de nossa vida artística ou cultural.
Ainda dá para passar. Mas o bloco antigo era diferente. Lembro de um, no Méier, em que o cidadão estava fazendo a barba e um pequeno bloco entrou pela casa adentro. O sujeito não resistiu ao apelo, saiu de pijama mesmo, navalha na mão, o rosto ensaboado. Foi preso por causa da navalha, mas considerou-se o preso mais feliz do mundo.
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FSP 19/02 

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010


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Foi com base no artigo 34, Inciso VII, da Constituição Federal que o procurador-geral da República, Roberto Monteiro Gurgel Santos, baseou-se para solicitar a intervenção federal no Distrito Federal. Ao provocar o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério Público externa a situação a que chegou a gestão da capital da República, que há quase 90 dias se vê imersa em uma dezena de denúncias, onde diariamente nos são mostrados os meios a que recorreram tanto o Chefe do Executivo como da sua base aliada para assegurar o controle da coisa pública.
O artigo da Constituição é muito claro. Aliás, diga-se de passagem, o Distrito Federal já deveria ter sofrido intervenção há muito tempo, pois somente a alínea “e” do referido Inciso permite tal intervenção. Falo exclusivamente da aplicação dos mínimos percentuais não aplicados em educação – com a conivência explícita do Tribunal de Contas do DF que deturpa as normas brasileiras de contabilidade para afirmar que os gastos em educação estão dentro do que preceitua a Constituição Federal e a Lei Orgânica do Distrito Federal.
Brasília e sua população lutaram muito para conseguir eleger os seus representantes. Resgate desse processo foi feito recentemente pela Fundação Banco do Brasil no livro A Luta pela Autonomia Política: memórias do Distrito Federal, obra essa feita sob a supervisão do Museu da Pessoa, de São Paulo. Brasília era uma anomalia no contexto federativo. Mesmo sob o auspício do regime militar, eleições para governadores eram realizadas desde 1972, mas Brasília teve de esperar 30 anos para poder eleger os seus representantes e há 20 se pergunta como pode chegar a essa representação instalada no final da Asa Norte, que sequer conseguiu nesse período instalar uma comissão para apurar os fatos revelados pela Operação Caixa de Pandora.
A intervenção no Distrito Federal é decisão do presidente da República, independente da decisão que venha a ser tomada pelo STF. Desde o início da operação o Palácio do Planalto foi alertado sobre essa possibilidade. A medida amparada na nossa Constituição visa reequilibrar o sistema federativo, além de garantir a segurança institucional da Nação. Brasília é a capital da República. Os brasileiros de todos os rincões financiam 50% do orçamento local via o Fundo Constitucional do DF. Nenhum ente federado conta com tamanha benesse como aqui. É mais um dos motivos para que os impostos pagos por todos os brasileiros não virem pó na próxima e prolongada seca que se avizinha.
A intervenção não é ato precipitado. É ato estabilizador da democracia. A posse do vice-governador não garante tal estabilidade; muito menos algum representante da Câmara local imersa em várias suspeitas. Aliás, a intervenção é medida reparatória das instituições democráticas e o inciso “a” que se baseia o MPU visa exatamente garantir a forma republicana, o sistema representativo e o regime democrático.
Quanto ao governador e a todos os relacionados em suspeitas sobre suas condutas, o Estado Democrático de Direito está assegurado e as suas respectivas defesas estão amparadas pela Constituição Federal. Quanto à crise institucional invocada pelo Senado Federal, não passa de mero efeito de retórica para aqueles que guardiões do sistema federativo nada fazem para garantir o seu funcionamento. Infelizmente vamos ter de conviver ainda algum tempo com a judicialização da política.
O presidente da República tem o dever de, usando das suas atribuições, reestabelecer um novo equilíbrio e uma nova realidade na Capital da República. Quanto a nós, cidadãos, é continuar o sonho de construir uma nova Brasília. Fonte: UnB.br 19/02

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Edu Lobo volta com inéditas e borda memória musical
Após mais de dez anos sem disco solo, compositor alia novidades a recriações
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A parcimônia com que Edu Lobo lança discos espelha a sua desejada falta de familiaridade com a velocidade que move hoje a indústria musical, em que quase tudo se esgota já ao nascer. Há muito o compositor cansou de ser moderno para virar eterno.
Seus últimos CDs são "Corrupião" (1993) e "Meia-noite" (1996), além da trilha da peça "Cambaio" (2001) e de uma ou outra trilha de cinema. Não por acaso, escolheu para faixa-título do novo trabalho uma canção que trata de memória, de emoções que persistem, "Vestígios de tempo/ Que mesmo embaçados/ Não passam jamais".
"Tantas Marés" é uma das seis parcerias inéditas com Paulo César Pinheiro. Não é uma safra deslumbrante, a se julgar por tudo o que Edu já fez.
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TANTAS MARÉS
Artista: Edu Lobo
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 35, em média
Avaliação
: bom
Fonte: FSP 17/02

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Noel ganha estudo acadêmico
Livro reúne 14 textos que analisam obra do compositor, que faria 100 anos em 2010

Disco, previsto para sair em maio, traz sambas menos conhecidos de Noel Rosa, interpretados pela família de Martinho da Vila


O ano começou ontem para Noel Rosa (1910 -1937). Protagonista do desfile do G.R.E.S. Vila Isabel, quinta escola a passar pela Marquês de Sapucaí na madrugada dessa segunda-feira, o compositor ganha, no decorrer de 2010, uma série de homenagens pelo centenário de seu nascimento.
Outro ícone daquele bairro, Martinho da Vila está envolvido em, por enquanto, dois desses eventos. Além de ser autor do samba-enredo mostrado ontem na avenida, é o principal artista do disco que virá encartado em "Noel Rosa -100 Anos de Samba", livro programado para chegar às lojas em maio.
O projeto foi idealizado por Júlio Diniz, do departamento de Letras da Puc-Rio, e é parceria entre a Editora Puc-Rio e a gravadora Biscoito Fino.
Em fase de produção, o CD vai trazer sambas menos conhecidos de Noel. Quem os interpreta é Martinho e a família, incluindo os filhos Tunico Ferreira, Analimar e Mart'nália.
Já o livro reúne 14 textos inéditos, maior parte deles escrita por figuras do meio acadêmico, que vão analisar diferentes aspectos da obra de Noel.
"Cada texto tem como fio condutor um samba de Noel -ou, em alguns casos, um grupo deles", diz Diniz. "Trazem à tona o Rio da época, a malandragem, a boemia, a arte."
Santuza Cambraia Naves, professora do Departamento de Sociologia e Política da Puc-Rio, traça paralelos entre Noel e o modernismo.
"Ele combateu preconceitos contra músico, contra mulher, contra cantor, contra sambista, contra negro. Fez parcerias com Cartola, Ismael Silva, com a negrada toda", diz. "Até o preconceito sexual que era terrível ele combatia. Dedicou a Madame Satã, que era negro, bandido e homossexual. Quem na música popular brasileira fez mais do que isso?"
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FSP 16/02

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Ligação cara

O minuto de celular no país, aponta levantamento feito por consultoria europeia, é o segundo mais dispendioso do mundo. Custa em média R$ 0,45. Nos EUA, cobra-se R$ 0,10 pelo mesmo período de uso.
As operadoras culpam a carga tributária -e não deixam de ter razão. Mais de 40% do valor da tarifa corresponde a impostos e encargos, o que aliás não é peculiaridade do setor. Mas a situação também deriva de algumas normas que já se tornaram ultrapassadas e de falhas de regulação, a cargo da Agência Nacional d
e Telecomunicações.
Editorial – FSP – 09/02

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010



Boris Casoy e Band
podem responder por 13 ações de garis na Paraíba
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O caso do comentário jocoso do jornalista Boris Casoy a respeito de dois garis durante a edição de 31 de dezembro do "Jornal da Band" pode gerar um imbróglio judicial de proporções incalculáveis à TV Bandeirantes e ao âncora. Veja mais: http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2010/02/08/imprensa33660.shtml

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Falhas em sites oficiais prejudicam turismo no Brasil - UNB
Pesquisa conclui que conteúdo das páginas de turismo dos estados brasileiros não atende necessidades de viajantes
O Brasil pode perder a chance de atrair mais turistas estrangeiros em virtude da má qualidade dos sites oficiais de seus estados. De acordo com pesquisa realizada pelo publicitário Jun Matsuoka Tomikawa, nenhuma das 27 unidades da federação possui um site com informações turísticas completas e de interesse dos viajantes.
“A internet é a principal fonte de informação sobre turismo em vários países, inclusive no Brasil, mas os estados brasileiros não sabem aproveitar essa ferramenta a seu favor”, explica Tomikawa, quem fez a pesquisa para sua dissertação de mestrado profissional em Turismo na Universidade de Brasília (UnB). A política de turismo brasileira determina que cabe aos estados e aos municípios implementarem suas estratégias para fortalecer o turismo em suas regiões.
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sábado, 13 de fevereiro de 2010


Internet também cria marginalizados sociais
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Na revolução da Internet, que hoje chega aos telefones celulares, às telas de televisão e até aos aviões, uma boa parte da população ficou desprezada. Há idosos que não entendem o que é um navegador. Existem regiões pobres, rurais e urbanas, que não dispõem dos cabos necessários para oferecer banda larga. E há jovens que dominam perfeitamente os programas de bate-papo e as redes sociais, mas não sabem como enviar um currículo em boas condições através do correio eletrônico. São os marginalizados da rede, e diante de uma tecnologia em rápida mutação correm o risco de ficar para trás.
Richard Brock é um deles. Esse morador de Washington, de 65 anos, dedicou toda a sua vida ao salão de cabeleireiro e se considera um analfabeto digital -a comprovação empírica de que a célebre divisão digital existe. "Eu pensava que para ligar um computador era preciso tirar o plástico com que vinha enrolado", brinca. "Percebi que a Internet se torna necessária para as pessoas da minha idade, para organizar o trabalho da igreja, consultar serviços da prefeitura, manter contato com parentes e amigos."
E não só para isso. Diante da grave crise econômica que vivem os EUA, Brock, já aposentado, procura trabalho. "E para isso é preciso entender de computadores e de Internet." Para um idoso que nunca aprendeu informática, que nunca abriu um notebook na vida, pode ser muito difícil voltar ao mercado de trabalho em uma dura crise econômica na qual as aposentadorias de muitos não estão garantidas e em que os despejos e as penhoras são moeda corrente. Essa é a verdadeira face do que se passou a chamar de divisão digital.
Pessoas como Brock são os alunos da academia Byte Back, situada no bairro de Brookland em Washington, uma área de maioria afro-americana. Esse centro é um refúgio de pessoas sem um teto na rede, cidadãos que carecem da formação e dos meios para navegar na Internet. Aqui se dão aulas de informática gratuitas para pessoas que quando chegam não sabem o que é um computador, e quando saem podem formatar um currículo, abrir uma conta de e-mail e mandá-lo para um departamento de recursos humanos. Trata-se de uma pequena ponte, por mais precária que seja, que oferece um grande avanço para contornar a brecha digital.
No ano passado a Byte Back deu 527 aulas para 442 alunos. Deles, 307 se matricularam no nível mais básico, no qual precisam aprender do zero, desde o botão de Iniciar do Windows. Em geral, 80% dos alunos -entre os quais há algumas pessoas sem teto- finalizam os cursos. Os professores, quase uma centena, são em sua imensa maioria voluntários.
"Pelo tipo de gente que vem aqui, temos a impressão de que as pessoas entre 60 e 80 anos estão ficando para trás. Isso é algo que vai piorar conforme houver coisas que só possam ser feitas online", explica a diretora da escola, Kelley Ellsworth. "A partir deste ano aqui em Washington só é possível registrar crianças em creches públicas através da rede. Até alguns meses atrás podia-se fazer pessoalmente. Agora os idosos sem experiência de informática não podem se encarregar de uma coisa tão simples para seus netos."
É verdade. Há cada vez mais burocracias que são feitas exclusiva ou principalmente através da rede. O governo dos EUA, por exemplo, exige que os viajantes europeus que queiram visitar o país se registrem previamente em uma lista através de um site. Muitos centros escolares dos EUA impõem deveres a seus alunos que devem ser feitos online. As empresas de telefonia, eletricidade e água cobram uma tarifa de até 3 euros mensais para enviar faturas em papel.
A Espanha, por exemplo, já tem a identidade digital para fazer todo tipo de tarefas com o simples acesso a uma conexão à Internet, e as prefeituras dos países industrializados utilizam cada vez mais a rede para trâmites tão simples -e que antes envolviam filas e papeladas- como renovar carteiras de motorista, requerer seguro-desemprego, pagar multas de trânsito ou saber aonde o guincho levou seu carro.
Segundo uma pesquisa do Centro de Pesquisas Pew do final de dezembro, 74% dos americanos usam regularmente a Internet. Essa cifra é bastante superior à registrada na Europa, onde somente 49% da população têm conexão à Internet em casa, segundo um relatório de 2009 do Ministério da Indústria, elaborado com dados de 2008. Na Espanha, 51% dos domicílios contam com conexão à rede, abaixo de países como Eslováquia, Reino Unido ou Suécia.
Esses dados confirmam a existência de desigualdades demográficas no acesso à Internet. Nos EUA, por exemplo, 76% das pessoas de raça branca se conectam à Internet com regularidade. Essa cifra cai para 64% entre a população hispano-americana. A diferença é mais pronunciada entre faixas etárias: 93% dos jovens entre 18 e 29 anos se conectam à rede, enquanto só 38% dos maiores de 65 anos o fazem.
"É normal que as pessoas mais velhas que vêm para estas aulas sintam medo no início", explica Ellsworth. "Muita gente não sabe nem o que a espera em uma tela de computador. O melhor em nossas aulas é ver as caras de vitória no final, ver que o medo desaparece e como essas pessoas comemoram sua vitória pelo simples fato de ir ao site da prefeitura e procurar algum dado."
Afinal, os idosos deveriam ser os mais beneficiados por uma tecnologia que evita papeladas intermináveis e filas longuíssimas. "Essas pessoas deveriam mergulhar na rede. Ninguém como elas pode obter um benefício de pedir uma visita médica ou um serviço municipal através de uma tela em sua casa", explica Ellsworth. Mas não são só os idosos que sofrem os prejuízos colaterais da divisão digital.
"Os casos mais preocupantes que encontro são os de jovens que acreditam ser muito versados em informática e Internet, mas ignoram que na realidade são analfabetos digitais", acrescenta Ellsworth. "São pessoas que se comportam como ninguém nos chats, que controlam todas as redes sociais e têm perfis em dezenas de sites. Mas que não são capazes de abrir um documento de texto e formatá-lo, ou que não conhecem as regras básicas de enviar uma mensagem de correio eletrônico para pedir um trabalho, gente com endereços de correio confusos, ou que não sabe sequer passar um corretor ortográfico em um documento."
Embora se destaquem menos, os jovens de poucos recursos e com educação moderada também são deixados de lado nessa divisão digital. Em Washington há muitos deles. Sofrem um desemprego que entende de raças e bairros. Aqui, no 3º distrito, zona rica de embaixadas e universidades, de maioria branca, o desemprego é de 3%. No 5º distrito, do outro lado do rio Anacostia, uma zona pobre de submoradias e insegurança nas ruas, de maioria afro-americana, é de 28%.
Mas alguns especialistas entendem que esses são os efeitos normais de qualquer ciclo econômico e que na realidade essa divisão digital é uma quimera. "Mais que uma brecha, é uma membrana permeável", explica Benjamin Compaine, especialista em empresas digitais, professor de administração de empresas na Universidade Northeastern e autor do livro "A Brecha Digital: Crise a enfrentar ou mito inventado?", publicado em 2001. "Algumas pessoas têm conexão no trabalho e não em casa. Há jovens que têm Internet na escola e não precisam dela em casa. É muito difícil descrever uma brecha como a que esse termo sugere."
No mundo desenvolvido há lacunas regionais não conectadas à rede, por ser zonas remotas, de difícil acesso, ou bairros pobres em zonas urbanas onde às vezes nem sequer existem os cabos necessários para oferecer a Internet. O governo americano anunciou em dezembro passado que oferecerá US$ 2 bilhões (1,4 bilhão de euros) para facilitar o acesso à banda larga nesse tipo de área. Ao fazer o anúncio, em 29 de dezembro na Geórgia, o vice-presidente Joe Biden disse que o acesso à banda larga "é necessário para criar a economia do século 21".
Para o professor Compaine, como para muitos economistas dos EUA que defendem o livre mercado, o Estado deveria se dedicar a outros assuntos. "Quando há tantas pontes para construir e tantas infraestruturas para melhorar, coisas que na verdade a iniciativa privada não vai solucionar, por que investir o dinheiro dos contribuintes em algo como facilitar o acesso à rede? Nos últimos dez anos a oferta e a procura solucionaram o problema. Sim, há cerca de 20% de domicílios nos EUA sem conexão à rede. Mas em muitos desses domicílios vivem pessoas que têm Internet no trabalho, ou no telefone ou através de satélite. São números imprecisos."
Em relação aos lugares remotos sem acesso à rede, Compaine é claro: "Por que eu deveria pagar pelo acesso à Internet em uma zona rural do Wyoming, por exemplo? Viver em cada lugar tem seus benefícios e seus custos. É certo que para um fazendeiro de Wyoming o seguro do carro custa menos que a metade do seguro do meu carro em Nova York, por exemplo. É normal que para ele o acesso à rede custe mais caro".
Nem todo mundo tem a mesma opinião. "A divisão digital existe. Se não quiser chamá-la assim, também se pode falar em desigualdade econômica. É a mesma história de sempre", explica Ken Eisner, diretor-executivo de operações da companhia sem fins lucrativos One Economy, encarregada entre outras coisas de oferecer conexão à rede para minorias pobres. "A Internet é o novo espaço público. Não ter acesso à rede em muitos casos não é uma questão de se viver em um lugar ou outro. É uma questão de pobreza, de subdesenvolvimento urbano ou rural", acrescenta.
Um de seus últimos projetos é oferecer acesso à banda larga para mais de mil famílias em Washington, através da operadora de telefonia e Internet Criket e com a ajuda de Google e Qualcomm. Até agora realizaram projetos semelhantes em outros estados, nas áreas rurais da Califórnia, Carolina do Norte, Virgínia Ocidental ou Missouri. Recentemente a One Economy iniciou programas semelhantes em grandes cidades como Washington.
"Por cada acesso à rede que oferecemos estamos dando a uma criança os meios necessários para ter um trabalho digno", explica Clyde Edwards, diretor da One Economy e coordenador de seus projetos locais na área metropolitana de Washington. "Trabalhamos para que todas as crianças pobres de hoje possam sonhar com ser os criadores do Facebook ou do Google de amanhã. Queremos levar a Internet a todos os lugares possíveis."
É um sonho que muitos outros compartilham. Há conexões com a rede mundial em lugares nunca antes imaginados, como o pólo sul, na Estação Amundsen-Scott, ou a bordo do ônibus espacial da Nasa. Diversas iniciativas tentaram levar a Internet a lugares extremamente remotos. Muitas vezes com êxito, como demonstra o caso de Entasopia, no Quênia, uma aldeia de 4 mil habitantes à qual o Google, através de um convênio com a Universidade de Michigan, levou a banda larga no ano passado através de uma conexão satélite alimentada por painéis solares.
O sonho de um mundo totalmente conectado parece se tornar realidade aos poucos, a cada dia. As novas gerações quase já nascem conectadas à rede. Só o tempo e a sucessão de gerações demonstrarão se a Internet é capaz de reduzir as desigualdades ou se realmente ajuda a combatê-las.
EL PAIS 27/01